quarta-feira, junho 30, 2004
terça-feira, junho 29, 2004
UM BRASIL DE CONTRASTES.
De fé e desesperança. De fartura e fome. De solidariedade e corrupção. De miscigenação e preconceito. De criatividade e analfabetismo. De tantos extremos...
Ontem, lendo a coluna do polêmico Diogo Mainardi (como ele gosta de ser lembrado), fiquei refletindo a respeito da impressão que nosso Brasil causa aos estrangeiros. Segundo Mainardi, que coleciona dados e informações de personalidades que visitaram o Brasil, Einstein em 1.925, julgou-nos tolos e amolecidos pelo clima tropical, resumiu nossa mistura de raças a uma germinação vegetal, " gerados espontaneamente, como plantas, subjugados pelo calor".
Realmente muitos turistas aqui chegam para ver nossa exótica flora amazônica, desfrutar de ensolaradas praias selvagens da região Norte/Nordeste ou assistir a orgia da nossa maior festa popular no Rio, pouco sabem sobre o quinto maior país do mundo com seus 8,5 milhões de km quadrados e seus 170 milhões de habitantes. Uma imagem turística que insistimos em manter e agora ainda mais distorcida pela repercussão da marginalidade.
Eventos como este (UNCTAD), feiras internacionais, entre outros (relacionados a educação, urbanismo, economia, comércio e indústria), podem iniciar uma pequena transformação em nossa imagem no exterior. Pois além do potencial turístico, o Brasil também é um país que trabalha e sobrevive com todo este gigantismo de maneira corajosa e civilizada, apesar de submetido aos obstáculos criados pelos países ricos, que no fundo temem o seu desenvolvimento e sua independência econômica.
GLOBALIZAÇÃO SIM, MAS PRESERVANDO OS INTERESSES DA NAÇÃO.
Ontem, lendo a coluna do polêmico Diogo Mainardi (como ele gosta de ser lembrado), fiquei refletindo a respeito da impressão que nosso Brasil causa aos estrangeiros. Segundo Mainardi, que coleciona dados e informações de personalidades que visitaram o Brasil, Einstein em 1.925, julgou-nos tolos e amolecidos pelo clima tropical, resumiu nossa mistura de raças a uma germinação vegetal, " gerados espontaneamente, como plantas, subjugados pelo calor".
Realmente muitos turistas aqui chegam para ver nossa exótica flora amazônica, desfrutar de ensolaradas praias selvagens da região Norte/Nordeste ou assistir a orgia da nossa maior festa popular no Rio, pouco sabem sobre o quinto maior país do mundo com seus 8,5 milhões de km quadrados e seus 170 milhões de habitantes. Uma imagem turística que insistimos em manter e agora ainda mais distorcida pela repercussão da marginalidade.
Eventos como este (UNCTAD), feiras internacionais, entre outros (relacionados a educação, urbanismo, economia, comércio e indústria), podem iniciar uma pequena transformação em nossa imagem no exterior. Pois além do potencial turístico, o Brasil também é um país que trabalha e sobrevive com todo este gigantismo de maneira corajosa e civilizada, apesar de submetido aos obstáculos criados pelos países ricos, que no fundo temem o seu desenvolvimento e sua independência econômica.
GLOBALIZAÇÃO SIM, MAS PRESERVANDO OS INTERESSES DA NAÇÃO.
UNCTAD - POR MUDANCAS NA ORDEM ECONOMICA MUNDIAL
Em documento final da Unctad, 157 países participantes pedem mudanças na ordem internacional para aumentar o fluxo do comércio, o desenvolvimento dos países mais pobres e a eliminação da pobreza e da fome.
Veja os principais trechos do documento divulgado, ao final da 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad):
Apesar dos esforços nos planos nacional e internacional para promover o comércio, o desenvolvimento continua sendo a questão fundamental na agenda mundial. Persistem os contrastes entre os países ricos e em desenvolvimento que caracterizavam o mundo no início dos anos 60. Na verdade, a disparidade entre esses países tem aumentado em muitos aspectos. A globalização tem criado novas oportunidades, mas suas conseqüências não têm sido as mesmas em diferentes países. Alguns, no entanto, têm conseguido aproveitar os benefícios das negociações comerciais, dos investimentos e da tecnologia e parecem estar saindo vencedores em sua luta para alcançar o desenvolvimento e erradicar a pobreza.
No entanto, a maioria dos países em desenvolvimento, em especial os da África e os mais pobres, têm ficado à margem do processo de globalização. Esses países enfrentam sérios problemas para atingir seu potencial econômico e para incorporar grandes massas de desempregados aos setores produtivos. É preciso concentrar a atenção na capacidade de liberação do comércio e contribuir para o alívio da pobreza. Também é necessário centrar mais atenção nos produtos básicos, em particular na questão na instabilidade dos preços mundiais.
É importante que todos os países, no plano internacional, possam dedicar esforços e aplicar políticas para facilitar os ajustes internos e suprimir os obstáculos, a fim de colocar os países em desenvolvimento em condições de criar uma via firme e sustentável que lhes permita alcançar o desenvolvimento. Podemos afirmar que, 40 anos depois da fundação da Unctad, a relação entre o comércio e o desenvolvimento tem se intensificado bastante dentro do processo de globalização.
Estamos dispostos a lutar para erradicar a pobreza e a fome. Devem ser adotados instrumentos e medidas, nos planos nacional e internacional, em particular nas esferas do comércio e dos financiamentos, mediante novas iniciativas financeiras, para estimular a criação de oportunidades para que os pobres do mundo, homens e mulheres, tenham acesso ao emprego e a uma remuneração estável e adequada. Essa é a via para reforçar e alcançar a estabilidade e o crescimento.
A comunidade internacional deve conceder a máxima atenção à situação dos países pobres. Estamos dispostos a gerar e utilizar melhor os recursos internacionais, o acesso a mercados e a assistência técnica aos países pobres, a fim de lhes permitir estabelecer uma base sólida para seus processos de desenvolvimento.
Consideramos que a melhoria da coerência entre as atividades nacionais e internacionais entre os sistemas monetários, financeiros e comerciais internacionais é fundamental para consolidar a economia mundial. Estamos dispostos a melhorar a coerência entre esses sistemas a fim de aumentar a sua capacidade para responder melhor às necessidades de desenvolvimento. Deveríamos continuar nos esforçando para criar sinergias positivas entre o comércio e as finanças e determinar um modo de vincular essas atividades com o desenvolvimento. Em particular, deve-se prestar atenção no incremento das negociações internacionais para alcançar o desenvolvimento, entre outras coisas, utilizando mecanismos financeiros inovadores, assim como fazer frente ao problema da instabilidade dos mercados de capital internacionais. As medidas para conseguir sustentar a dívida a longo prazo nos países em desenvolvimento também devem ser objeto de uma profunda análise.
Participação de todos
Devemos concentrar nossa atenção nas oportunidades do futuro. Além dos recursos nacionais, o acúmulo de capitais e a disponibilidade de mão-de-obra, há novos fatores — como a informação, a inovação, a criatividade e a diversidade — que constituem forças dinâmicas da economia mundial atual. Estamos dispostos a lutar por um desenvolvimento harmônico, justo e eqüitativo e construir uma sociedade da informação aberta, para a qual será preciso colaboração e a cooperação entre os governos e outros interessados, tal como o setor privado, a sociedade civil e as organizações internacionais.
O processo de desenvolvimento requer o aumento da participação de todas as forças sociais e políticas na criação de consenso para a adoção de políticas nacionais eficazes. Reconhecemos a importância de todos os interessados, como os governos, o setor privado, a sociedade civil e as organizações internacionais, e a contribuição que todos eles possam dar, em cada país, à boa gestão dos assuntos públicos. Além disso, o desenvolvimento é responsabilidade primordial de cada país. Os esforços realizados nos países devem ser facilitados e complementados por um apoio internacional favorável, baseado em regras acordadas e aplicadas multilateralmente.
A integração mais positiva dos países em desenvolvimento e dos países com economias em transição nos fluxos comerciais internacionais e no sistema comercial multilateral depende também da adoção de políticas internas para que se possa chegar a setores que incorporam a inovação e que consigam expandir-se mais dinamicamente. Para alcançar esses resultados, os países devem ter a capacidade de estudar as distintas opções e manter o espaço necessário para as políticas a fim de alcançar o equilíbrio entre os distintos enfoques de suas estratégias nacionais de desenvolvimento.
As decisões que adotamos nesta 11ª Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento constituem uma base sólida e são instrumentos fundamentais em nosso compromisso de ajudar a Unctad a desempenhar seu mandato dentro das Nações Unidas para o tratamento integrado do comércio e do desenvolvimento, até o próximo período de sessões, em 2008.
O que é a UNCTAD?
Criada em 1.964, a Unctad é o principal órgão permanente da ONU para apoiar os países a atingir suas metas de desenvolvimento e a integrar-se ao comércio internacional.
Temas da Reunião
A reunião foi dedicada ao tema das relações entre estratégias nacionais de desenvolvimento e processos econômicos globais, dividos em quatro módulos:
1 - Estratégias de desenvolvimento nacional numa economia globalizada.
2 - Construção de capacidade produtiva e competitiva internacional.
3 - Ganhos de desenvolvimento a partir de negociações comerciais internacionais.
4 - Parcerias para o desenvolvimento.
Brasil
Foi a primeira vez em que o Brasil sediou uma das conferências da UNCTAD, que ocorrem a cada quatro anos.
A reunião celebrou o 40º aniversário da organização. O Brasil foi membro fundador da Unctad.
Veja os principais trechos do documento divulgado, ao final da 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad):
Apesar dos esforços nos planos nacional e internacional para promover o comércio, o desenvolvimento continua sendo a questão fundamental na agenda mundial. Persistem os contrastes entre os países ricos e em desenvolvimento que caracterizavam o mundo no início dos anos 60. Na verdade, a disparidade entre esses países tem aumentado em muitos aspectos. A globalização tem criado novas oportunidades, mas suas conseqüências não têm sido as mesmas em diferentes países. Alguns, no entanto, têm conseguido aproveitar os benefícios das negociações comerciais, dos investimentos e da tecnologia e parecem estar saindo vencedores em sua luta para alcançar o desenvolvimento e erradicar a pobreza.
No entanto, a maioria dos países em desenvolvimento, em especial os da África e os mais pobres, têm ficado à margem do processo de globalização. Esses países enfrentam sérios problemas para atingir seu potencial econômico e para incorporar grandes massas de desempregados aos setores produtivos. É preciso concentrar a atenção na capacidade de liberação do comércio e contribuir para o alívio da pobreza. Também é necessário centrar mais atenção nos produtos básicos, em particular na questão na instabilidade dos preços mundiais.
É importante que todos os países, no plano internacional, possam dedicar esforços e aplicar políticas para facilitar os ajustes internos e suprimir os obstáculos, a fim de colocar os países em desenvolvimento em condições de criar uma via firme e sustentável que lhes permita alcançar o desenvolvimento. Podemos afirmar que, 40 anos depois da fundação da Unctad, a relação entre o comércio e o desenvolvimento tem se intensificado bastante dentro do processo de globalização.
Estamos dispostos a lutar para erradicar a pobreza e a fome. Devem ser adotados instrumentos e medidas, nos planos nacional e internacional, em particular nas esferas do comércio e dos financiamentos, mediante novas iniciativas financeiras, para estimular a criação de oportunidades para que os pobres do mundo, homens e mulheres, tenham acesso ao emprego e a uma remuneração estável e adequada. Essa é a via para reforçar e alcançar a estabilidade e o crescimento.
A comunidade internacional deve conceder a máxima atenção à situação dos países pobres. Estamos dispostos a gerar e utilizar melhor os recursos internacionais, o acesso a mercados e a assistência técnica aos países pobres, a fim de lhes permitir estabelecer uma base sólida para seus processos de desenvolvimento.
Consideramos que a melhoria da coerência entre as atividades nacionais e internacionais entre os sistemas monetários, financeiros e comerciais internacionais é fundamental para consolidar a economia mundial. Estamos dispostos a melhorar a coerência entre esses sistemas a fim de aumentar a sua capacidade para responder melhor às necessidades de desenvolvimento. Deveríamos continuar nos esforçando para criar sinergias positivas entre o comércio e as finanças e determinar um modo de vincular essas atividades com o desenvolvimento. Em particular, deve-se prestar atenção no incremento das negociações internacionais para alcançar o desenvolvimento, entre outras coisas, utilizando mecanismos financeiros inovadores, assim como fazer frente ao problema da instabilidade dos mercados de capital internacionais. As medidas para conseguir sustentar a dívida a longo prazo nos países em desenvolvimento também devem ser objeto de uma profunda análise.
Participação de todos
Devemos concentrar nossa atenção nas oportunidades do futuro. Além dos recursos nacionais, o acúmulo de capitais e a disponibilidade de mão-de-obra, há novos fatores — como a informação, a inovação, a criatividade e a diversidade — que constituem forças dinâmicas da economia mundial atual. Estamos dispostos a lutar por um desenvolvimento harmônico, justo e eqüitativo e construir uma sociedade da informação aberta, para a qual será preciso colaboração e a cooperação entre os governos e outros interessados, tal como o setor privado, a sociedade civil e as organizações internacionais.
O processo de desenvolvimento requer o aumento da participação de todas as forças sociais e políticas na criação de consenso para a adoção de políticas nacionais eficazes. Reconhecemos a importância de todos os interessados, como os governos, o setor privado, a sociedade civil e as organizações internacionais, e a contribuição que todos eles possam dar, em cada país, à boa gestão dos assuntos públicos. Além disso, o desenvolvimento é responsabilidade primordial de cada país. Os esforços realizados nos países devem ser facilitados e complementados por um apoio internacional favorável, baseado em regras acordadas e aplicadas multilateralmente.
A integração mais positiva dos países em desenvolvimento e dos países com economias em transição nos fluxos comerciais internacionais e no sistema comercial multilateral depende também da adoção de políticas internas para que se possa chegar a setores que incorporam a inovação e que consigam expandir-se mais dinamicamente. Para alcançar esses resultados, os países devem ter a capacidade de estudar as distintas opções e manter o espaço necessário para as políticas a fim de alcançar o equilíbrio entre os distintos enfoques de suas estratégias nacionais de desenvolvimento.
As decisões que adotamos nesta 11ª Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento constituem uma base sólida e são instrumentos fundamentais em nosso compromisso de ajudar a Unctad a desempenhar seu mandato dentro das Nações Unidas para o tratamento integrado do comércio e do desenvolvimento, até o próximo período de sessões, em 2008.
O que é a UNCTAD?
Criada em 1.964, a Unctad é o principal órgão permanente da ONU para apoiar os países a atingir suas metas de desenvolvimento e a integrar-se ao comércio internacional.
Temas da Reunião
A reunião foi dedicada ao tema das relações entre estratégias nacionais de desenvolvimento e processos econômicos globais, dividos em quatro módulos:
1 - Estratégias de desenvolvimento nacional numa economia globalizada.
2 - Construção de capacidade produtiva e competitiva internacional.
3 - Ganhos de desenvolvimento a partir de negociações comerciais internacionais.
4 - Parcerias para o desenvolvimento.
Brasil
Foi a primeira vez em que o Brasil sediou uma das conferências da UNCTAD, que ocorrem a cada quatro anos.
A reunião celebrou o 40º aniversário da organização. O Brasil foi membro fundador da Unctad.
segunda-feira, junho 28, 2004
PROGRAMA BOA NOTÍCIA – TV FUTURA 6ª Feira às 22h00 (Reprise Sábado às 20h30)
O ex-jogador de futebol Raí e o jornalista Gilberto Dimenstein apresentam o novo Boa Notícia. O programa aborda iniciativas do terceiro setor que beneficiam a população, destacando a importância da rede formada pela parceria empresa/pessoa física/governo/comunidade. Co-produzido com a Turner e a MV Vídeos e com o apoio da Ancine, o programa aborda um assunto novo a cada semana, sempre com a presença de um convidado.
O ex-jogador de futebol Raí e o jornalista Gilberto Dimenstein apresentam o novo Boa Notícia. O programa aborda iniciativas do terceiro setor que beneficiam a população, destacando a importância da rede formada pela parceria empresa/pessoa física/governo/comunidade. Co-produzido com a Turner e a MV Vídeos e com o apoio da Ancine, o programa aborda um assunto novo a cada semana, sempre com a presença de um convidado.
FUNDAÇÃO GOL DE LETRA
Em dezembro de 1998, Raí e Leonardo deram o pontapé inicial para a realização de um sonho que nasceu da força da amizade. Enquanto jogavam no mesmo time e dividiam as conquistas, ambos vislumbravam a possibilidade de oferecer oportunidades de acesso à educação e à cultura para crianças de baixa renda.
O contato com esportistas que não tiveram essa chance, e passaram por diversas dificuldades para conquistarem o sucesso, reforçou a idéia de investir na formação ampla e usar o esporte como uma das linguagens, inserida no contexto metodológico para o crescimento individual e coletivo.
Colocar esses ideais em prática, porém, exigiu muito mais do que a vontade de apoiar a transformação social. A Fundação procurou pessoas e grupos como o Instituto Ayrton Senna, o Cenpec, a Casa do Teatro, a Fundação Abrinq para absorver novos conhecimentos e criar a metodologia e a linha pedagógica da instituição.
Em paralelo, acontecia a seleção do local onde a primeira unidade seria instalada. O bairro de Tremembé, mais precisamente a Vila Albertina, foi escolhido pela proximidade com a comunidade, o que impulsionaria o contato com os atores sociais da região, formando uma rede de atuação.
O apoio financeiro do BNDES e da Fundação Kellogs alavancaram a reforma e a preparação da infra-estrutura local, um prédio cedido pelo Governo do Estado de São Paulo.
Em agosto de 1999, a Fundação Gol de Letra abriu suas portas com o início do projeto Virando o Jogo. Desde então, crianças com idade entre 7 e 14 anos, integrantes do projeto freqüentam atividades de complementação escolar. Artes plásticas, dança, teatro, leitura e escrita, informática e esportes são as linguagens utilizadas para despertar um novo olhar para o mundo, estimulando o prazer de aprender e de transformar a realidade.
Mas as crianças não são o único foco de atuação da Fundação Gol de Letra. Os adolescentes também são personagens da nossa história. O projeto Cara da Vila foi o trabalho pioneiro com jovens. Reunidos em oficinas de vídeo, hip hop, teatro e fotografia, eles pesquisaram a história do bairro e transformaram as novas descobertas em expressões artísticas de cada linguagem.
O projeto Cara da Vila pode ser considerado o embrião do Programa de Formação de Agentes Comunitários, desenvolvido atualmente pela Fundação e direcionado para jovens e adultos do bairro de Vila Albertina a proposta tem como objetivo formar cidadãos autônomos.
Em setembro de 2001, a Fundação Gol de Letra ampliou sua atuação e desembarcou em Niterói. Na unidade carioca, as crianças participam do Programa Dois Toques. As atividades de complementação escolar são realizadas com o uso de linguagens como a dança, a arte, o esporte, a música.
Um ano depois, a unidade Niterói ampliou a sua atuação com o programa Aprendizes. Direcionado para jovens com idade entre 14 e 15 anos, o projeto tem como objetivo formar formá-los para atuarem como monitores, na instituição e também representando-a em diferentes espaços. Para isso, eles freqüentam atividades de informática, biblioteca, educação física, cidadania e música, complementando a grade do Programa Dois Toques.
Endereço: R. Antônio Simplício 170, Vila Albertina, CEP 02354-290 São Paulo - SP tel.: (11) 6262-2009
O contato com esportistas que não tiveram essa chance, e passaram por diversas dificuldades para conquistarem o sucesso, reforçou a idéia de investir na formação ampla e usar o esporte como uma das linguagens, inserida no contexto metodológico para o crescimento individual e coletivo.
Colocar esses ideais em prática, porém, exigiu muito mais do que a vontade de apoiar a transformação social. A Fundação procurou pessoas e grupos como o Instituto Ayrton Senna, o Cenpec, a Casa do Teatro, a Fundação Abrinq para absorver novos conhecimentos e criar a metodologia e a linha pedagógica da instituição.
Em paralelo, acontecia a seleção do local onde a primeira unidade seria instalada. O bairro de Tremembé, mais precisamente a Vila Albertina, foi escolhido pela proximidade com a comunidade, o que impulsionaria o contato com os atores sociais da região, formando uma rede de atuação.
O apoio financeiro do BNDES e da Fundação Kellogs alavancaram a reforma e a preparação da infra-estrutura local, um prédio cedido pelo Governo do Estado de São Paulo.
Em agosto de 1999, a Fundação Gol de Letra abriu suas portas com o início do projeto Virando o Jogo. Desde então, crianças com idade entre 7 e 14 anos, integrantes do projeto freqüentam atividades de complementação escolar. Artes plásticas, dança, teatro, leitura e escrita, informática e esportes são as linguagens utilizadas para despertar um novo olhar para o mundo, estimulando o prazer de aprender e de transformar a realidade.
Mas as crianças não são o único foco de atuação da Fundação Gol de Letra. Os adolescentes também são personagens da nossa história. O projeto Cara da Vila foi o trabalho pioneiro com jovens. Reunidos em oficinas de vídeo, hip hop, teatro e fotografia, eles pesquisaram a história do bairro e transformaram as novas descobertas em expressões artísticas de cada linguagem.
O projeto Cara da Vila pode ser considerado o embrião do Programa de Formação de Agentes Comunitários, desenvolvido atualmente pela Fundação e direcionado para jovens e adultos do bairro de Vila Albertina a proposta tem como objetivo formar cidadãos autônomos.
Em setembro de 2001, a Fundação Gol de Letra ampliou sua atuação e desembarcou em Niterói. Na unidade carioca, as crianças participam do Programa Dois Toques. As atividades de complementação escolar são realizadas com o uso de linguagens como a dança, a arte, o esporte, a música.
Um ano depois, a unidade Niterói ampliou a sua atuação com o programa Aprendizes. Direcionado para jovens com idade entre 14 e 15 anos, o projeto tem como objetivo formar formá-los para atuarem como monitores, na instituição e também representando-a em diferentes espaços. Para isso, eles freqüentam atividades de informática, biblioteca, educação física, cidadania e música, complementando a grade do Programa Dois Toques.
Endereço: R. Antônio Simplício 170, Vila Albertina, CEP 02354-290 São Paulo - SP tel.: (11) 6262-2009
sexta-feira, junho 25, 2004
PROJETO APRENDIZ
A Cidade Escola Aprendiz é um laboratório de pedagogia comunitária que realiza a experiência do bairro-escola, dedicada ao aprimoramento simultâneo da comunidade e da educação.
O objetivo é integrar escola e comunidade, compondo uma vivência única de aprendizado - praças, ateliês, lojas, livrarias, oficinas, estúdios, becos, cafés transformam-se em salas de aulas informais sintonizadas com os currículos escolares. A Unesco considerou a experiência do bairro-escola um modelo mundial de educação.
Fundada em 1997 pelo jornalista Gilberto Dimenstein, a Cidade Escola Aprendiz, instalada na Vila Madalena, em São Paulo, começou como um site, com uma redação-escola para alunos de escolas públicas e privadas, que se propunha à disseminação de temas relacionados à educação para a cidadania o Site Aprendiz
que existe até hoje, é considerado uma referencia de educação na internet.
Com o passar dos anos, a própria maneira com que as reportagens do site eram feitas, envolvendo jovens e profissionais de diversas áreas na construção do conhecimento, deu origem aos mais de 10 programas que fazem parte da Cidade Escola Aprendiz. Desde o início, fomos orientados pela convicção de que o indivíduo deve ser produtor de conhecimento, de que os currículos escolares deveriam ter significado na vida do estudante e de que, sem a participação da comunidade, a escola não conseguiria se adaptar às demandas da sociedade da informação, que exigem aprendizagem permanente. Também estávamos convencidos de que, sem o envolvimento comunitário, a cidade de São Paulo não conseguiria escapar da deterioração social, simbolizada pelo descontrole da violência. Daí que, para nós, o bairro-escola ajuda a construir uma escola mais eficiente e uma cidade mais acolhedora e humana.
Para desenvolver uma comunidade educativa são experimentados programas de arte, meio-ambiente, esporte, comunicação, tecnologia e geração de renda, numa construção de parcerias que compõem redes de aprendizado. Cada programa é uma experiência a ser disseminada com o poder público federal, estadual e municipal, além de entidades não-governamentais. Em 2002, cerca de 15 mil pessoas, de todas as idades e níveis de renda, participaram dos programas de longa duração, oficinas e eventos realizados.
SITE APRENDIZ - Revista eletrônica produzida por jovens com reportagens sobre educação, cidadania e trabalho, considerada hoje referência por profissionais dá área de educação.
EXPRESSÕES DIGITAIS - Estudantes aprendem Língua Portuguesa por meio da leitura crítica de jornais, revistas e da produção de fanzines.
OLDNET - Jovens ensinam idosos a navegar na Internet, compartilhando com eles suas experiências por meio da informática.
INCUBADORA - Programa que tem como objetivo apoiar a inserção do jovem no mercado de trabalho e criar oportunidades concretas de atuação.
ESCOLA DA RUA - Núcleo que desenvolve atividades em arte-educação, por meio dos seguintes projetos:
• BECO ESCOLA - Grafiteiros ensinam suas técnicas e debatem a melhoria do espaço urbano com jovens aprendizes.
• ESCOLA NA PRAÇA - Atividades de recreação educativa com crianças, realizadas na Praça Aprendiz das Letras, espaço abandonado que foi revitalizado pela Cidade Escola Aprendiz.
• AGENTES DA CIDADE - Atividades culturais e oficinas que conscientizam e capacitam jovens a intervir no espaço urbano por meio da arte e paisagismo.
HISTÓRIAS DE VIDA - Jovens desenvolvem páginas pessoais na Internet, conectando a história de suas vidas a momentos da História do Brasil e do mundo.
CAFÉ.APRENDIZ - Local de encontro para uma boa refeição e cybercafé pedagógico. Os recursos gerados contribuem para a sustentabilidade financeira da Cidade Escola Aprendiz.
APRENDIZ COMGÁS - Estudantes são capacitados para desenvolver projetos sociais com foco em comunicação, meio ambiente e saúde.
Cidade Escola Aprendiz
R Belmiro Braga 146 Vila Madalena
São Paulo, SP aprendiz@uol.com.br Tel: (11) 3813-7719
Café.Aprendiz
Rua Belmiro Braga, 186 - Vila Madalena - SP
cafeaprendiz@uol.com.br Tel: 3819-1035
O objetivo é integrar escola e comunidade, compondo uma vivência única de aprendizado - praças, ateliês, lojas, livrarias, oficinas, estúdios, becos, cafés transformam-se em salas de aulas informais sintonizadas com os currículos escolares. A Unesco considerou a experiência do bairro-escola um modelo mundial de educação.
Fundada em 1997 pelo jornalista Gilberto Dimenstein, a Cidade Escola Aprendiz, instalada na Vila Madalena, em São Paulo, começou como um site, com uma redação-escola para alunos de escolas públicas e privadas, que se propunha à disseminação de temas relacionados à educação para a cidadania o Site Aprendiz
que existe até hoje, é considerado uma referencia de educação na internet.
Com o passar dos anos, a própria maneira com que as reportagens do site eram feitas, envolvendo jovens e profissionais de diversas áreas na construção do conhecimento, deu origem aos mais de 10 programas que fazem parte da Cidade Escola Aprendiz. Desde o início, fomos orientados pela convicção de que o indivíduo deve ser produtor de conhecimento, de que os currículos escolares deveriam ter significado na vida do estudante e de que, sem a participação da comunidade, a escola não conseguiria se adaptar às demandas da sociedade da informação, que exigem aprendizagem permanente. Também estávamos convencidos de que, sem o envolvimento comunitário, a cidade de São Paulo não conseguiria escapar da deterioração social, simbolizada pelo descontrole da violência. Daí que, para nós, o bairro-escola ajuda a construir uma escola mais eficiente e uma cidade mais acolhedora e humana.
Para desenvolver uma comunidade educativa são experimentados programas de arte, meio-ambiente, esporte, comunicação, tecnologia e geração de renda, numa construção de parcerias que compõem redes de aprendizado. Cada programa é uma experiência a ser disseminada com o poder público federal, estadual e municipal, além de entidades não-governamentais. Em 2002, cerca de 15 mil pessoas, de todas as idades e níveis de renda, participaram dos programas de longa duração, oficinas e eventos realizados.
SITE APRENDIZ - Revista eletrônica produzida por jovens com reportagens sobre educação, cidadania e trabalho, considerada hoje referência por profissionais dá área de educação.
EXPRESSÕES DIGITAIS - Estudantes aprendem Língua Portuguesa por meio da leitura crítica de jornais, revistas e da produção de fanzines.
OLDNET - Jovens ensinam idosos a navegar na Internet, compartilhando com eles suas experiências por meio da informática.
INCUBADORA - Programa que tem como objetivo apoiar a inserção do jovem no mercado de trabalho e criar oportunidades concretas de atuação.
ESCOLA DA RUA - Núcleo que desenvolve atividades em arte-educação, por meio dos seguintes projetos:
• BECO ESCOLA - Grafiteiros ensinam suas técnicas e debatem a melhoria do espaço urbano com jovens aprendizes.
• ESCOLA NA PRAÇA - Atividades de recreação educativa com crianças, realizadas na Praça Aprendiz das Letras, espaço abandonado que foi revitalizado pela Cidade Escola Aprendiz.
• AGENTES DA CIDADE - Atividades culturais e oficinas que conscientizam e capacitam jovens a intervir no espaço urbano por meio da arte e paisagismo.
HISTÓRIAS DE VIDA - Jovens desenvolvem páginas pessoais na Internet, conectando a história de suas vidas a momentos da História do Brasil e do mundo.
CAFÉ.APRENDIZ - Local de encontro para uma boa refeição e cybercafé pedagógico. Os recursos gerados contribuem para a sustentabilidade financeira da Cidade Escola Aprendiz.
APRENDIZ COMGÁS - Estudantes são capacitados para desenvolver projetos sociais com foco em comunicação, meio ambiente e saúde.
Cidade Escola Aprendiz
R Belmiro Braga 146 Vila Madalena
São Paulo, SP aprendiz@uol.com.br Tel: (11) 3813-7719
Café.Aprendiz
Rua Belmiro Braga, 186 - Vila Madalena - SP
cafeaprendiz@uol.com.br Tel: 3819-1035
quinta-feira, junho 24, 2004
ZILDA ARNS
Médica pediatra e sanitarista, Dra. Zilda é fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança, organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que foi indicada oficial do Governo Brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz de 2001.
A Pastoral da Criança é uma organização ecumênica, que une fé e vida, no acompanhamento de crianças, famílias e gestantes carentes em todo o Brasil. São mais de 1,6 milhão de crianças e 76 mil gestantes atendidas todos os meses em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, indistintamente de cor, raça, credo religioso ou político. Através do trabalho voluntário de mais de 155 mil pessoas, a Pastoral da Criança leva orientação e atendimento a mais de um milhão de famílias pobres.
A idéia de levar a Igreja a assumir seu papel na luta contra a mortalidade infantil e a pobreza surgiu em 1982, num debate sobre a miséria em Genebra, na Suíça. Durante uma conversa informal, Mr James Grant, então secretário executivo do Unicef, sugeriu ao Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns que a Igreja poderia reverter a situação da mortalidade infantil no Brasil. Em sua volta, Dom Paulo procurou Dra. Zilda, sua irmã, e lhe contou sobre a conversa. Em pouco tempo, nascia a Pastoral da Criança a partir de um projeto feito pela própria Dra. Zilda e apoiado pelo Unicef. Para a primeira experiência, foi escolhido o município de Florestópolis no Paraná, onde o índice de mortalidade chegava a 127 mortes a cada mil crianças nascidas vivas.
Com ótimos resultados neste município, onde a Mortalidade Infantil foi reduzida a 28 por mil após um ano de atividades, Dra. Zilda apresentou a experiência aos bispos do Brasil, reunidos em Assembléia Geral. Com seu apoio, a Pastoral da Criança foi sendo levada pela Igreja, através de sua organização e por sua abrangência, a todos os 27 estados do país.
Hoje, presente em 32.743 comunidades organizadas em bolsões de pobreza e miséria de 3.555 municípios brasileiros, a Pastoral registrou, durante todo o ano 2001, uma taxa de mortalidade infantil inferior a 13 mortes para cada mil nascidos vivos. Só para se ter uma idéia da importância desse índice, a média nacional de mortalidade infantil no país é de 34,6 óbitos por mil nascidos vivos, segundo o Unicef.
A Pastoral da Criança é uma organização ecumênica, que une fé e vida, no acompanhamento de crianças, famílias e gestantes carentes em todo o Brasil. São mais de 1,6 milhão de crianças e 76 mil gestantes atendidas todos os meses em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, indistintamente de cor, raça, credo religioso ou político. Através do trabalho voluntário de mais de 155 mil pessoas, a Pastoral da Criança leva orientação e atendimento a mais de um milhão de famílias pobres.
A idéia de levar a Igreja a assumir seu papel na luta contra a mortalidade infantil e a pobreza surgiu em 1982, num debate sobre a miséria em Genebra, na Suíça. Durante uma conversa informal, Mr James Grant, então secretário executivo do Unicef, sugeriu ao Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns que a Igreja poderia reverter a situação da mortalidade infantil no Brasil. Em sua volta, Dom Paulo procurou Dra. Zilda, sua irmã, e lhe contou sobre a conversa. Em pouco tempo, nascia a Pastoral da Criança a partir de um projeto feito pela própria Dra. Zilda e apoiado pelo Unicef. Para a primeira experiência, foi escolhido o município de Florestópolis no Paraná, onde o índice de mortalidade chegava a 127 mortes a cada mil crianças nascidas vivas.
Com ótimos resultados neste município, onde a Mortalidade Infantil foi reduzida a 28 por mil após um ano de atividades, Dra. Zilda apresentou a experiência aos bispos do Brasil, reunidos em Assembléia Geral. Com seu apoio, a Pastoral da Criança foi sendo levada pela Igreja, através de sua organização e por sua abrangência, a todos os 27 estados do país.
Hoje, presente em 32.743 comunidades organizadas em bolsões de pobreza e miséria de 3.555 municípios brasileiros, a Pastoral registrou, durante todo o ano 2001, uma taxa de mortalidade infantil inferior a 13 mortes para cada mil nascidos vivos. Só para se ter uma idéia da importância desse índice, a média nacional de mortalidade infantil no país é de 34,6 óbitos por mil nascidos vivos, segundo o Unicef.
quarta-feira, junho 23, 2004
A ética da co-responsabilidade
por Viviane Senna
O Brasil, o 15º PIB do mundo, cai para o 65º lugar em termos de desenvolvimento humano. No limiar do novo século,
temos de considerar dois “brasis” possíveis: o país que queremos, economicamente competitivo, socialmente justo, com um estado democrático de direito consolidado; ou o país que tememos, economicamente periférico, socialmente excludente, com instituições debilitadas pela guerra civil não declarada entre a Bélgica e Índia que aqui convivem.
Antes, pensávamos que construir um ou outro Brasil dependia só dos executivos federal, estaduais e municipais. Hoje, sabemos que não: a globalização vem despojando os governos nacionais de muitas funções. Por toda parte, cresce a importância do poder local. Uma nova divisão de responsabilidades também se delineia entre Estado e sociedade. As atribuições do poder público local e o papel das organizações não-governamentais tendem a crescer ao longo do século 21. A marcha para o Brasil que queremos depende do que fizermos hoje.
A transformação produtiva é um imperativo. Falar em políticas redistributivas sem modernizar o sistema produtivo e conectá-lo aos centros dinâmicos da economia mundial é propor distribuição sem crescimento, opção de fôlego curto, cujo preço sempre é pago pelos mais pobres. Há, portanto, que se fazer uma corajosa e lúcida transformação produtiva, dotando nossa economia de fundamentos sólidos o bastante para atrair investimentos produtivos externos e gerar, internamente, condições de cresci-mento que nos permitam quebrar o ciclo de reprodução da pobreza, por meio de investimentos em saúde, educação, saneamento, habitação, emprego e renda.
Nosso dilema é optar por uma transformação produtiva com eqüidade social e partir para a construção do país que queremos ou preservar o esquema de apartação e marchar para o país que tememos. Construir o país possível é uma tarefa econômica, política, social e, acima de tudo, uma tarefa ética. E a ética requerida é a da co-responsabilidade entre poder público, mundo empresarial e Tçrceiro Setor.
Do primeiro, espera-se a ampliação da cobertura e melhoria da qualidade das políticas públicas. Do mundo empresarial, espera-se um papel pró-ativo no enfrentamento das desigualdades sociais, aportando não só recursos financeiros, mas uma contribuição técnico-gerencial ao aumento da produtividade do gasto social, por meio de programas que permitam fazer mais e melhor com menos. Do Terceiro Setor, espera-se sensibilidade, espírito de luta e criatividade para produzir os conhecimentos e experiências necessárias à dinamização do investimento social, afastando-nos do assistencialismo e outras formas de manipulação da pobreza de grande parte do nosso povo.
Neste contexto, parcerias, alianças, organização em rede e outras formas de associativismo entre organizações dos três setores são um indicador do dinamis-mo de uma sociedade que se moderniza e complexifica no cumprimento de uma tarefa que a todos inclui e ultrapassa, que é viabilizar um país competitivo, justo e democrático.
O professor Eliseu Alves, especialista em economia agrícola, ao expor tendências muito duras para os pequenos produtores rurais, disse que em ciências sociais as más previsões são feitas não para serem cumpridas, mas para serem descumpridas, superadas pela competên-cia técnica e vontade política.
O cenário temido é um convite ao exercício da ética da co-responsabilidade, sem a qual a transformação produtiva continuará a ser um jargão sem significado concreto para um povo cuja paciência parece estar chegando ao fim. Contrariar previsões sociais é não aceitar passivamente o destino de exclusão social. Reverter tendências negativas é construir o país que queremos. E, para isso, é preciso o comprometimento de toda a sociedade.
Viviane Senna é presidente do Instituto
Ayrton Senna. E-mail: ias @ ias.org.br
Fonte: c358 Alshop Notícias - Junho • 2004
O Brasil, o 15º PIB do mundo, cai para o 65º lugar em termos de desenvolvimento humano. No limiar do novo século,
temos de considerar dois “brasis” possíveis: o país que queremos, economicamente competitivo, socialmente justo, com um estado democrático de direito consolidado; ou o país que tememos, economicamente periférico, socialmente excludente, com instituições debilitadas pela guerra civil não declarada entre a Bélgica e Índia que aqui convivem.
Antes, pensávamos que construir um ou outro Brasil dependia só dos executivos federal, estaduais e municipais. Hoje, sabemos que não: a globalização vem despojando os governos nacionais de muitas funções. Por toda parte, cresce a importância do poder local. Uma nova divisão de responsabilidades também se delineia entre Estado e sociedade. As atribuições do poder público local e o papel das organizações não-governamentais tendem a crescer ao longo do século 21. A marcha para o Brasil que queremos depende do que fizermos hoje.
A transformação produtiva é um imperativo. Falar em políticas redistributivas sem modernizar o sistema produtivo e conectá-lo aos centros dinâmicos da economia mundial é propor distribuição sem crescimento, opção de fôlego curto, cujo preço sempre é pago pelos mais pobres. Há, portanto, que se fazer uma corajosa e lúcida transformação produtiva, dotando nossa economia de fundamentos sólidos o bastante para atrair investimentos produtivos externos e gerar, internamente, condições de cresci-mento que nos permitam quebrar o ciclo de reprodução da pobreza, por meio de investimentos em saúde, educação, saneamento, habitação, emprego e renda.
Nosso dilema é optar por uma transformação produtiva com eqüidade social e partir para a construção do país que queremos ou preservar o esquema de apartação e marchar para o país que tememos. Construir o país possível é uma tarefa econômica, política, social e, acima de tudo, uma tarefa ética. E a ética requerida é a da co-responsabilidade entre poder público, mundo empresarial e Tçrceiro Setor.
Do primeiro, espera-se a ampliação da cobertura e melhoria da qualidade das políticas públicas. Do mundo empresarial, espera-se um papel pró-ativo no enfrentamento das desigualdades sociais, aportando não só recursos financeiros, mas uma contribuição técnico-gerencial ao aumento da produtividade do gasto social, por meio de programas que permitam fazer mais e melhor com menos. Do Terceiro Setor, espera-se sensibilidade, espírito de luta e criatividade para produzir os conhecimentos e experiências necessárias à dinamização do investimento social, afastando-nos do assistencialismo e outras formas de manipulação da pobreza de grande parte do nosso povo.
Neste contexto, parcerias, alianças, organização em rede e outras formas de associativismo entre organizações dos três setores são um indicador do dinamis-mo de uma sociedade que se moderniza e complexifica no cumprimento de uma tarefa que a todos inclui e ultrapassa, que é viabilizar um país competitivo, justo e democrático.
O professor Eliseu Alves, especialista em economia agrícola, ao expor tendências muito duras para os pequenos produtores rurais, disse que em ciências sociais as más previsões são feitas não para serem cumpridas, mas para serem descumpridas, superadas pela competên-cia técnica e vontade política.
O cenário temido é um convite ao exercício da ética da co-responsabilidade, sem a qual a transformação produtiva continuará a ser um jargão sem significado concreto para um povo cuja paciência parece estar chegando ao fim. Contrariar previsões sociais é não aceitar passivamente o destino de exclusão social. Reverter tendências negativas é construir o país que queremos. E, para isso, é preciso o comprometimento de toda a sociedade.
Viviane Senna é presidente do Instituto
Ayrton Senna. E-mail: ias @ ias.org.br
Fonte: c358 Alshop Notícias - Junho • 2004
Viviane Senna
Área de Atuação: Ação social
Profissão: Psicóloga
Lugar onde trabalha: Instituto Ayrton Senna - São Paulo (SP)
Idade: 47 anos
PROJETO QUE DESENVOLVE
Viviane Senna da Silva Lalli, irmã mais velha de Ayrton Senna, é presidente do instituto que leva o nome do piloto, morto em 1994. O instituto foi criado em 21 de março de 1995, dia do aniversário do piloto, com a intenção de direcionar para projetos sociais o dinheiro arrecadado em contratos de utilização das marcas Senna e Senninha e a imagem de Ayrton Senna.
IMPACTO
O Instituto Ayrton Senna, IAS, dá apoio a 24 projetos sociais que envolvem a educação de 40 000 crianças em dez Estados brasileiros.
PANORAMA DA ÁREA
Mais de 51% das crianças e adolescentes brasileiros, segundo o IBGE, são de famílias com uma renda inferior a 1/2 salário mínimo. Segundo a Fundação Abrinq, uma das entidades brasileiras que mais atuam na questão da criança e adolescente no país, seus 1707 sócios (entre empresas e pessoas físicas) investem atualmente 220 000 reais por mês em seis grandes projetos sociais. Somando os seus três anos de atividade, o IAS tem investido, em média, 222 000 reais por mês na manutenção de programas de apoio a menores carentes.
ORIGINALIDADE DAS SOLUÇÕES
Uma das inovações que o IAS trouxe para a forma de atuação desse tipo de entidade é que ele dá apoio prático e financeiro a programas que já existem. Além disso, o IAS contratou técnicos para analisar os principais problemas da infância e da adolescência no país e idealizar projetos de intervenção ou de desenvolvimento social.
EFICIÊNCIA
Desde que foi criado, o Instituto Ayrton Senna acumulou 9,1 milhões de dólares. Investiu 8 milhões em projetos sociais e no próprio instituto. Dos 8 milhões, 18% são gastos com administração e manutenção da estrutura do Instituto. O restante permanece num fundo de caixa.
MISSÃO
"Eu sei que a imagem do meu irmão é muito forte e fico feliz que ela possa ser usada para trazer retorno social. Eu não dou donativos, faço investimentos sociais. E quero resultados claros, lucro. Só que o lucro que me interessa não é monetário, mas social. Meu lucro é ver que a qualidade de vida vai melhorar para essas crianças. Eu não estou aqui para fazer caridade. O foco não pode ser a instituição mas as questões éticas que envolvem a vida das crianças e o desenvolvimento delas como cidadãos. Está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente que os adultos devem cuidar das crianças. Nós não estamos cuidando. É com isso que temos que nos preocupar. Por isso nossos programas têm metas claras para o futuro. Nós queremos mudar este país." Viviane Senna, viúva, sem filhos.
PERFIL E HISTÓRICO DO SEU TRABALHO
Viviane Senna trabalhou como psicóloga durante 15 anos, antes de assumir o IAS. Evangélica, nunca havia assumido nenhuma função administrativa nas empresas da família. Viúva, Viviane não tem filhos. O projeto do Instituto Ayrton Senna nasceu da vontade do piloto, expressada dois meses antes de sua morte, de fazer algo pelas crianças pobres do país. Depois da morte de Senna, resolvida a pôr em prática as idéias do irmão, Viviane criou em Londres a Ayrton Senna Foundation, em julho de 1994. A fundação foi criada na Inglaterra porque no Brasil demora-se um ano para que uma possa ser aberta e, como os contratos já estavam fechados, Viviane não quis que eles fossem depositados em contas das empresas da família. Segundo ela, a Fundação é apenas uma conta bancária que repassa as verbas para o Instituto Ayrton Senna, o IAS, criado em março de 1995. As marcas Senna e Senninha e a imagem do irmão de Viviane eram de propriedade da empresa Ayrton Senna License. Essa empres foi doada pela família para o Instituto Ayrton Senna. Viviane Senna preside o instituto com o apoio de um conselho administrativo formado por empresários, que também são diretores de fundações. Como todo o primeiro escalão de instituições do gênero, Viviane e os membros do conselho trabalham no instituto de forma voluntária. Ela não recebe salário. "Vivo do dinheiro das empresas da família", diz.
OS CRITÉRIOS DO INSTITUTO PARA O REPASSE DAS VERBAS
O repasse das verbas para projetos sociais segue vários critérios. Especialistas contratados pelo instituto formam comitês técnicos que definem os maiores problemas em várias áreas, estabelecem as estratégias de ação e verificam quem está trabalhando dentro destas linhas. O IAS, que além de dar ajuda financeira também participa do gerenciamento e da idealização de projetos. O instituto não funciona como balcão de projetos. Seus técnicos é que vão atrás dos programas que funcionem dentro da filosofia emancipatória do instituto. O IAS também faz uma análise anual dos projetos que viabiliza e cobra resultados concretos. "É muito difícil decidir o que fazer em um país que precisa de tudo. Nós atendemos a 40 000 crianças, mas existem 40 milhões que precisam de apoio. Não é o Instituto Ayrton Senna que vai resolver isso", diz Viviane. "Precisamos criar uma consciência para que as pessoas exijam e façam valer as políticas públicas. Precisamos educar o soberano, o povo, de maneira ampla. O país tem recursos, só precisa arrumar soluções práticas." Existem duas linhas de ação com as quais o Instituto trabalha e que pesam na seleção dos programas que apoia. Na primeira, a atenção é voltada a projetos que visem sanear problemas pontuais como a desnutrição infantil ou questões de saúde. A segunda é a idealização e o financiamento de idéias direcionadas para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes pobres por meio do incentivo à educação e a atividades culturais e esportivas.
OS PROJETOS DO IAS
O Instituto Ayrton Senna auxilia no gerenciamento e fornece ajuda financeira a 24 projetos, em dez estados brasileiros e no Distrito Federal. Seis deles ainda em fase de implantação. No combate a problemas básicos, em São Paulo e no Paraná, o IAS idealizou e colocou em prática os projetos Nutrir e Nutricentro que, em parceria com o Instituto Abrasso, Credicard, Instituto Mauá, Banestado e Provopar, utilizam alimentos excedentes do Ceagesp das capitais paulista e paranaense para produzir uma sopa que é distribuída a entidades assistenciais. Os dois projetos visam não só combater a desnutrição infantil como também mostrar que existe um grande desperdício de alimentos no país. As previsões são de que até o final deste ano 13 000 crianças sejam beneficiadas com o "Sopão do Senna" em 106 entidades paulistas e que 20 000 refeições sejam servidas por dia no Paraná. No Ceará, o IAS ajuda financeiramente o IPREDE - Instituto de Prevenção à Desnutrição e à Excepcionalidade -, que trabalha no combate à subnutrição aguda e crônica e na recuperação física, motora e mental de crianças de 0 a 6 anos e na educação das famílias. O IAS está estudando meios para tornar o IPREDE auto- sustentável. O IPREDE, localizado em Fortaleza, já atendeu diretamente 70 000 crianças desde que foi inaugurado há dez anos e dá assistência direta e indireta, por meio de apoio às famílias, a 23 000 crianças anualmente. Ainda em São Paulo, o Instituto Ayrton Senna ajuda financeiramente a Casa Vida, que abriga 30 crianças portadoras do vírus da AIDS que foram abandonadas pelas famílias ou ficaram órfãs, e o Projeto de Apoio à Criança com Câncer, que visa humanizar o atendimento hospitalar e ambulatorial das 1200 crianças que passam pelos leitos da Escola Paulista de Medicina (EPM) por mês. Com o apoio aos dois projetos, Viviane pretende que as crianças tenham atendimento médico e hospitalar de qualidade, educação, atividades de lazer e auxílio psicológico. O Instituto também doou ao Setor de Oncologia Pediátrica da EPM um sistema de alta tecnologia que agiliza o processo de exames sangüíneos e ameniza a dor na hora de coleta dos testes Na área de desenvolvimento para a cidadania, o Instituto Ayrton Senna ajudou a desenvolver os programas de Educação e Promoção Social através do Esporte em parceria com universidades. Nesses programas, as dependências e os serviços das universidades públicas são utilizados para que crianças e adolescentes em situação de risco participem de treinamento esportivo diário e recebam assistência pedagógica, psicológica e médico-odontológica, além de alimentação e vale-transporte. As seis universidades que participam são: Universidade de São Paulo, 500 crianças; Universidade de Pernambuco, 1 000 crianças; Universidade Federal do Pará, 400 crianças; Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 400 crianças; Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, 300 crianças; e Universidade Federal de Minas Gerais, 200 crianças. O IAS apóia ainda a EDISCA, de Fortaleza (que foi Prêmio CLAUDIA em 1996), uma escola que recupera a auto-estima de meninas carentes da cidade por meio da dança clássica. Além da dança, as 240 meninas da EDISCA contam com atendimento em educação, alimentação e saúde Três dos programas selecionados pelo Instituto são profissionalizantes: Informática no Externato São João, de Campinas, SP, ensina computação a 80 crianças de rua da cidade, que utilizam um laboratório de informática doado pelo IAS; Informática na Fábrica da Esperança, no Rio de Janeiro, RJ, que prepara anualmente 600 adolescentes para o mercado de trabalho, com cursos, estágios e complementação de ensino; e a oficina de papel reciclado montada pelo Projeto Axé, em Salvador, BA, da qual participam 130 crianças. Em Brasília, o IAS apóia o Projeto do Centro de Atenção Juvenil Especializado, que tenta integrar na sociedade adolescentes infratores internos, dando-lhes mais recursos por meio de oficinas semi-profissionalizantes de tapeçaria, marcenaria e mecânica. O IAS trabalha ainda em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo, que vem pesquisando crianças e adolescentes que vivem nas ruas. Essas pesquisas servirão para a construção de projetos de intervenção social que atendam às demandas dessas crianças e de suas famílias. Além disso, em parceria com outras instituições, o IAS vem levantando informações sobre as iniciativas não-formais de educação e trabalho para adolescentes, com o objetivo de formar um cadastro de experiências significativas que servirá de base para a implementação de outras ações nessa área.
QUALIDADE DO ENSINO, UM PROBLEMA DAS CRIANÇAS BRASILEIRAS
Depois de estudar detalhadamente os problemas das crianças brasileiras, a equipe do Instituto Ayrton Senna decidiu que uma das áreas mais graves era a da educação formal. O Instituto formulou e está implantando um projeto que, com o apoio da Petrobrás e de prefeituras municipais que demonstram interesse pela questão do ensino básico, transforme a escola pública em um centro de ensino mais atraente, por meio da reforma do ambiente físico, da capacitação de professores, do fornecimento de livros para bibliotecas, de laboratórios de ciências e de informática e do estímulo ao envolvimento dos alunos e da comunidade nas questões da escola. "Descobrimos que o problema não é a falta de escola, mas a falta de qualidade, que se revela em repetência e evasão escolar", diz Viviane. "É isso que queremos combater agora." As quinze prefeituras selecionadas se comprometeram a zerar a evasão escolar e a diminuir a repetência. Os resultados do projeto serão avaliados pela Fundação Carlos Chagas, de São Paulo.
PAPEL NO PROJETO
A psicóloga Viviane Senna tem noção de que seu trabalho só foi possível por causa da importância que seu irmão teve para os brasileiros. Ela não se constrange em dizer que preferiu aproveitar essa imagem para questões importantes a resguardá-la do assédio do público. "Eu sei que a imagem de meu irmão é muito forte e fico feliz que ela possa ser usada para trazer retorno social", afirma Viviane. "Eu acho que temos que devolver ao país o carinho que os brasileiros têm com o Ayrton." "A Viviane teve uma decisão muito difícil de usar a imagem do irmão para investimentos sociais", explica Evelyn Iochpe, presidente do GIFE, Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, e membro do conselho do Instituto Ayrton Senna. "Ela se dedica pessoalmente a todos os projetos e participa de longas reuniões que vão decidir as estratégias de ação do instituto. Além disso, o instituto está trazendo visibilidade ao setor social, coisa que que nunca foi considerada neste país." Viviane diz não aceitar, nem acreditar em caridade e não quer que ninguém faça caridade ao comprar um produto que tenha o nome Senna. "Nós garantimos todos os produtos", diz Viviane. "Quem comprar vai nos ajudar, mas na verdade estará comprando um produto de qualidade. Eu não quero que ninguém compre nada só por causa do instituto." Segundo Agop Kayayan, representante do Unicef no Brasil, o papel de Viviane frente ao instituto é importantíssimo. "A Viviane Senna tem uma visão extraordinária. Ela teve um aprendizado fantástico em um tempo muito curto. Ela não sabia nada sobre a área e hoje já conhece muito bem os problemas e suas soluções", afirma ele. "Ela está ajudando de maneira muito séria, não só a área social diretamente, mas também a colocar nos trilhos certos as contribuições que as instituições privadas poder dar a este país. O instituto é um exemplo e uma das demonstrações de que podemos sair do assistencialismo mais tradicional, que não resolve nada, e passar a tratar de assuntos mais relevantes, da defesa da emancipação do povo brasileiro."
Área de Atuação: Ação social
Profissão: Psicóloga
Lugar onde trabalha: Instituto Ayrton Senna - São Paulo (SP)
Idade: 47 anos
PROJETO QUE DESENVOLVE
Viviane Senna da Silva Lalli, irmã mais velha de Ayrton Senna, é presidente do instituto que leva o nome do piloto, morto em 1994. O instituto foi criado em 21 de março de 1995, dia do aniversário do piloto, com a intenção de direcionar para projetos sociais o dinheiro arrecadado em contratos de utilização das marcas Senna e Senninha e a imagem de Ayrton Senna.
IMPACTO
O Instituto Ayrton Senna, IAS, dá apoio a 24 projetos sociais que envolvem a educação de 40 000 crianças em dez Estados brasileiros.
PANORAMA DA ÁREA
Mais de 51% das crianças e adolescentes brasileiros, segundo o IBGE, são de famílias com uma renda inferior a 1/2 salário mínimo. Segundo a Fundação Abrinq, uma das entidades brasileiras que mais atuam na questão da criança e adolescente no país, seus 1707 sócios (entre empresas e pessoas físicas) investem atualmente 220 000 reais por mês em seis grandes projetos sociais. Somando os seus três anos de atividade, o IAS tem investido, em média, 222 000 reais por mês na manutenção de programas de apoio a menores carentes.
ORIGINALIDADE DAS SOLUÇÕES
Uma das inovações que o IAS trouxe para a forma de atuação desse tipo de entidade é que ele dá apoio prático e financeiro a programas que já existem. Além disso, o IAS contratou técnicos para analisar os principais problemas da infância e da adolescência no país e idealizar projetos de intervenção ou de desenvolvimento social.
EFICIÊNCIA
Desde que foi criado, o Instituto Ayrton Senna acumulou 9,1 milhões de dólares. Investiu 8 milhões em projetos sociais e no próprio instituto. Dos 8 milhões, 18% são gastos com administração e manutenção da estrutura do Instituto. O restante permanece num fundo de caixa.
MISSÃO
"Eu sei que a imagem do meu irmão é muito forte e fico feliz que ela possa ser usada para trazer retorno social. Eu não dou donativos, faço investimentos sociais. E quero resultados claros, lucro. Só que o lucro que me interessa não é monetário, mas social. Meu lucro é ver que a qualidade de vida vai melhorar para essas crianças. Eu não estou aqui para fazer caridade. O foco não pode ser a instituição mas as questões éticas que envolvem a vida das crianças e o desenvolvimento delas como cidadãos. Está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente que os adultos devem cuidar das crianças. Nós não estamos cuidando. É com isso que temos que nos preocupar. Por isso nossos programas têm metas claras para o futuro. Nós queremos mudar este país." Viviane Senna, viúva, sem filhos.
PERFIL E HISTÓRICO DO SEU TRABALHO
Viviane Senna trabalhou como psicóloga durante 15 anos, antes de assumir o IAS. Evangélica, nunca havia assumido nenhuma função administrativa nas empresas da família. Viúva, Viviane não tem filhos. O projeto do Instituto Ayrton Senna nasceu da vontade do piloto, expressada dois meses antes de sua morte, de fazer algo pelas crianças pobres do país. Depois da morte de Senna, resolvida a pôr em prática as idéias do irmão, Viviane criou em Londres a Ayrton Senna Foundation, em julho de 1994. A fundação foi criada na Inglaterra porque no Brasil demora-se um ano para que uma possa ser aberta e, como os contratos já estavam fechados, Viviane não quis que eles fossem depositados em contas das empresas da família. Segundo ela, a Fundação é apenas uma conta bancária que repassa as verbas para o Instituto Ayrton Senna, o IAS, criado em março de 1995. As marcas Senna e Senninha e a imagem do irmão de Viviane eram de propriedade da empresa Ayrton Senna License. Essa empres foi doada pela família para o Instituto Ayrton Senna. Viviane Senna preside o instituto com o apoio de um conselho administrativo formado por empresários, que também são diretores de fundações. Como todo o primeiro escalão de instituições do gênero, Viviane e os membros do conselho trabalham no instituto de forma voluntária. Ela não recebe salário. "Vivo do dinheiro das empresas da família", diz.
OS CRITÉRIOS DO INSTITUTO PARA O REPASSE DAS VERBAS
O repasse das verbas para projetos sociais segue vários critérios. Especialistas contratados pelo instituto formam comitês técnicos que definem os maiores problemas em várias áreas, estabelecem as estratégias de ação e verificam quem está trabalhando dentro destas linhas. O IAS, que além de dar ajuda financeira também participa do gerenciamento e da idealização de projetos. O instituto não funciona como balcão de projetos. Seus técnicos é que vão atrás dos programas que funcionem dentro da filosofia emancipatória do instituto. O IAS também faz uma análise anual dos projetos que viabiliza e cobra resultados concretos. "É muito difícil decidir o que fazer em um país que precisa de tudo. Nós atendemos a 40 000 crianças, mas existem 40 milhões que precisam de apoio. Não é o Instituto Ayrton Senna que vai resolver isso", diz Viviane. "Precisamos criar uma consciência para que as pessoas exijam e façam valer as políticas públicas. Precisamos educar o soberano, o povo, de maneira ampla. O país tem recursos, só precisa arrumar soluções práticas." Existem duas linhas de ação com as quais o Instituto trabalha e que pesam na seleção dos programas que apoia. Na primeira, a atenção é voltada a projetos que visem sanear problemas pontuais como a desnutrição infantil ou questões de saúde. A segunda é a idealização e o financiamento de idéias direcionadas para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes pobres por meio do incentivo à educação e a atividades culturais e esportivas.
OS PROJETOS DO IAS
O Instituto Ayrton Senna auxilia no gerenciamento e fornece ajuda financeira a 24 projetos, em dez estados brasileiros e no Distrito Federal. Seis deles ainda em fase de implantação. No combate a problemas básicos, em São Paulo e no Paraná, o IAS idealizou e colocou em prática os projetos Nutrir e Nutricentro que, em parceria com o Instituto Abrasso, Credicard, Instituto Mauá, Banestado e Provopar, utilizam alimentos excedentes do Ceagesp das capitais paulista e paranaense para produzir uma sopa que é distribuída a entidades assistenciais. Os dois projetos visam não só combater a desnutrição infantil como também mostrar que existe um grande desperdício de alimentos no país. As previsões são de que até o final deste ano 13 000 crianças sejam beneficiadas com o "Sopão do Senna" em 106 entidades paulistas e que 20 000 refeições sejam servidas por dia no Paraná. No Ceará, o IAS ajuda financeiramente o IPREDE - Instituto de Prevenção à Desnutrição e à Excepcionalidade -, que trabalha no combate à subnutrição aguda e crônica e na recuperação física, motora e mental de crianças de 0 a 6 anos e na educação das famílias. O IAS está estudando meios para tornar o IPREDE auto- sustentável. O IPREDE, localizado em Fortaleza, já atendeu diretamente 70 000 crianças desde que foi inaugurado há dez anos e dá assistência direta e indireta, por meio de apoio às famílias, a 23 000 crianças anualmente. Ainda em São Paulo, o Instituto Ayrton Senna ajuda financeiramente a Casa Vida, que abriga 30 crianças portadoras do vírus da AIDS que foram abandonadas pelas famílias ou ficaram órfãs, e o Projeto de Apoio à Criança com Câncer, que visa humanizar o atendimento hospitalar e ambulatorial das 1200 crianças que passam pelos leitos da Escola Paulista de Medicina (EPM) por mês. Com o apoio aos dois projetos, Viviane pretende que as crianças tenham atendimento médico e hospitalar de qualidade, educação, atividades de lazer e auxílio psicológico. O Instituto também doou ao Setor de Oncologia Pediátrica da EPM um sistema de alta tecnologia que agiliza o processo de exames sangüíneos e ameniza a dor na hora de coleta dos testes Na área de desenvolvimento para a cidadania, o Instituto Ayrton Senna ajudou a desenvolver os programas de Educação e Promoção Social através do Esporte em parceria com universidades. Nesses programas, as dependências e os serviços das universidades públicas são utilizados para que crianças e adolescentes em situação de risco participem de treinamento esportivo diário e recebam assistência pedagógica, psicológica e médico-odontológica, além de alimentação e vale-transporte. As seis universidades que participam são: Universidade de São Paulo, 500 crianças; Universidade de Pernambuco, 1 000 crianças; Universidade Federal do Pará, 400 crianças; Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 400 crianças; Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, 300 crianças; e Universidade Federal de Minas Gerais, 200 crianças. O IAS apóia ainda a EDISCA, de Fortaleza (que foi Prêmio CLAUDIA em 1996), uma escola que recupera a auto-estima de meninas carentes da cidade por meio da dança clássica. Além da dança, as 240 meninas da EDISCA contam com atendimento em educação, alimentação e saúde Três dos programas selecionados pelo Instituto são profissionalizantes: Informática no Externato São João, de Campinas, SP, ensina computação a 80 crianças de rua da cidade, que utilizam um laboratório de informática doado pelo IAS; Informática na Fábrica da Esperança, no Rio de Janeiro, RJ, que prepara anualmente 600 adolescentes para o mercado de trabalho, com cursos, estágios e complementação de ensino; e a oficina de papel reciclado montada pelo Projeto Axé, em Salvador, BA, da qual participam 130 crianças. Em Brasília, o IAS apóia o Projeto do Centro de Atenção Juvenil Especializado, que tenta integrar na sociedade adolescentes infratores internos, dando-lhes mais recursos por meio de oficinas semi-profissionalizantes de tapeçaria, marcenaria e mecânica. O IAS trabalha ainda em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo, que vem pesquisando crianças e adolescentes que vivem nas ruas. Essas pesquisas servirão para a construção de projetos de intervenção social que atendam às demandas dessas crianças e de suas famílias. Além disso, em parceria com outras instituições, o IAS vem levantando informações sobre as iniciativas não-formais de educação e trabalho para adolescentes, com o objetivo de formar um cadastro de experiências significativas que servirá de base para a implementação de outras ações nessa área.
QUALIDADE DO ENSINO, UM PROBLEMA DAS CRIANÇAS BRASILEIRAS
Depois de estudar detalhadamente os problemas das crianças brasileiras, a equipe do Instituto Ayrton Senna decidiu que uma das áreas mais graves era a da educação formal. O Instituto formulou e está implantando um projeto que, com o apoio da Petrobrás e de prefeituras municipais que demonstram interesse pela questão do ensino básico, transforme a escola pública em um centro de ensino mais atraente, por meio da reforma do ambiente físico, da capacitação de professores, do fornecimento de livros para bibliotecas, de laboratórios de ciências e de informática e do estímulo ao envolvimento dos alunos e da comunidade nas questões da escola. "Descobrimos que o problema não é a falta de escola, mas a falta de qualidade, que se revela em repetência e evasão escolar", diz Viviane. "É isso que queremos combater agora." As quinze prefeituras selecionadas se comprometeram a zerar a evasão escolar e a diminuir a repetência. Os resultados do projeto serão avaliados pela Fundação Carlos Chagas, de São Paulo.
PAPEL NO PROJETO
A psicóloga Viviane Senna tem noção de que seu trabalho só foi possível por causa da importância que seu irmão teve para os brasileiros. Ela não se constrange em dizer que preferiu aproveitar essa imagem para questões importantes a resguardá-la do assédio do público. "Eu sei que a imagem de meu irmão é muito forte e fico feliz que ela possa ser usada para trazer retorno social", afirma Viviane. "Eu acho que temos que devolver ao país o carinho que os brasileiros têm com o Ayrton." "A Viviane teve uma decisão muito difícil de usar a imagem do irmão para investimentos sociais", explica Evelyn Iochpe, presidente do GIFE, Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, e membro do conselho do Instituto Ayrton Senna. "Ela se dedica pessoalmente a todos os projetos e participa de longas reuniões que vão decidir as estratégias de ação do instituto. Além disso, o instituto está trazendo visibilidade ao setor social, coisa que que nunca foi considerada neste país." Viviane diz não aceitar, nem acreditar em caridade e não quer que ninguém faça caridade ao comprar um produto que tenha o nome Senna. "Nós garantimos todos os produtos", diz Viviane. "Quem comprar vai nos ajudar, mas na verdade estará comprando um produto de qualidade. Eu não quero que ninguém compre nada só por causa do instituto." Segundo Agop Kayayan, representante do Unicef no Brasil, o papel de Viviane frente ao instituto é importantíssimo. "A Viviane Senna tem uma visão extraordinária. Ela teve um aprendizado fantástico em um tempo muito curto. Ela não sabia nada sobre a área e hoje já conhece muito bem os problemas e suas soluções", afirma ele. "Ela está ajudando de maneira muito séria, não só a área social diretamente, mas também a colocar nos trilhos certos as contribuições que as instituições privadas poder dar a este país. O instituto é um exemplo e uma das demonstrações de que podemos sair do assistencialismo mais tradicional, que não resolve nada, e passar a tratar de assuntos mais relevantes, da defesa da emancipação do povo brasileiro."
terça-feira, junho 22, 2004
TCU - Será que vai funcionar?
Governo fere Constituição ao bancar esporte, diz TCU
Tribunal produz levantamento inédito sobre política para o setor e conclui que governo erra ao concentrar dinheiro em atletas de ponta e pouco investir na base
O Ministério do Esporte não tem política definida para comandar o setor e fere a Constituição ao direcionar grande parte dos investimentos para atletas e modalidades de alto nível. A conclusão é do Tribunal de Contas da União, que elaborou levantamento sobre as políticas públicas de apoio ao esporte utilizadas no Brasil.
A iniciativa é inédita e surgiu depois que o TCU começou a trabalhar de forma mais intensa no âmbito esportivo. Desde 2002, o tribunal fiscaliza a aplicação dos recursos da Lei Piva, que destina 2% das verbas das loterias federais ao comitê olímpico e ao comitê paraolímpico do país.
O estudo abordou ações referentes ao período entre 2000 e 2003 e toca no ponto que mais gera celeuma na área.
Sai governo, entra governo, o debate sobre o destino das verbas públicas para esportes segue igual: vale mais investir na base -a longo prazo, formando atletas no nascedouro- ou no topo, injetando recursos em atletas de elite que dão retorno imediato?
Para o TCU, a solução para a dúvida está na Constituição. O texto cita o artigo 217 para mostrar que a orientação seguida nos últimos anos está equivocada.
Diz o trecho que é dever do Estado fomentar a prática esportiva e observar "a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para o desporto de alto rendimento".
Não é o que se vê na realidade.
Nas duas gestões de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o Estado passou a aportar mais recursos no esporte via estatais ou por verba orçamentária -e a elite ganhou boa parte do dinheiro.
No governo Luiz Inácio Lula da Silva, que criou um ministério exclusivo para o setor, o patrocínio de estatais a esportes de alto rendimento cresceu ainda mais.
No período analisado pelo TCU, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e o CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) receberam, respectivamente, R$ 95,6 milhões e R$ 19,5 milhões da Lei Piva. Do orçamento de R$ 567 milhões que o ministério teve no mesmo período, apenas 6,4% foram designados, segundo o planejamento da pasta, ao esporte educacional.
No relatório, o TCU pede que o ministério formule "uma política nacional de esporte que, entre outras características, observe a Constituição, segundo a qual os recursos públicos deverão ser destinados prioritariamente ao desporto educacional".
No apanhado de informações sobre as ações públicas voltadas ao esporte, o tribunal concluiu que deslizes como a inadequação dos investimentos à Constituição ocorrem porque o ministério não define prioridades.
Na visão do TCU, falta uma "política nacional de esporte", um norte global para conduzir a atuação da pasta em todos os setores.
O relatório cita como exemplo a participação de empresas estatais no fomento das atividades esportivas. Entre 2000 e 2003, R$ 270 milhões saíram de organizações como Banco do Brasil, Petrobras, Correios, e Caixa Econômica Federal. Cerca de 97,6% desse montante, contudo, foi destinado ao esporte de alto rendimento, "em total inversão da orientação expressa na Constituição", segundo as palavras do relatório.
O TCU diz que, caso o Ministério tivesse um sistema bem definido de como pretende investir os seus recursos, poderia discutir com as estatais formas de fazer o dinheiro chegar também à base.
Agnelo Queiroz, que assumiu a pasta em 2003, avisou que iria priorizar a criação de projetos de inclusão social em sua gestão.
Co-autor da Lei Piva e com forte apoio do COB, contudo, ele precisou atender também às modalidades competitivas.
Para o TCU, não resta dúvida de que o esporte e os atletas de alto rendimento ainda lideram -e com folga- essa queda de braço.
O QUE É, O QUE É?
Órgão foi criado em 1890 para fiscalizar União
O Tribunal de Contas da União, órgão que auxilia o Legislativo, foi criado em 1890 e pode exercer a fiscalização contábil, financeira e patrimonial da União.
Após a criação da Lei Piva, ganhou destaque no mundo esportivo. No ano passado, por exemplo, apurou que o COB bancou com dinheiro público parte do passeio de atletas e dirigentes da ginástica artística na Disney. O comitê paraolímpico também já teve irregularidades apontadas pelo tribunal.
Pan-07 no Rio é novo alvo do tribunal
A mira agora está voltada para o Pan-Americano de 2007.
O Tribunal de Contas da União acredita que o evento será uma das prioridades do Ministério do Esporte durante os próximos anos. E, justamente por isso, pretende escoltar passo a passo o que será feito no Rio.
A pasta de Agnelo Queiroz criou o Rumo ao Pan 2007 para destinar verba ao principal evento esportivo das Américas.
Como o Pan deve mexer com grande volume de dinheiro, o TCU quer fazer um acompanhamento do projeto. A fiscalização deve começar em julho ou agosto.
Entre 2004 e 2007, a pasta informou que deve investir R$ 172,7 milhões no Rumo ao Pan.
Na visão do tribunal, é importante iniciar desde já o acompanhamento, pois o programa vai investir em obras. Serão empregados recursos na construção e em reformas de diversas praças esportivas do Rio.
O TCU crê que, nesses casos, os efeitos estratégicos das verificações são mais eficientes quando as obras estão em andamento do que depois de finalizadas.
Outro programa que será acompanhado a fundo pelo órgão nos próximos anos é o Segundo Tempo, que sucederá o Esporte na Escola, criado em 2001.
É uma iniciativa conjunta do Ministério do Esporte e do Ministério da Educação e tem como objetivo democratizar o acesso à prática esportiva nas escolas.
Novamente, o volume de verba que o projeto deve movimentar fez o tribunal listá-lo como alvo de investigações. Entre 2004 e 2007, o Segundo Tempo deve receber R$ 138,6 milhões.
Ao contrário da Lei Piva, porém, os recursos do Ministério estão sujeitos a eventuais cortes orçamentários. Até maio, por exemplo, o Ministério dos Esporte gastou apenas 0,01% do que estava previsto. Ou seja: o valor que os projetos receberão pode mudar.
Para Orlando Silva Júnior, secretário-executivo da pasta, as fiscalizações do TCU nos programas Rumo ao Pan 2007 e Segundo Tempo são "muito positivas".
Segundo Silva Júnior, o TCU vai receber uma visita de membros do ministério nos próximos dias para apresentar detalhes da política que a pasta vai seguir. (GR)
OUTRO LADO
Ministério cita gestão FHC e quer novo rumo
O Ministério do Esporte diz que o período avaliado pelo TCU engloba aspectos do governo anterior e que a atual gestão assumiu uma pasta "sem uma política delineada".
"Quando entramos, não existia uma política nacional. Nós fizemos uma proposta inicial e agora vamos concluí-la com as idéias surgidas da Conferência Nacional do Esporte", disse Orlando Silva Júnior, secretário-executivo do Ministério.
O evento ao qual ele se refere foi encerrado anteontem e reuniu cerca de 83 mil pessoas para discutir novas formas de investimento na área.
Sobre os recursos destinados ao alto rendimento que ferem a Constituição, Silva Júnior informou que a atual gestão tem como prioridade dar mais força ao esporte educacional.
"Nosso programa Segundo Tempo, dedicado ao esporte escolar, será em breve o que mais vai receber mais verba do ministério", afirmou.
O secretário informou também que a pasta está em negociação com algumas estatais para que, além do investimento em modalidades competitivas, também sejam contemplados programas educacionais e de inclusão social nas ações esportivas das empresas. (GR)
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL/FOLHA 22/06
Tribunal produz levantamento inédito sobre política para o setor e conclui que governo erra ao concentrar dinheiro em atletas de ponta e pouco investir na base
O Ministério do Esporte não tem política definida para comandar o setor e fere a Constituição ao direcionar grande parte dos investimentos para atletas e modalidades de alto nível. A conclusão é do Tribunal de Contas da União, que elaborou levantamento sobre as políticas públicas de apoio ao esporte utilizadas no Brasil.
A iniciativa é inédita e surgiu depois que o TCU começou a trabalhar de forma mais intensa no âmbito esportivo. Desde 2002, o tribunal fiscaliza a aplicação dos recursos da Lei Piva, que destina 2% das verbas das loterias federais ao comitê olímpico e ao comitê paraolímpico do país.
O estudo abordou ações referentes ao período entre 2000 e 2003 e toca no ponto que mais gera celeuma na área.
Sai governo, entra governo, o debate sobre o destino das verbas públicas para esportes segue igual: vale mais investir na base -a longo prazo, formando atletas no nascedouro- ou no topo, injetando recursos em atletas de elite que dão retorno imediato?
Para o TCU, a solução para a dúvida está na Constituição. O texto cita o artigo 217 para mostrar que a orientação seguida nos últimos anos está equivocada.
Diz o trecho que é dever do Estado fomentar a prática esportiva e observar "a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para o desporto de alto rendimento".
Não é o que se vê na realidade.
Nas duas gestões de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o Estado passou a aportar mais recursos no esporte via estatais ou por verba orçamentária -e a elite ganhou boa parte do dinheiro.
No governo Luiz Inácio Lula da Silva, que criou um ministério exclusivo para o setor, o patrocínio de estatais a esportes de alto rendimento cresceu ainda mais.
No período analisado pelo TCU, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e o CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) receberam, respectivamente, R$ 95,6 milhões e R$ 19,5 milhões da Lei Piva. Do orçamento de R$ 567 milhões que o ministério teve no mesmo período, apenas 6,4% foram designados, segundo o planejamento da pasta, ao esporte educacional.
No relatório, o TCU pede que o ministério formule "uma política nacional de esporte que, entre outras características, observe a Constituição, segundo a qual os recursos públicos deverão ser destinados prioritariamente ao desporto educacional".
No apanhado de informações sobre as ações públicas voltadas ao esporte, o tribunal concluiu que deslizes como a inadequação dos investimentos à Constituição ocorrem porque o ministério não define prioridades.
Na visão do TCU, falta uma "política nacional de esporte", um norte global para conduzir a atuação da pasta em todos os setores.
O relatório cita como exemplo a participação de empresas estatais no fomento das atividades esportivas. Entre 2000 e 2003, R$ 270 milhões saíram de organizações como Banco do Brasil, Petrobras, Correios, e Caixa Econômica Federal. Cerca de 97,6% desse montante, contudo, foi destinado ao esporte de alto rendimento, "em total inversão da orientação expressa na Constituição", segundo as palavras do relatório.
O TCU diz que, caso o Ministério tivesse um sistema bem definido de como pretende investir os seus recursos, poderia discutir com as estatais formas de fazer o dinheiro chegar também à base.
Agnelo Queiroz, que assumiu a pasta em 2003, avisou que iria priorizar a criação de projetos de inclusão social em sua gestão.
Co-autor da Lei Piva e com forte apoio do COB, contudo, ele precisou atender também às modalidades competitivas.
Para o TCU, não resta dúvida de que o esporte e os atletas de alto rendimento ainda lideram -e com folga- essa queda de braço.
O QUE É, O QUE É?
Órgão foi criado em 1890 para fiscalizar União
O Tribunal de Contas da União, órgão que auxilia o Legislativo, foi criado em 1890 e pode exercer a fiscalização contábil, financeira e patrimonial da União.
Após a criação da Lei Piva, ganhou destaque no mundo esportivo. No ano passado, por exemplo, apurou que o COB bancou com dinheiro público parte do passeio de atletas e dirigentes da ginástica artística na Disney. O comitê paraolímpico também já teve irregularidades apontadas pelo tribunal.
Pan-07 no Rio é novo alvo do tribunal
A mira agora está voltada para o Pan-Americano de 2007.
O Tribunal de Contas da União acredita que o evento será uma das prioridades do Ministério do Esporte durante os próximos anos. E, justamente por isso, pretende escoltar passo a passo o que será feito no Rio.
A pasta de Agnelo Queiroz criou o Rumo ao Pan 2007 para destinar verba ao principal evento esportivo das Américas.
Como o Pan deve mexer com grande volume de dinheiro, o TCU quer fazer um acompanhamento do projeto. A fiscalização deve começar em julho ou agosto.
Entre 2004 e 2007, a pasta informou que deve investir R$ 172,7 milhões no Rumo ao Pan.
Na visão do tribunal, é importante iniciar desde já o acompanhamento, pois o programa vai investir em obras. Serão empregados recursos na construção e em reformas de diversas praças esportivas do Rio.
O TCU crê que, nesses casos, os efeitos estratégicos das verificações são mais eficientes quando as obras estão em andamento do que depois de finalizadas.
Outro programa que será acompanhado a fundo pelo órgão nos próximos anos é o Segundo Tempo, que sucederá o Esporte na Escola, criado em 2001.
É uma iniciativa conjunta do Ministério do Esporte e do Ministério da Educação e tem como objetivo democratizar o acesso à prática esportiva nas escolas.
Novamente, o volume de verba que o projeto deve movimentar fez o tribunal listá-lo como alvo de investigações. Entre 2004 e 2007, o Segundo Tempo deve receber R$ 138,6 milhões.
Ao contrário da Lei Piva, porém, os recursos do Ministério estão sujeitos a eventuais cortes orçamentários. Até maio, por exemplo, o Ministério dos Esporte gastou apenas 0,01% do que estava previsto. Ou seja: o valor que os projetos receberão pode mudar.
Para Orlando Silva Júnior, secretário-executivo da pasta, as fiscalizações do TCU nos programas Rumo ao Pan 2007 e Segundo Tempo são "muito positivas".
Segundo Silva Júnior, o TCU vai receber uma visita de membros do ministério nos próximos dias para apresentar detalhes da política que a pasta vai seguir. (GR)
OUTRO LADO
Ministério cita gestão FHC e quer novo rumo
O Ministério do Esporte diz que o período avaliado pelo TCU engloba aspectos do governo anterior e que a atual gestão assumiu uma pasta "sem uma política delineada".
"Quando entramos, não existia uma política nacional. Nós fizemos uma proposta inicial e agora vamos concluí-la com as idéias surgidas da Conferência Nacional do Esporte", disse Orlando Silva Júnior, secretário-executivo do Ministério.
O evento ao qual ele se refere foi encerrado anteontem e reuniu cerca de 83 mil pessoas para discutir novas formas de investimento na área.
Sobre os recursos destinados ao alto rendimento que ferem a Constituição, Silva Júnior informou que a atual gestão tem como prioridade dar mais força ao esporte educacional.
"Nosso programa Segundo Tempo, dedicado ao esporte escolar, será em breve o que mais vai receber mais verba do ministério", afirmou.
O secretário informou também que a pasta está em negociação com algumas estatais para que, além do investimento em modalidades competitivas, também sejam contemplados programas educacionais e de inclusão social nas ações esportivas das empresas. (GR)
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL/FOLHA 22/06
CRIATIVIDADE E VONTADE DE AJUDAR MOVEM AS AÇÕES DAS EMPRESAS DE POUCO CAPITAL.
A grandeza está no espírito: Atitudes de pequenas e médias empresas
Palestrantes
_Andrea Aun : Integration
_Carlos Alberto Amaro : Beijinho Doce
_Lilian Vacaro : RL Sistemas de Higiene
_Luiz Amorim dos Santos : Açougue Cultural T-Bone
_Ricardo Garrido : Bar Pirajá
Moderador _Arnaldo Comin : Meio & Mensagem
O sétimo painel do Com:Atitude foi aberto por Andrea Aun, Sócia-diretora do Núcleo de Mercado de Consultoria da Integration, empresa que tem como eixo norteador de suas atividades a missão de realizar mudanças e deixar uma herança positiva à sociedade. Para isso, a Integration conta com uma política de responsabilidade social voltada, principalmente, para os colaboradores e para instituições sociais que precisam de seus serviços. Junto ao público interno, a empresa busca um constante processo de educação e capacitação no sentido de enraizar em todos sentimentos de ética e coerência, fazendo com que a responsabilidade individual seja o primeiro passo para o atingimento da missão da Integration. Esta iniciativa viabiliza que a empresa ofereça seus serviços a instituições sociais como a Endeavor, uma ONG que apóia o empreendedorismo no Brasil. Andrea explica que a parceria é mais do que adequada, pois faz parte da razão de ser da consultoria, ajudando a formar empresas de sucesso no país.
Ricardo Garrido, Sócio-diretor da Companhia Tradicional de Comércio, apresentou a atuação na área cultural de seus três bares - Original, Pirajá e Astor - e das Pizzarias Bráz. Segundo ele, ao entrar neste mercado extremamente competitivo, logo observou que seria necessário ter um diferencial que fosse focado no relacionamento com os clientes, buscando fidelizar seu público e, por conseqüência, perenizar seu negócio. Aos poucos, foi percebendo que dentro de cada espaço havia nichos temáticos passíveis de serem trabalhados com o interesse dos diferentes públicos. No Pirajá, bar que tem relação com a cultura boêmia, o foco ficou em ações que valorizassem e rememorassem bares antigos, personagens e receitas características, como eventos de samba com músicos cariocas. Nas Pizzarias Bráz, o trabalho é todo voltado para a história e cultura da pizza, com ações de cunho gastronômico e cultural, como o apoio à publicação do livro “Bráz Pizza Paulistana”, que trata da colonização italiana em São Paulo. No Astor, a tradição boêmia das década de 50 e 60 justifica o apoio a jovens cantoras paulistanas e peças de teatro. Para Ricardo, uma das premissas para a atuação na área cultural é estabelecer parcerias com outras empresas, como as de sua rede de fornecedores, para potencializar as ações e possibilitar maior retorno às marcas.
Lilian Vacaro, responsável pela área de Responsabilidade Social da RL Sistemas de Higiene e Limpeza, apresentou seu planejamento estratégico para atuação na área social – intitulado de Força de Atração –, que culmina em parcerias com instituições de renome como Instituto Ethos, Instituto Akatu, Fundação Abrinq, APAE, Fundação Gol de Letra e Reciclare. Apesar do pequeno porte da empresa, seu planejamento é calcado no tripé ação-indicadores-divulgação de resultados. A ação acontece por meio de recursos internos da empresa tais como serviços e recursos humanos. A maior parte da comunicação se dá através do boca-a-boca e das matérias geradas pelos próprios institutos. Não há verba própria para comunicação do patrocínio, mas as ferramentas utilizadas pela empresa como jornal interno, site e informativos são aproveitadas e colaboram para reforçar a atitude na comunicação institucional e mercadológica. Os resultados obtidos são satisfação pessoal, reconhecimento público e sensibilização do público interno. Segundo Lilian, o retorno financeiro também existe, mas não é imediato.
O Diretor-proprietário do Açougue Cultural T-Bone, Luiz Amorim dos Santos, surpreendeu a platéia ao descrever as ações de seu açougue em Brasília. Indo contra o estereótipo do açougueiro e atuando em plena coerência com seus valores e objetivos, Luiz começou uma biblioteca com 10 títulos, disponíveis para a comunidade, que hoje já conta com 6 mil. Patrocinou um livro sobre as comunidades locais, 2 CDs, e vem, desde 1998, realizando as Noites Culturais, eventos que chegam a reunir 8 mil pessoas. Com o objetivo de atuar de dentro para fora e, acima de tudo, mudar a realidade, os funcionários obrigatoriamente estudam e lêem. Com isso, a média escolar dos envolvidos subiu de 6 para 11 anos. Luiz Amorim considera que as atitudes do Açougue Cultural T-Bone tiveram um papel decisivo no crescimento do negócio.
Carlos Alberto Amaro, Sócio-diretor da Doceira Beijinho Doce, apresentou o planejamento de atuação da empresa pautado em valores como ética nas ações organizacionais, valorização e respeito do ser humano e do meio-ambiente, transparência nos relacionamentos, incentivo à cultura e responsabilidade social. Seguindo estes valores e a idéia de que a atitude vem antes da comunicação, as ações da Beijinho Doce buscam atuar de forma que a concretude, e não a abrangência das ações realizadas, fortaleça a marca da empresa, gerando um efeito transformador e multiplicador na sociedade. Assim, oferecem cursos profissionalizantes de confeitaria à comunidade e apóiam eventos culturais e universitários. Para Carlos, é possível a uma pequena empresa investir em ações socialmente responsáveis, ainda que tenha poucas condições para apoio financeiro, por meio de produtos e serviços.
Palestrantes
_Andrea Aun : Integration
_Carlos Alberto Amaro : Beijinho Doce
_Lilian Vacaro : RL Sistemas de Higiene
_Luiz Amorim dos Santos : Açougue Cultural T-Bone
_Ricardo Garrido : Bar Pirajá
Moderador _Arnaldo Comin : Meio & Mensagem
O sétimo painel do Com:Atitude foi aberto por Andrea Aun, Sócia-diretora do Núcleo de Mercado de Consultoria da Integration, empresa que tem como eixo norteador de suas atividades a missão de realizar mudanças e deixar uma herança positiva à sociedade. Para isso, a Integration conta com uma política de responsabilidade social voltada, principalmente, para os colaboradores e para instituições sociais que precisam de seus serviços. Junto ao público interno, a empresa busca um constante processo de educação e capacitação no sentido de enraizar em todos sentimentos de ética e coerência, fazendo com que a responsabilidade individual seja o primeiro passo para o atingimento da missão da Integration. Esta iniciativa viabiliza que a empresa ofereça seus serviços a instituições sociais como a Endeavor, uma ONG que apóia o empreendedorismo no Brasil. Andrea explica que a parceria é mais do que adequada, pois faz parte da razão de ser da consultoria, ajudando a formar empresas de sucesso no país.
Ricardo Garrido, Sócio-diretor da Companhia Tradicional de Comércio, apresentou a atuação na área cultural de seus três bares - Original, Pirajá e Astor - e das Pizzarias Bráz. Segundo ele, ao entrar neste mercado extremamente competitivo, logo observou que seria necessário ter um diferencial que fosse focado no relacionamento com os clientes, buscando fidelizar seu público e, por conseqüência, perenizar seu negócio. Aos poucos, foi percebendo que dentro de cada espaço havia nichos temáticos passíveis de serem trabalhados com o interesse dos diferentes públicos. No Pirajá, bar que tem relação com a cultura boêmia, o foco ficou em ações que valorizassem e rememorassem bares antigos, personagens e receitas características, como eventos de samba com músicos cariocas. Nas Pizzarias Bráz, o trabalho é todo voltado para a história e cultura da pizza, com ações de cunho gastronômico e cultural, como o apoio à publicação do livro “Bráz Pizza Paulistana”, que trata da colonização italiana em São Paulo. No Astor, a tradição boêmia das década de 50 e 60 justifica o apoio a jovens cantoras paulistanas e peças de teatro. Para Ricardo, uma das premissas para a atuação na área cultural é estabelecer parcerias com outras empresas, como as de sua rede de fornecedores, para potencializar as ações e possibilitar maior retorno às marcas.
Lilian Vacaro, responsável pela área de Responsabilidade Social da RL Sistemas de Higiene e Limpeza, apresentou seu planejamento estratégico para atuação na área social – intitulado de Força de Atração –, que culmina em parcerias com instituições de renome como Instituto Ethos, Instituto Akatu, Fundação Abrinq, APAE, Fundação Gol de Letra e Reciclare. Apesar do pequeno porte da empresa, seu planejamento é calcado no tripé ação-indicadores-divulgação de resultados. A ação acontece por meio de recursos internos da empresa tais como serviços e recursos humanos. A maior parte da comunicação se dá através do boca-a-boca e das matérias geradas pelos próprios institutos. Não há verba própria para comunicação do patrocínio, mas as ferramentas utilizadas pela empresa como jornal interno, site e informativos são aproveitadas e colaboram para reforçar a atitude na comunicação institucional e mercadológica. Os resultados obtidos são satisfação pessoal, reconhecimento público e sensibilização do público interno. Segundo Lilian, o retorno financeiro também existe, mas não é imediato.
O Diretor-proprietário do Açougue Cultural T-Bone, Luiz Amorim dos Santos, surpreendeu a platéia ao descrever as ações de seu açougue em Brasília. Indo contra o estereótipo do açougueiro e atuando em plena coerência com seus valores e objetivos, Luiz começou uma biblioteca com 10 títulos, disponíveis para a comunidade, que hoje já conta com 6 mil. Patrocinou um livro sobre as comunidades locais, 2 CDs, e vem, desde 1998, realizando as Noites Culturais, eventos que chegam a reunir 8 mil pessoas. Com o objetivo de atuar de dentro para fora e, acima de tudo, mudar a realidade, os funcionários obrigatoriamente estudam e lêem. Com isso, a média escolar dos envolvidos subiu de 6 para 11 anos. Luiz Amorim considera que as atitudes do Açougue Cultural T-Bone tiveram um papel decisivo no crescimento do negócio.
Carlos Alberto Amaro, Sócio-diretor da Doceira Beijinho Doce, apresentou o planejamento de atuação da empresa pautado em valores como ética nas ações organizacionais, valorização e respeito do ser humano e do meio-ambiente, transparência nos relacionamentos, incentivo à cultura e responsabilidade social. Seguindo estes valores e a idéia de que a atitude vem antes da comunicação, as ações da Beijinho Doce buscam atuar de forma que a concretude, e não a abrangência das ações realizadas, fortaleça a marca da empresa, gerando um efeito transformador e multiplicador na sociedade. Assim, oferecem cursos profissionalizantes de confeitaria à comunidade e apóiam eventos culturais e universitários. Para Carlos, é possível a uma pequena empresa investir em ações socialmente responsáveis, ainda que tenha poucas condições para apoio financeiro, por meio de produtos e serviços.
segunda-feira, junho 21, 2004
Dia Mundial do Profissional de Marketing - (Dia Nac. é 08 de Maio)
Peter Drucker, considerado o "Pai da Administração Moderna", dá a dica de como acumular tanto conhecimento.
"Estabeleça como meta conhecer profundamente um assunto a cada dois anos, pesquise, leia e participe. Se chegar a minha idade, vai ter bastante assunto para discutir."
Aos 90 anos, a celebridade do marketing, já escreveu mais de 30 livros e continua lecionando em Universidades dos Estados Unidos. Sua mais recente publicação é "Challenges for the 21st Century”".
"Estabeleça como meta conhecer profundamente um assunto a cada dois anos, pesquise, leia e participe. Se chegar a minha idade, vai ter bastante assunto para discutir."
Aos 90 anos, a celebridade do marketing, já escreveu mais de 30 livros e continua lecionando em Universidades dos Estados Unidos. Sua mais recente publicação é "Challenges for the 21st Century”".
Faça o que eu faço – O impacto interno das atitudes da empresa
Palestrantes
_Flávia Moraes – Philips
_Paulo Castro – Instituto C&A
_Paulo Itacarambi – Instituto Ethos
_Simone de Carvalho Soares - Suzano
Moderador _Alexandre Machado – Machado & Roth
Flávia Moraes, Gerente Geral de Responsabilidade Social da Philips, abriu a discussão sobre a sintonia entre a atuação interna e externa das empresas destacando que este ponto é a síntese da estratégia da Philips. Segundo ela, não há imagem externa sem percepção interna. Para isso, existem questões preementes que precisam estar claras para todos os envolvidos no processo. A primeira diz respeito à identidade da empresa. Para introduzir patrocínios e investimentos sociais privados na cultura empresarial é preciso ter profundo conhecimento de suas vocações e intenções, saber quais são seus diferenciais, como costuma agir em relação a todos os seus públicos, quem são exatamente estes públicos, quais são seus valores e compromissos, e de que forma estes últimos são, de fato, cumpridos. A partir daí, é necessário pensar como, então, se mobiliza o público interno nas ações. Para isso, é fundamental que haja uma comunicação esclarecedora sobre o porquê do patrocínio. A sinergia deve vir do entendimento que o colaborador tem sobre o caminho escolhido pela empresa e da liderança que determinados grupos têm, e esta liderança deve ser pautada pela transparência no relacionamento. Por fim, Flávia argumentou que para o pleno desenvolvimento desta cultura interna é recomendavel que haja participação direta dos setores da própria organização nos processos. Quando as atitudes da empresa são transferidas para um instituto ou fundação coligada, corre-se o risco das ações não terem assimilação interna.
O Diretor Presidente do Instituto C&A, Paulo Castro, por sua vez, posiciona o instituto como sendo uma forma de articulação e mobilização com instituições do terceiro setor, que potencializa a solução das questões sociais. Para ele, o objetivo do investimento social está na transformação social, e não na relação negocial. A percepção é que a marca deve estar a serviço da causa, e não o contrário. Se o foco é o relacionamento com a comunidade, então deve-se partir da demanda desta própria e atuar segundo aspectos inerentes ao investimento, passando pelo planejamento, monitoramento, integração, articulação e retorno de médio e longo prazo. Com um investimento em 2004 de R$ 9 milhões, o Instituto C&A define o programa de voluntariado como uma das linhas de ação estratégicas para a empresa, cujo objetivo é oferecer aos funcionários uma formação que lhes permita compreender seu papel de cidadão. Assim, 17% do quadro de pessoal da empresa é envolvido, totalizando 2.200 voluntários. O impacto interno é que amplia a capacidade de análise e percepção crítica, é uma escola de liderança, desenvolve a capacidade de comunicação e articulação, é um elemento de motivação pessoal e fortalece a dimensão do trabalho em equipe. O impacto externo é que agrega valor à imagem corporativa e atrai novos talentos.
Para a Gerente de Identidade Corporativa da Suzano, Simone de Carvalho Soares, o grande diferencial da Suzano é que a causa social faz parte do DNA da empresa, que segue o lema de que o bem sucedido e gerador de riqueza deve saber compartilhá-la. A Suzano passou pelos diferentes estágios em relação à área social, atuando segundo a ótica do mecenato, do assistencialismo e, finalmente, da responsabilidade social. Atualmente, uma de suas maiores preocupações é refletir sobre como a empresa atua nas relações com os colaboradores e com as comunidades próximas. Esta tradição de empresa cidadã, no entanto, não seria possível se a Suzano não contasse com colaboradores comprometidos com a causa social. Considerando as questões ambientais como inerentes ao seu negócio, Simone explicou que a empresa interage no sentido do diálogo e da análise de posições e processos sobre seu impacto, principalmente a médio-longo prazo. A mensuração de resultados é feita, principalmente, a partir de pesquisas que indiquem o clima organizacional e que demonstrem os resultados da evolução social nas causas envolvidas.
Paulo Itacarambi, Diretor Executivo do Instituto Ethos – que reúne 800 empresas comprometidas com a sociedade -, tratou da disposição para a transformação social. Para ele, não basta investir e ter uma boa relação com a comunidade, é preciso fazer mais do que isso. O conceito de responsabilidade social para o Instituto é que a empresa deve gerenciar seu negócio provocando impactos positivos e eliminando o que há de negativo. Com base nisso, não podemos mais conviver com uma empresa que ajuda no desenvolvimento ambiental com ações de educação, porém não olha para o seu próprio processo produtivo, que são os principais causadores dos problemas no ecossistema. Assim, Paulo concentrou o eixo da discussão na coerência pois, para ele, é a partir daí que a empresa irá, de fato, contribuir com a sociedade, e que seus funcionários estarão, automaticamente, participando. No entanto, não é possível mudar tudo de uma vez só. Deve-se explicitar publicamente seu compromisso, para que todos os públicos envolvidos possam cobrar e acompanhar as mudanças.
Palestrantes
_Flávia Moraes – Philips
_Paulo Castro – Instituto C&A
_Paulo Itacarambi – Instituto Ethos
_Simone de Carvalho Soares - Suzano
Moderador _Alexandre Machado – Machado & Roth
Flávia Moraes, Gerente Geral de Responsabilidade Social da Philips, abriu a discussão sobre a sintonia entre a atuação interna e externa das empresas destacando que este ponto é a síntese da estratégia da Philips. Segundo ela, não há imagem externa sem percepção interna. Para isso, existem questões preementes que precisam estar claras para todos os envolvidos no processo. A primeira diz respeito à identidade da empresa. Para introduzir patrocínios e investimentos sociais privados na cultura empresarial é preciso ter profundo conhecimento de suas vocações e intenções, saber quais são seus diferenciais, como costuma agir em relação a todos os seus públicos, quem são exatamente estes públicos, quais são seus valores e compromissos, e de que forma estes últimos são, de fato, cumpridos. A partir daí, é necessário pensar como, então, se mobiliza o público interno nas ações. Para isso, é fundamental que haja uma comunicação esclarecedora sobre o porquê do patrocínio. A sinergia deve vir do entendimento que o colaborador tem sobre o caminho escolhido pela empresa e da liderança que determinados grupos têm, e esta liderança deve ser pautada pela transparência no relacionamento. Por fim, Flávia argumentou que para o pleno desenvolvimento desta cultura interna é recomendavel que haja participação direta dos setores da própria organização nos processos. Quando as atitudes da empresa são transferidas para um instituto ou fundação coligada, corre-se o risco das ações não terem assimilação interna.
O Diretor Presidente do Instituto C&A, Paulo Castro, por sua vez, posiciona o instituto como sendo uma forma de articulação e mobilização com instituições do terceiro setor, que potencializa a solução das questões sociais. Para ele, o objetivo do investimento social está na transformação social, e não na relação negocial. A percepção é que a marca deve estar a serviço da causa, e não o contrário. Se o foco é o relacionamento com a comunidade, então deve-se partir da demanda desta própria e atuar segundo aspectos inerentes ao investimento, passando pelo planejamento, monitoramento, integração, articulação e retorno de médio e longo prazo. Com um investimento em 2004 de R$ 9 milhões, o Instituto C&A define o programa de voluntariado como uma das linhas de ação estratégicas para a empresa, cujo objetivo é oferecer aos funcionários uma formação que lhes permita compreender seu papel de cidadão. Assim, 17% do quadro de pessoal da empresa é envolvido, totalizando 2.200 voluntários. O impacto interno é que amplia a capacidade de análise e percepção crítica, é uma escola de liderança, desenvolve a capacidade de comunicação e articulação, é um elemento de motivação pessoal e fortalece a dimensão do trabalho em equipe. O impacto externo é que agrega valor à imagem corporativa e atrai novos talentos.
Para a Gerente de Identidade Corporativa da Suzano, Simone de Carvalho Soares, o grande diferencial da Suzano é que a causa social faz parte do DNA da empresa, que segue o lema de que o bem sucedido e gerador de riqueza deve saber compartilhá-la. A Suzano passou pelos diferentes estágios em relação à área social, atuando segundo a ótica do mecenato, do assistencialismo e, finalmente, da responsabilidade social. Atualmente, uma de suas maiores preocupações é refletir sobre como a empresa atua nas relações com os colaboradores e com as comunidades próximas. Esta tradição de empresa cidadã, no entanto, não seria possível se a Suzano não contasse com colaboradores comprometidos com a causa social. Considerando as questões ambientais como inerentes ao seu negócio, Simone explicou que a empresa interage no sentido do diálogo e da análise de posições e processos sobre seu impacto, principalmente a médio-longo prazo. A mensuração de resultados é feita, principalmente, a partir de pesquisas que indiquem o clima organizacional e que demonstrem os resultados da evolução social nas causas envolvidas.
Paulo Itacarambi, Diretor Executivo do Instituto Ethos – que reúne 800 empresas comprometidas com a sociedade -, tratou da disposição para a transformação social. Para ele, não basta investir e ter uma boa relação com a comunidade, é preciso fazer mais do que isso. O conceito de responsabilidade social para o Instituto é que a empresa deve gerenciar seu negócio provocando impactos positivos e eliminando o que há de negativo. Com base nisso, não podemos mais conviver com uma empresa que ajuda no desenvolvimento ambiental com ações de educação, porém não olha para o seu próprio processo produtivo, que são os principais causadores dos problemas no ecossistema. Assim, Paulo concentrou o eixo da discussão na coerência pois, para ele, é a partir daí que a empresa irá, de fato, contribuir com a sociedade, e que seus funcionários estarão, automaticamente, participando. No entanto, não é possível mudar tudo de uma vez só. Deve-se explicitar publicamente seu compromisso, para que todos os públicos envolvidos possam cobrar e acompanhar as mudanças.
sexta-feira, junho 18, 2004
A Vida é feita de detalhes...
é um curto espaço de tempo a nós concedido, nesta eternidade do universo.
Cada minuto é precioso. As vezes desperdiçado na rotina do dia-a-dia, nos dias de depressão, nas mágoas desnecessárias, nos desejos não realizados...,
mais só percebemos, quando descobrimos que amanhã poderemos não ver mais o azul do céu,nem sentir a brisa do mar, nem o doce da manga, nem teu cheiro...
Só nos resta uma certeza . A morte é definitiva e cruel.
É preciso saber viver.
quarta-feira, junho 09, 2004
EM TODOS OS MOMENTOS...
é preciso acreditar,
pois a vitória vem da superação
e toda a vida é uma batalha,
que as vezes temos que vencer sozinhos.
Homenagem a uma amiga
que vem lutando pela vida.
pois a vitória vem da superação
e toda a vida é uma batalha,
que as vezes temos que vencer sozinhos.
Homenagem a uma amiga
que vem lutando pela vida.
Em tempo...
Prefeitura do Rio abre cofres para Oscar montar equipe de primeiro nível
O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), convidou o ex-jogador para ser o responsável pela criação de um time masculino de basquete de alto nível na cidade.
A intenção é que o time gaste até R$ 250 mil por mês -verba que será dividida entre a prefeitura e os futuros patrocinadores. O ex-jogador vai se reunir até o final de semana com o prefeito.
Oscar, 46, terá autonomia para negociar com atletas, patrocinadores e clubes. Maia diz que o Flamengo, último time do cestinha, pode ser escolhido e até criou estratégia para furar o bloqueio de verbas públicas -por causa de dívidas com o governo federal, o clube não recebe o patrocínio da Petrobras. "Podemos fazer triangulação com uma empresa ou uma ONG."
Maia fez o anúncio na celebração dos 90 anos do COB. A prefeitura repassou o antigo prédio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para o COB instalar sua futura sede.
Daine - Polêmica entre Patrocinadores
Daine dos Santos está confirmada no revezamento da tocha olímpica. A participação da ginasta havia sido colocada em dúvida por seu patrocinador, a Brasil Telecom, que detém a exclusividade no uso da sua imagem desde 2002.
A polêmica sobre a ida de Daine ao Rio foi o segundo capítulo de uma disputa entre a empresa de Telefonia e a Coca-Cola, patrocinadora do revezamento. A favricante de refrigerantes havia usado Daiane em anúncios do evento. A atitude fez a Brasil Telecom entrar na justiça e conseguir liminar, na semana passada, que proibia o uso de imagem individual da ginasta pela empresa. Os comerciais de TV, por exemplo, foram modificados e ncontam mais com a atleta.
A Coca-Cola, que apoia a equipe olímpica permanente de ginástica, diz que detém o direito de explorar as imagens individuais e coletivas da equipe. Seu contrato no entanto é posterior, data de 2.003.
Na verdade as empresas ainda estão discutindo, como será a participação de Daine no evento.
Fonte: Folha de S Paulo
O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), convidou o ex-jogador para ser o responsável pela criação de um time masculino de basquete de alto nível na cidade.
A intenção é que o time gaste até R$ 250 mil por mês -verba que será dividida entre a prefeitura e os futuros patrocinadores. O ex-jogador vai se reunir até o final de semana com o prefeito.
Oscar, 46, terá autonomia para negociar com atletas, patrocinadores e clubes. Maia diz que o Flamengo, último time do cestinha, pode ser escolhido e até criou estratégia para furar o bloqueio de verbas públicas -por causa de dívidas com o governo federal, o clube não recebe o patrocínio da Petrobras. "Podemos fazer triangulação com uma empresa ou uma ONG."
Maia fez o anúncio na celebração dos 90 anos do COB. A prefeitura repassou o antigo prédio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para o COB instalar sua futura sede.
Daine - Polêmica entre Patrocinadores
Daine dos Santos está confirmada no revezamento da tocha olímpica. A participação da ginasta havia sido colocada em dúvida por seu patrocinador, a Brasil Telecom, que detém a exclusividade no uso da sua imagem desde 2002.
A polêmica sobre a ida de Daine ao Rio foi o segundo capítulo de uma disputa entre a empresa de Telefonia e a Coca-Cola, patrocinadora do revezamento. A favricante de refrigerantes havia usado Daiane em anúncios do evento. A atitude fez a Brasil Telecom entrar na justiça e conseguir liminar, na semana passada, que proibia o uso de imagem individual da ginasta pela empresa. Os comerciais de TV, por exemplo, foram modificados e ncontam mais com a atleta.
A Coca-Cola, que apoia a equipe olímpica permanente de ginástica, diz que detém o direito de explorar as imagens individuais e coletivas da equipe. Seu contrato no entanto é posterior, data de 2.003.
Na verdade as empresas ainda estão discutindo, como será a participação de Daine no evento.
Fonte: Folha de S Paulo
PATROCÍNIOS...
Hoje, a expectativa do cliente em relação as empresas ultrapassam a simples aquisição de um produto pela qualidade e o preço oferecido.
Seriedade, confiabilidade, respeito, solidariedade e proximidade são atributos que contam na visão do consumidor na escolha e preferência por uma determinada marca.
Ainda, segundo pesquisa apresentada no 2º Seminário com Atitude pelo Instituto Ipsos-Opinion do Brasil, realiazada com 53 empresas brasileiras e 432 pessoas de classes AB, foram investidos no ano passado R$271 milhões em patrocínios nas seguintes proporções; 94% na área social, 90% na ambiental, 87% na cultural e 71% na esportiva. A pesquisa junto aos consumidores revelou que 93% deles lembram o nome de empresas que patrocinam esportes, 79% lembram de empresas que patrocinam ações culturais, 74% sociais e 75% ambientais. Os resultados revelaram que os patrocínios impactam positivamente a imagem das empresas. A percepção de qualidade de produtos e serviços sobe de 44% para 57% e a de “cobrança de preços justos” de 13% para 25%.
Patrocínio antes e depois: Guia prático para maximizar seu investimento
Palestrantes
_Ana Cristina Cunha : Caixa Econômica Federal
_Ângelo Franzão : McCann-Erickson
_Carlos Murilo Moreno : Ogilvy Activation
_Walter Longo : Synapsys
Moderador _Eduardo Petit : Meio & Mensagem
Ângelo Franzão abriu o quinto painel do Com:Atitude falando da integração do patrocínio no processo natural de planejamento de comunicação das empresas. Segundo ele, que é Vice-Presidente Executivo e Diretor de Mídia da McCann-Ericksson Brasil, o patrocínio é o caminho mais fácil para a fidelização do consumidor à marca e, portanto, é necessário haver um investimento em ações de ativação. Nos EUA, por exemplo, a cada US$1 investido em ações de música, US$3 são investidos em ações de ativação. Em esportes, esta relação pode ser ainda maior – dependendo dos objetivos, do público e da integração da ação com outras ferramentas. Para Ângelo, ações de patrocínio também podem ser concebidas em agências de publicidade, como foi o caso do Vibezone, projeto que se diferencia de tudo que foi feito até então pela Coca-Cola. Este é o tipo de projeto bem-vindo para os meios de comunicação, pois oferece oportunidades para todos os envolvidos nos processos. Uma grande vantagem do patrocínio em relação às ações de publicidade e propaganda é que este possibilita que haja uma desconcentração em poucas mídias, gerando oportunidades de diferenciação e adequação de oportunidades aos objetivos da marca.
Carlos Murilo Moreno, Gerente Geral da Ogilvy Activation, concorda com Ângelo que o investimento no patrocínio não deve ser unicamente na propriedade. Ele acredita que o custo do projeto não é fator de decisão na escolha de um patrocínio, mas sim os desdobramentos que este possibilita à empresa, em termos de aproveitamento das demais ferramentas. Da mesma forma como uma promoção que não tem divulgação não dá certo, um patrocínio que não é integrado à comunicação da marca não traz resultados. Salientou que as empresas têm obrigação de divulgar o bem estar que estão gerando para a sociedade. Não se pode ficar à mercê da mídia, que divulga apenas o que lhe interessa e, na maior parte das vezes, os patrocinadores não são sequer mencionados. Para definição do que patrocinar, as empresas devem, em primeiro lugar, analisar quais valores precisam ser construídos ou reforçados. Em seguida, definir quais são as atitudes relacionadas a estes valores e quanto se pode investir, incluindo aí a alavancagem do patrocínio. Por fim, definir como avaliá-lo. Como resultado, o patrocínio passa a fazer parte de uma estratégia mais ampla e se torna uma ferramenta capaz de oferecer retorno.
Ana Cristina Cunha, Gerente Nacional de Relações Institucionais da Caixa Econômica Federal, mencionou a importância do patrocínio estar presente em três âmbitos: na estratégia empresarial, no plano diretor de marketing e no plano de ativação, que deve ser caracterizado pela simplicidade, parceria, planejamento e criatividade. Para ela, o plano de ativação é o diferencial, a possibilidade de maximização do patrocínio. Nos projetos da Caixa, como por exemplo os de Atletismo e as Paraolimpíadas, os desdobramentos incluem eventos próprios, eventos voltados para público interno, envolvimento dos funcionários nos projetos – como equipes de atletismo -, mídia alternativa, boletim informativo impresso e eletrônico para distribuição à mídia, entre outros. Para ela, os quatro conceitos ultrapassados no que diz respeito ao patrocínio são: considerá-lo sinônimo de proteção, amparo, auxílio e, desta forma, não enxergá-lo como potencial de alavancagem de produtos, vendas e imagem; ter a ativação como sinônimo de publicidade – a publicidade faz parte, mas o mais importante são as ações de relacionamento possíveis de serem realizadas -; não considerá-lo a partir de suas possibilidades de gerar retorno negocial; medir seu êxito unicamente pela repercussão que obteve na mídia espontânea.
O CEO da Synapsys, Walter Longo, posicionou o patrocínio como uma ação que gera vantagens para o projeto patrocinado, a comunidade e, principalmente, o patrocinador. Para ele, o patrocínio deve ser guiado por pontos básicos em torno da questão principal: qual é a capacidade que a ação tem de trazer benefício ao patrocinador? O primeiro ponto é que o patrocínio é apenas o início de um processo, que pode se desmembrar dependendo de seus objetivos em ganho de imagem, trânsito no ponto de venda, relação com parceiros e fornecedores, degustação, fortalecimento da responsabilidade social, promoções e interatividade, endomarketing e database. Para Walter Longo, antes de se definir o que, quando e como patrocinar, é preciso ter em mente o que se quer com o patrocínio.
Outro ponto é que deve-se considerar o patrocínio como uma decisão estratégica e não tática - não como uma compra de mídia barata. Deve-se também evitar o que chamou de egomarketing, que é a definição de patrocínio a partir das preferências do presidente. O importante é se guiar pelo público-alvo. Por fim, é preciso aprender a mensurar e não apenas quantificar. Para ele, o patrocínio é muito mais profundo do que uma simples veiculação de marca.
Visão dos patrocinados: O peso de carregar marcas nas costas
Palestrantes_
Adhemar de Oliveira : Espaço Unibanco de Cinema
Jaílson de Souza e Silva : CEASM
Leonardo Gryner : Olympo/COB
Plínio Bocchino : SOS Mata Atlântica
Moderador _Marcelo Tas : TV Cultura
Marcelo Tas abriu o quarto painel do Com:Atitude lembrando que muitos acreditam que os problemas acabam quando se consegue um patrocinador, mas na verdade é quando se encontra o parceiro do projeto que os "problemas" começam, pois uma série de resposabilidades são assumidas.
Para falar sobre a relação entre um projeto cultural e seu patrocinador, Adhemar de Oliveira, Diretor de Programação do Espaço Unibanco, fez uma analogia com o casamento, onde a principal responsabilidade do primeiro é garantir os benefícios acordados ao segundo. Para ele, cada parte deve desempenhar seu papel sem interferência no conteúdo do projeto de um ou no negócio do outro. No entanto, quando um projeto conta com um patrocinador, a atenção sobre a qualidade, o profissionalismo e a acuidade deve ser redobrada. O projeto se torna responsável por uma outra marca e a percepção de resultados vem do retorno do público.
Representando a área social, Jaílson de Souza e Silva, Fundador e Diretor do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), tratou da evolução do terceiro setor a partir da transferência da responsabilidade do Estado para outros agentes, entre eles a sociedade civil organizada e empresas privadas. A CEASM conta com patrocinadores como a Petrobrás, Infraero, Kellogg’s, entre outros. As parcerias obedecem princípios a partir de acordos sobre os objetivos e as estratégias de ambas as partes. Para ele, a relação mais adequada na área social é com marcas corporativas e não com produtos, uma vez que “não dá para ser garoto-propaganda”. Considera que as parcerias devem ter perspectivas de longo prazo, nas quais a empresa não busque a instituição apenas para sua legitimação, mas principalmente para assumir sua responsabilidade como agente social.
Leonardo Gryner, Diretor Geral da Olympo Marketing e Licenciamento, empresa responsável pelo marketing e pelas propriedades de patrocínio do Comitê Olímpico Brasileiro e do Comitê Organizador dos Jogos Pan-americanos de 2007, atribuiu aos projetos o papel de entender o processo de construção de marca, pois um patrocinado é responsável por cuidar da marca de seu patrocinador. Segundo ele, este é um dos principais fatores na atração de marcas para um projeto. Considera como anti-exemplo os times de futebol que não sabem cuidar de suas marcas e tem uma baixíssima credibilidade e, portanto, obtem patrocínios muito abaixo do grande potencial do esporte. Os principais anunciantes não estão "no futebol" e sim, na "transmissão de futebol" da Rede Globo, que tem uma marca forte e bem cuidada.
Outro ponto abordado por Leonardo foi a importância dos projetos compreenderem que o patrocínio, para a empresa, deve resolver suas demandas de comunicação e marketing, e não o contrário. Assim, pensar com a cabeça da empresa prospectada pode ser meio caminho andado para se fechar uma negociação. Por fim, ele tratou da avalição de retorno do investimento. A tendência ainda é medição por meio da visibilidade, expressa em R$. Considera que a maneira correta de se medir o retorno é estabelecer, desde o início e juntamente com o parceiro, quais são os objetivos possíveis de serem mensuráveis. Para Leonardo, ainda há muita desconfiança do patrocinador em relação ao patrocinado sobre seus objetivos estratégicos, e é preciso quebrar isso. Caso contrário, não há como estabelecer uma parceria de benefício mútuo.
Representando a área de meio-ambiente, Plínio Bocchino, Diretor Executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, contextualizou a relação entre iniciativa privada e ONGs. Segundo ele, as marcas do terceiro setor oferecem um aval àquelas empresas que têm um comportamento exemplar, atendendo às exigências de seus consumidores que estão, cada vez mais, imbuídos de um sentimento de cidadania. No entanto, muitas vezes este vínculo é só mercadológico, sem comprometimento. Por sua vez, muitas ONGs trabalham com seriedade mas não sabem prestar contas. Para Plínio, há muita paixão para pouco planejamento, e as instituições vivem de seus projetos, não sabendo obter financiamento para suas atividades meio. Para construir um novo modelo de parceria, as organizações devem se questionar se estão capacitadas para entender e atender às expectativas de seus patrocinadores, se estão entendendo as expectativas dos beneficiários dos seus projetos, se estão preparadas para cobrar atitudes de todos os envolvidos e se estão, acima de tudo, preparadas para não perder os valores que devem nortear todos os processos: transparência, ética e profissionalismo
Seriedade, confiabilidade, respeito, solidariedade e proximidade são atributos que contam na visão do consumidor na escolha e preferência por uma determinada marca.
Ainda, segundo pesquisa apresentada no 2º Seminário com Atitude pelo Instituto Ipsos-Opinion do Brasil, realiazada com 53 empresas brasileiras e 432 pessoas de classes AB, foram investidos no ano passado R$271 milhões em patrocínios nas seguintes proporções; 94% na área social, 90% na ambiental, 87% na cultural e 71% na esportiva. A pesquisa junto aos consumidores revelou que 93% deles lembram o nome de empresas que patrocinam esportes, 79% lembram de empresas que patrocinam ações culturais, 74% sociais e 75% ambientais. Os resultados revelaram que os patrocínios impactam positivamente a imagem das empresas. A percepção de qualidade de produtos e serviços sobe de 44% para 57% e a de “cobrança de preços justos” de 13% para 25%.
Patrocínio antes e depois: Guia prático para maximizar seu investimento
Palestrantes
_Ana Cristina Cunha : Caixa Econômica Federal
_Ângelo Franzão : McCann-Erickson
_Carlos Murilo Moreno : Ogilvy Activation
_Walter Longo : Synapsys
Moderador _Eduardo Petit : Meio & Mensagem
Ângelo Franzão abriu o quinto painel do Com:Atitude falando da integração do patrocínio no processo natural de planejamento de comunicação das empresas. Segundo ele, que é Vice-Presidente Executivo e Diretor de Mídia da McCann-Ericksson Brasil, o patrocínio é o caminho mais fácil para a fidelização do consumidor à marca e, portanto, é necessário haver um investimento em ações de ativação. Nos EUA, por exemplo, a cada US$1 investido em ações de música, US$3 são investidos em ações de ativação. Em esportes, esta relação pode ser ainda maior – dependendo dos objetivos, do público e da integração da ação com outras ferramentas. Para Ângelo, ações de patrocínio também podem ser concebidas em agências de publicidade, como foi o caso do Vibezone, projeto que se diferencia de tudo que foi feito até então pela Coca-Cola. Este é o tipo de projeto bem-vindo para os meios de comunicação, pois oferece oportunidades para todos os envolvidos nos processos. Uma grande vantagem do patrocínio em relação às ações de publicidade e propaganda é que este possibilita que haja uma desconcentração em poucas mídias, gerando oportunidades de diferenciação e adequação de oportunidades aos objetivos da marca.
Carlos Murilo Moreno, Gerente Geral da Ogilvy Activation, concorda com Ângelo que o investimento no patrocínio não deve ser unicamente na propriedade. Ele acredita que o custo do projeto não é fator de decisão na escolha de um patrocínio, mas sim os desdobramentos que este possibilita à empresa, em termos de aproveitamento das demais ferramentas. Da mesma forma como uma promoção que não tem divulgação não dá certo, um patrocínio que não é integrado à comunicação da marca não traz resultados. Salientou que as empresas têm obrigação de divulgar o bem estar que estão gerando para a sociedade. Não se pode ficar à mercê da mídia, que divulga apenas o que lhe interessa e, na maior parte das vezes, os patrocinadores não são sequer mencionados. Para definição do que patrocinar, as empresas devem, em primeiro lugar, analisar quais valores precisam ser construídos ou reforçados. Em seguida, definir quais são as atitudes relacionadas a estes valores e quanto se pode investir, incluindo aí a alavancagem do patrocínio. Por fim, definir como avaliá-lo. Como resultado, o patrocínio passa a fazer parte de uma estratégia mais ampla e se torna uma ferramenta capaz de oferecer retorno.
Ana Cristina Cunha, Gerente Nacional de Relações Institucionais da Caixa Econômica Federal, mencionou a importância do patrocínio estar presente em três âmbitos: na estratégia empresarial, no plano diretor de marketing e no plano de ativação, que deve ser caracterizado pela simplicidade, parceria, planejamento e criatividade. Para ela, o plano de ativação é o diferencial, a possibilidade de maximização do patrocínio. Nos projetos da Caixa, como por exemplo os de Atletismo e as Paraolimpíadas, os desdobramentos incluem eventos próprios, eventos voltados para público interno, envolvimento dos funcionários nos projetos – como equipes de atletismo -, mídia alternativa, boletim informativo impresso e eletrônico para distribuição à mídia, entre outros. Para ela, os quatro conceitos ultrapassados no que diz respeito ao patrocínio são: considerá-lo sinônimo de proteção, amparo, auxílio e, desta forma, não enxergá-lo como potencial de alavancagem de produtos, vendas e imagem; ter a ativação como sinônimo de publicidade – a publicidade faz parte, mas o mais importante são as ações de relacionamento possíveis de serem realizadas -; não considerá-lo a partir de suas possibilidades de gerar retorno negocial; medir seu êxito unicamente pela repercussão que obteve na mídia espontânea.
O CEO da Synapsys, Walter Longo, posicionou o patrocínio como uma ação que gera vantagens para o projeto patrocinado, a comunidade e, principalmente, o patrocinador. Para ele, o patrocínio deve ser guiado por pontos básicos em torno da questão principal: qual é a capacidade que a ação tem de trazer benefício ao patrocinador? O primeiro ponto é que o patrocínio é apenas o início de um processo, que pode se desmembrar dependendo de seus objetivos em ganho de imagem, trânsito no ponto de venda, relação com parceiros e fornecedores, degustação, fortalecimento da responsabilidade social, promoções e interatividade, endomarketing e database. Para Walter Longo, antes de se definir o que, quando e como patrocinar, é preciso ter em mente o que se quer com o patrocínio.
Outro ponto é que deve-se considerar o patrocínio como uma decisão estratégica e não tática - não como uma compra de mídia barata. Deve-se também evitar o que chamou de egomarketing, que é a definição de patrocínio a partir das preferências do presidente. O importante é se guiar pelo público-alvo. Por fim, é preciso aprender a mensurar e não apenas quantificar. Para ele, o patrocínio é muito mais profundo do que uma simples veiculação de marca.
Visão dos patrocinados: O peso de carregar marcas nas costas
Palestrantes_
Adhemar de Oliveira : Espaço Unibanco de Cinema
Jaílson de Souza e Silva : CEASM
Leonardo Gryner : Olympo/COB
Plínio Bocchino : SOS Mata Atlântica
Moderador _Marcelo Tas : TV Cultura
Marcelo Tas abriu o quarto painel do Com:Atitude lembrando que muitos acreditam que os problemas acabam quando se consegue um patrocinador, mas na verdade é quando se encontra o parceiro do projeto que os "problemas" começam, pois uma série de resposabilidades são assumidas.
Para falar sobre a relação entre um projeto cultural e seu patrocinador, Adhemar de Oliveira, Diretor de Programação do Espaço Unibanco, fez uma analogia com o casamento, onde a principal responsabilidade do primeiro é garantir os benefícios acordados ao segundo. Para ele, cada parte deve desempenhar seu papel sem interferência no conteúdo do projeto de um ou no negócio do outro. No entanto, quando um projeto conta com um patrocinador, a atenção sobre a qualidade, o profissionalismo e a acuidade deve ser redobrada. O projeto se torna responsável por uma outra marca e a percepção de resultados vem do retorno do público.
Representando a área social, Jaílson de Souza e Silva, Fundador e Diretor do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), tratou da evolução do terceiro setor a partir da transferência da responsabilidade do Estado para outros agentes, entre eles a sociedade civil organizada e empresas privadas. A CEASM conta com patrocinadores como a Petrobrás, Infraero, Kellogg’s, entre outros. As parcerias obedecem princípios a partir de acordos sobre os objetivos e as estratégias de ambas as partes. Para ele, a relação mais adequada na área social é com marcas corporativas e não com produtos, uma vez que “não dá para ser garoto-propaganda”. Considera que as parcerias devem ter perspectivas de longo prazo, nas quais a empresa não busque a instituição apenas para sua legitimação, mas principalmente para assumir sua responsabilidade como agente social.
Leonardo Gryner, Diretor Geral da Olympo Marketing e Licenciamento, empresa responsável pelo marketing e pelas propriedades de patrocínio do Comitê Olímpico Brasileiro e do Comitê Organizador dos Jogos Pan-americanos de 2007, atribuiu aos projetos o papel de entender o processo de construção de marca, pois um patrocinado é responsável por cuidar da marca de seu patrocinador. Segundo ele, este é um dos principais fatores na atração de marcas para um projeto. Considera como anti-exemplo os times de futebol que não sabem cuidar de suas marcas e tem uma baixíssima credibilidade e, portanto, obtem patrocínios muito abaixo do grande potencial do esporte. Os principais anunciantes não estão "no futebol" e sim, na "transmissão de futebol" da Rede Globo, que tem uma marca forte e bem cuidada.
Outro ponto abordado por Leonardo foi a importância dos projetos compreenderem que o patrocínio, para a empresa, deve resolver suas demandas de comunicação e marketing, e não o contrário. Assim, pensar com a cabeça da empresa prospectada pode ser meio caminho andado para se fechar uma negociação. Por fim, ele tratou da avalição de retorno do investimento. A tendência ainda é medição por meio da visibilidade, expressa em R$. Considera que a maneira correta de se medir o retorno é estabelecer, desde o início e juntamente com o parceiro, quais são os objetivos possíveis de serem mensuráveis. Para Leonardo, ainda há muita desconfiança do patrocinador em relação ao patrocinado sobre seus objetivos estratégicos, e é preciso quebrar isso. Caso contrário, não há como estabelecer uma parceria de benefício mútuo.
Representando a área de meio-ambiente, Plínio Bocchino, Diretor Executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, contextualizou a relação entre iniciativa privada e ONGs. Segundo ele, as marcas do terceiro setor oferecem um aval àquelas empresas que têm um comportamento exemplar, atendendo às exigências de seus consumidores que estão, cada vez mais, imbuídos de um sentimento de cidadania. No entanto, muitas vezes este vínculo é só mercadológico, sem comprometimento. Por sua vez, muitas ONGs trabalham com seriedade mas não sabem prestar contas. Para Plínio, há muita paixão para pouco planejamento, e as instituições vivem de seus projetos, não sabendo obter financiamento para suas atividades meio. Para construir um novo modelo de parceria, as organizações devem se questionar se estão capacitadas para entender e atender às expectativas de seus patrocinadores, se estão entendendo as expectativas dos beneficiários dos seus projetos, se estão preparadas para cobrar atitudes de todos os envolvidos e se estão, acima de tudo, preparadas para não perder os valores que devem nortear todos os processos: transparência, ética e profissionalismo
terça-feira, junho 08, 2004
O QUE É MARKETING SOCIAL?
O Marketing Social ou Marketing para Causas Sociais, como costuma também ser denominado em outros países, diz respeito ao esforço mercadológico no sentido de associar uma marca ou instituição a uma causa social, que pode ser o desenvolvimento de campanhas (para prevenção da saúde e o estímulo à leitura, por exemplo) doações para entidades assistenciais, parcerias com entidades filantrópicas, desenvolvimento de trabalho junto a comunidades carentes etc.
Conceitualmente, há algumas complicações no uso desta expressão, porque pode-se entender, e alguns estudiosos assim o fazem, que o Marketing Social abrangeria, em sua amplitude os chamados Marketing Cultural, Marketing Esportivo, o Marketing Ecológico e o Marketing Comunitário (para só citar 4 expressões cunhadas recentemente e muito em voga). Na verdade, tem sentido, porque, do ponto de vista, prático estimular a prática do esporte, a cultura, a consciência ambiental e o desenvolvimento comunitário representa desenolver ações sociais importantes. Fica, portanto, de imediato, esta questão posta na conceituação de Marketing Social porque o próprio termo social é demasiado amplo.
O Marketing Social tem ganhado corpo nos últimos anos, na medida em que empresas e instituições se conscientizam da necessidade de comprometer-se definitivamente com a comunidade, em contrapartida ao apoio que esta lhes empresta, comprando seus produtos e serviços, disponibilizando-lhe mão-de-obra e, muitas vezes, oferecendo-lhe benefícios para a sua instalação e funcionamento (como a isenção de impostos, em muitos casos).
A difusão do princípio básico da Responsabilidade Social ( este conceito faz parte deste menu geral sobre conceitos) tem permitido o avanço do Marketing Social. Cuidado, no entanto, deve ser tomado no sentido de evitar que empresas e entidades demagogicamente o adotem para encobrir suas mazelas. Nesse caso, talvez essas ações ainda podem ser consideradas marketing (cada vez menos pela relação estreita que se passa a exigir entre atividade de marketing e a ética empresarial), mas dificilmente poderiam ser consideradas sociais, porque têm uma inspiração espúria.
É necessário olhar com desconfiança para empresas que se propõem a mascarar sua atuação socialmente irresponsável na comunidade (poluindo o ambiente, explorando o trabalho infantil, desrespeitando o consumidor etc) através de doações , apoio a grupos menos privilegiados ou patrocínio de campanhas educativas ou culturais.
O Marketing Social realmente legítimo não é aquele que se pratica unicamente com o dinheiro, mas com a consciência e o coração.
Uma leitura interessante a este respeito é o trabalho de Marjorie Thompson e Hamish Pringle, intitulado Marketing Social . Marketing para Causas Sociais e a construção de marcas, editado pela Makron Books, São Paulo, 2.000.
Aproveite para consultar alguns artigos e verificar alguns textos (livros) sobre o tema.
Marketing Social: Usos e Abusos
Dalberto Adulis
Nos últimos anos a expressão marketing social passou a ser empregada para designar noções bastante distintas, o que tem propiciado uma certa confusão quando se fala sobre marketing no terceiro setor. Há uma quantidade crescente de noções que, devido à incompreensão, à falta de clareza, ou ainda a determinados interesses, têm sido utilizadas de forma indiscriminada Entre os termos que têm sido utilizados para designar a postura "voltada para o social" ou ações sociais estão: marketing social, marketing relacionado a causas sociais, marketing comunitário, marketing de campanhas sociais, responsabilidade social, cidadania empresarial ou, até mesmo, marketing da filantropia.
O crescimento do terceiro setor e a "descoberta do social" por algumas empresas, que passaram a valorizar explicitamente uma atuação socialmente responsável explicam, em parte, esta abundância de termos e expressões. Em meio a esta mixórdia de expressões, alguns acadêmicos e consultores têm buscado resgatar as origens conceituais do marketing social para distingui-lo de outras práticas e possibilitar a diferenciação entre os vários tipos de ação social promovidas por organizações do terceiro setor.
Conforme observado por Mendonça e Schommer (2000), no Brasil "o termo "marketing social" está sendo utilizado para designar atuação empresarial no campo social com objetivo de obter diferenciais competitivos, sem que essas ações tenham o objetivo de influenciar comportamentos coletivos. Alguns artigos colocam que é crescente o número de empresas que fazem promoções ou associam sua imagem a causas sociais, como forma de estimular vendas ou agregar valor a sua imagem institucional. Essa concepção, muitas vezes, refere-se apenas aos benefícios diretos à empresa, sem relacionar essas ações a mudanças de comportamento. Araújo (2001) também destaca que "as ações sociais promovidas pelas empresas, classificadas como de responsabilidade social ou qualquer outro termo, na maioria das vezes não utilizam estratégias de marketing social, mas apenas, ações de promoção social, utilizando-se, para isso, de marketing comercial".
A Origem do Marketing Social
O principal teórico do Marketing, que aborda a questão do marketing social desde a década de 70, define marketing social como "o desenho, implementação e controles de programas que buscam aumentar a aceitabilidade de uma idéia, causa ou pratica social junto a públicos-alvo" (Kotler e Armstrong, 1993, 421). Segundo esta concepção, que está na origem da expressão, o marketing social consiste de um conjunto de atividades, técnicas e estratégias que são utilizadas para estimular e promover mudanças sociais, como alterações de crenças, atitudes e comportamentos. Assim, no marketing social são empregados conceitos e ferramentas originárias do marketing convencional para influenciar comportamentos com o objetivo de promover mudanças sociais. Exemplos clássicos de aplicação do marketing social podem ser vistos em programas ou campanhas de planejamento familiar, prevenção de doenças, direitos humanos, economia de energia e preservação ambiental.
O marketing social combina elementos dos enfoques tradicionais utilizados na promoção de mudanças sociais em um modelo integrado de planejamento e ação que empregue os avanços nas tecnologias de comunicação e marketing. Ass técnicas e metodologias do marketing social podem ser empregadas para analisar atitudes, valores e comportamentos, promover discussões e disseminar informações, contribuindo para um clima que facilite a adoção de mudanças comportamentais na sociedade.
Para o Socialtec (Fórum de Marketing Social), o Marketing Social é "a gestão estratégica do processo de inovações sociais a partir da adoção de comportamentos, atitudes e práticas individuais e coletivas, orientadas por preceitos éticos, fundamentados nos direitos humanos e na eqüidade social. O termo é empregado para descrever o uso sistemático de princípios e técnicas orientadas para promover aceitação de uma causa ou idéia. Tem como objetivo principal transformar a maneira pela qual um determinado público-adotante percebe uma questão social e promover mudanças comportamentais visando melhorar a qualidade de vida de um segmento populacional."
Considerando esta definição, a noção de marketing social não se aplica a empresas que utilizam instrumentos de marketing apenas para divulgar suas ações sociais, tornar pública sua postura socialmente responsável ou mesmo melhorar sua imagem junto à sociedade, pois estas ações não têm o objetivo de promover mudanças sociais. As tentativas recentes que têm identificado como "marketing social" ações de responsabilidade social das empresas apenas geram maior confusão e dificultam a compreensão de conceitos distintos.
O marketing social também não deve ser confundido com o chamado "marketing relacionado a uma causa", em que uma organização agrega uma causa, como o combate ao trabalho infantil ou a preservação ambiental, aos processos de produção, promoção e vendas de seus produtos e serviços. Neste caso a empresa vincula seu produto ou sua imagem institucional a uma determinada causa, seja ela social ou não, com o objetivo de atrair ou conquistar a fidelidade de seus consumidores por afinidades. Um exemplo clássico deste tipo de marketing é o realizado pelas empresas de cartões de crédito, que possibilitam ao cliente escolher cartões vinculados tanto a um time de futebol como a uma campanha em defesa dos direitos da criança.
No artigo Enfim, Marketing Social Resgatado, Fontes (2001) destaca que a principal diferença entre o marketing social e o marketing relacionado a uma causa está nos resultados que serão alcançados com a utilização de um dos dois conceitos. "No caso do marketing social, como explorado em diversas publicações em todo o mundo, o principal impacto será a transformação da sociedade, na qual a empresa ou instituição está inserida. Já no caso do marketing para causas sociais, retornos financeiros ou de imagem, diretamente voltados para a empresa ou instituição, serão mais evidentes."
Novos Desafios do Marketing Social
A recente disputa por conceitos e significados para designar ações sociais insere-se no contexto de uma crescente competição entre organizações que atuam no terceiro setor, motivada por fatores como os apontados por Weinberg e Ritchie em 1999, em uma conferência sobre marketing social realizada no Canadá:
A competição por recursos e fundos
Mudanças nas relações intersetoriais: empresas que passam a atuar na área social e organizações do terceiro setor que adotam posturas comerciais.
Existência de concepções distintas do que é o "bem comum".
A crescente orientação para negócios.
A maior diversificação de atividades por parte das organizações, que às vezes leva à sobreposição de atividades.
A crescente profissionalização da gestão e a necessidade de se fixar em metas e objetivos.
Um outro fator que contribui para uma maior competitividade entre organizações que empregam marketing social é a crescente disputa pelo tempo e a atenção da população, que recebe uma "enxurrada" de informações e mensagens, todas procurando influenciar seu comportamento.
Weinberg e Ritchie empregaram uma charge publicada pelo New York Times para ilustrar este excesso de mensagens. Em uma agência de recrutamento de soldados para o exército americano, os recrutas se deparam diante de um pôster do governo americano em que o Tio Sam fazia algumas recomendações aos recrutas:
Pare de fumar
Use cinto de segurança
Coma vegetal
Fique fora do sol
Perca peso
Seja voluntário
Coloque as crianças no banco de trás
Use preservativos
Coma menos carne vermelha
Esta charge nos dá margem para pensar que em uma sociedade caracterizada pelo excesso de informação, as organizações do terceiro setor precisam ser ainda mais competentes para atrair a atenção dos cidadãos e sensibilizá-los para as causas sociais que defendem. Além de sensibilizá-los, as organizações precisam facilitar processos que levem a mudanças de atitudes e comportamentos, pois só assim a mudança social será efetiva. É lógico que transformações sociais efetivas não serão possíveis apenas com ações e estratégias de marketing social, pois dependem de participação democrática, do exercício da cidadania e da existência de políticas públicas adequadas. Porém, isto não impede que as organizações do terceiro setor empreguem os recursos do marketing social para alcançar seus objetivos de transformação social.
segunda-feira, junho 07, 2004
POLÊMICA NA APROVAÇÃO A LEI DE INCETIVO AO ESPORTE...
Texto veta verba de renúncia fiscal para pagamento de salário
Projeto da lei de incentivo exclui atletas profissionais
EDUARDO OHATA DA REPORTAGEM LOCAL
Reivindicado e tido pelo esporte como a sua ""tábua de salvação", o projeto de lei de incentivo ao setor, em moldes semelhantes aos da lei Rouanet, impede que o dinheiro proveniente da renúncia fiscal seja utilizado no pagamento de salários de atletas profissionais, segundo apurou a Folha.
Assim, jogadores de clubes de futebol, vôlei ou basquete não seriam beneficiados com tal verba. Um membro da comissão que confeccionou o projeto no Ministério do Esporte disse que o artigo, embora não mencione o futebol, foi inserido no texto para impedir que todo o dinheiro escoasse para o futebol profissional.
Um alto funcionário do ministério esclareceu que nem atletas profissionais de futebol e tampouco de outras modalidades poderiam receber o dinheiro. A seguir, listou, a título de exemplificação, Giovane, do vôlei, e Oscar, ex-jogador de basquete.
Tal fato provocou forte reação dos representantes do futebol, como Celso Rodrigues, diretor jurídico do Clube dos 13.
""O futebol não será contemplado de nenhum modo por essa lei, e já somos onerados de outras formas. Veja o caso das loterias, emprestamos nossas imagens, dão 2% do que é arrecadados para outros esportes [via lei Piva] e deixam o futebol fora", reclama ele.
O Comitê Olímpico Brasileiro alega que a modalidade não recebe quinhão da verba porque a Confederação Brasileira de Futebol nunca apresentou um projeto para usar o dinheiro das loterias.
O ministério discorda da versão de Rodrigues. Explica que o futebol profissional não foi contemplado no projeto de lei, mas que um pacote de ações é trabalhada pela Comissão de Futebol e Marketing do ministério. Um exemplo é o projeto da loteria Timemania, que tem como objetivo auxiliar os clubes.
Entre outras reivindicações apresentadas pelos dirigentes de futebol ao governo federal está o Refis para que os clubes tenham condições de saldar as suas dívidas. O flamenguista Márcio Braga falou sobre o problema a Lula em audiência com o presidente, em Brasília, e busca agendar um encontro com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
Em um segundo momento, a pasta alega que a modalidade não ficará de fora -caso sejam apresentados projetos para categorias não-profissionais, como as de base, ou para a versão feminina, o setor poderá ser beneficiado.
Ainda segundo o ministério, a verba tampouco poderá ser empregada no pagamento de passagens aéreas para competições profissionais ou na construção de infra-estrutura para a área profissional de qualquer modalidade. Caso a lei seja aprovada, normatização criará dispositivos para que essas ações sejam evitadas.
Esporte aprende com as falhas de lei Rouanet
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto de lei de incentivos fiscais para o esporte procura antecipar algumas mudanças em discussão para aquela que lhe serve de modelo, a lei Rouanet, de incentivo à cultura.
Muitos projetos culturais são pagos integralmente com verba pública via lei Rouanet, que durante o ano passado direcionou cerca de R$ 180 milhões à execução de projetos do setor, segundo assessoria de imprensa do Ministério da Cultura.
O texto da lei do esporte, inicialmente, prevê que 95% dos custos do projeto seriam pagos com o dinheiro oriundo da renúncia fiscal. O contribuinte arcaria com os 5% restantes.
A idéia é que normatização posterior aumente ainda mais a contribuição da empresa.
""Esse foi um dos detalhes sobre os quais mais me bati durante as discussões da lei", critica Lars Grael. ""Ou então, não é realmente uma parceria, mas somente o privado fazendo nada mais do que um adiantamento do dinheiro, e o governo arcando com a conta no final."
Também, assim como a lei Rouanet criou o Fundo Nacional da Cultura, órgão de captação de recursos, a lei do Esporte planeja um Fundo Nacional de Desenvolvimento do Esporte.
A Cultura discute dispositivos para pulverizar as suas ações fora do eixo Rio-SP; o documento do esporte já prevê esse tipo de descentralização.
A lei de incentivos fiscais é discutida entre Esporte e Fazenda, que já revisou minuta e a devolveu ao departamento técnico do Esporte para correções de itens que não estavam em concordância com as instruções normativas que consolidam as leis de incentivo fiscal.
A minuta deve ser reenviada à Fazenda, que confirmou o diálogo entre os ministérios. A Folha apurou que na semana passada representante da Receita Federal discutiu os ajustes com o Esporte. (EO)
Especialistas divergem sobre veto a salários
DA REPORTAGEM LOCAL
O item que trata da proibição de pagamento de salários a profissionais separa ministério de representantes de entidades esportivas.
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, acredita que o artigo só afeta os jogadores de futebol, pois é ""a única atividade esportiva reconhecida como profissão pela legislação brasileira".
Nuzman discorda de funcionários do Ministério do Esporte, como o secretário-executivo Orlando Silva Júnior, que, na Conferência Municipal de Esporte, em São Paulo, explicou que a proibição se estenderia para outras modalidades, como vôlei e basquete.
Lars Grael, ex-secretário da Juventude de SP, diz que atletas de algumas modalidades de alto rendimento poderiam receber verba proveniente da renúncia fiscal, pois configuraria ajuda de custo.
O advogado especialista em direito esportivo Heraldo Panhoca é mais radical ao dizer que o artigo é inconstitucional. ""Perante a constituição todos são iguais, não é certo atletas não-profissionais receberem e excluir os profissionais. O que deveria ser feito para evitar desníveis é a criação de teto para os profissionais." (EO)
Fonte: Folha de São Paulo - 05/06/2004
1/6/2004 às 18:54h - Senado aprova bolsa de até R$ 2,5 mil para atletas
A Comissão de Educação (CE) aprovou nesta terça-feira (1) parecer favorável ao projeto de lei da Câmara nº 22/2004, de autoria do atual ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, que institui a Bolsa-Atleta, destinada a praticantes de modalidades olímpicas e paraolímpicas. Os beneficiados poderão receber auxílio mensal de R$ 300 a R$ 2500.
Na opinião do relator da matéria, senador Osmar Dias (PDT-PR) - que preside a CE -, o projeto, que segue para o Plenário, ajudará a alargar a base da “pirâmide esportiva” brasileira. Ampliando-se a prática esportiva, observou, o país estará oferecendo entretenimento para os jovens e reduzindo gastos em saúde e em programas de combate às drogas e à violência.
- Este último ponto é fundamental no momento em que observamos o crescimento da violência em nosso país. O esporte forma não só ídolos, mas principalmente serve para afastar os jovens da criminalidade - afirmou Osmar Dias.
A proposta estabelece que a concessão da bolsa não gera nenhum vínculo entre os atletas beneficiados e a administração pública federal. Além disso, enumera várias condições para o usufruto do benefício, entre os quais a vinculação a alguma entidade de prática esportiva e o não recebimento de patrocínio de pessoas jurídicas, públicas ou privadas, além da participação, no ano anterior, de competição esportiva no Brasil ou no exterior.
O relator decidiu manter o texto original da Câmara, apenas com emendas de redação, apesar de ver com reservas algumas das limitações. A seu ver, após uma alteração feita pelo Senado dificilmente a proposta seria votada com rapidez mais uma vez pela Câmara, inviabilizando a sua sanção pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes da partida dos atletas brasileiros rumo às Olimpíadas de Atenas.
O senador Hélio Costa (PMDB-MG) também apoiou a aprovação da matéria, embora discordasse da proibição de recebimento da bolsa por atletas que tenham patrocínio. O senador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) elogiou a inclusão, na proposta, de modalidades paraolímpicas. E lembrou que já funciona, em Niterói (RJ), o maior centro paraolímpico da América Latina. Por sua vez, Flávio Arns (PT-PR) disse que a aprovação do projeto é “essencial para os paraolímpicos”.
Ainda durante a discussão, Demostenes Torres (PFL-GO) observou que o projeto “tem tudo para ser implementado”, uma vez que seu autor é o atual ministro dos Esportes. O senador José Jorge (PFL-PE) criticou o item que limita a bolsa de categoria internacional aos atletas que tenham obtido até o terceiro lugar em competições com atletas de outros países. A seu ver, os primeiros colocados nessas competições geralmente já dispõem de patrocínio.
Isso ainda vai dar pano para manga...
Mais informações no site do Ministério do Esporte
Projeto da lei de incentivo exclui atletas profissionais
EDUARDO OHATA DA REPORTAGEM LOCAL
Reivindicado e tido pelo esporte como a sua ""tábua de salvação", o projeto de lei de incentivo ao setor, em moldes semelhantes aos da lei Rouanet, impede que o dinheiro proveniente da renúncia fiscal seja utilizado no pagamento de salários de atletas profissionais, segundo apurou a Folha.
Assim, jogadores de clubes de futebol, vôlei ou basquete não seriam beneficiados com tal verba. Um membro da comissão que confeccionou o projeto no Ministério do Esporte disse que o artigo, embora não mencione o futebol, foi inserido no texto para impedir que todo o dinheiro escoasse para o futebol profissional.
Um alto funcionário do ministério esclareceu que nem atletas profissionais de futebol e tampouco de outras modalidades poderiam receber o dinheiro. A seguir, listou, a título de exemplificação, Giovane, do vôlei, e Oscar, ex-jogador de basquete.
Tal fato provocou forte reação dos representantes do futebol, como Celso Rodrigues, diretor jurídico do Clube dos 13.
""O futebol não será contemplado de nenhum modo por essa lei, e já somos onerados de outras formas. Veja o caso das loterias, emprestamos nossas imagens, dão 2% do que é arrecadados para outros esportes [via lei Piva] e deixam o futebol fora", reclama ele.
O Comitê Olímpico Brasileiro alega que a modalidade não recebe quinhão da verba porque a Confederação Brasileira de Futebol nunca apresentou um projeto para usar o dinheiro das loterias.
O ministério discorda da versão de Rodrigues. Explica que o futebol profissional não foi contemplado no projeto de lei, mas que um pacote de ações é trabalhada pela Comissão de Futebol e Marketing do ministério. Um exemplo é o projeto da loteria Timemania, que tem como objetivo auxiliar os clubes.
Entre outras reivindicações apresentadas pelos dirigentes de futebol ao governo federal está o Refis para que os clubes tenham condições de saldar as suas dívidas. O flamenguista Márcio Braga falou sobre o problema a Lula em audiência com o presidente, em Brasília, e busca agendar um encontro com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
Em um segundo momento, a pasta alega que a modalidade não ficará de fora -caso sejam apresentados projetos para categorias não-profissionais, como as de base, ou para a versão feminina, o setor poderá ser beneficiado.
Ainda segundo o ministério, a verba tampouco poderá ser empregada no pagamento de passagens aéreas para competições profissionais ou na construção de infra-estrutura para a área profissional de qualquer modalidade. Caso a lei seja aprovada, normatização criará dispositivos para que essas ações sejam evitadas.
Esporte aprende com as falhas de lei Rouanet
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto de lei de incentivos fiscais para o esporte procura antecipar algumas mudanças em discussão para aquela que lhe serve de modelo, a lei Rouanet, de incentivo à cultura.
Muitos projetos culturais são pagos integralmente com verba pública via lei Rouanet, que durante o ano passado direcionou cerca de R$ 180 milhões à execução de projetos do setor, segundo assessoria de imprensa do Ministério da Cultura.
O texto da lei do esporte, inicialmente, prevê que 95% dos custos do projeto seriam pagos com o dinheiro oriundo da renúncia fiscal. O contribuinte arcaria com os 5% restantes.
A idéia é que normatização posterior aumente ainda mais a contribuição da empresa.
""Esse foi um dos detalhes sobre os quais mais me bati durante as discussões da lei", critica Lars Grael. ""Ou então, não é realmente uma parceria, mas somente o privado fazendo nada mais do que um adiantamento do dinheiro, e o governo arcando com a conta no final."
Também, assim como a lei Rouanet criou o Fundo Nacional da Cultura, órgão de captação de recursos, a lei do Esporte planeja um Fundo Nacional de Desenvolvimento do Esporte.
A Cultura discute dispositivos para pulverizar as suas ações fora do eixo Rio-SP; o documento do esporte já prevê esse tipo de descentralização.
A lei de incentivos fiscais é discutida entre Esporte e Fazenda, que já revisou minuta e a devolveu ao departamento técnico do Esporte para correções de itens que não estavam em concordância com as instruções normativas que consolidam as leis de incentivo fiscal.
A minuta deve ser reenviada à Fazenda, que confirmou o diálogo entre os ministérios. A Folha apurou que na semana passada representante da Receita Federal discutiu os ajustes com o Esporte. (EO)
Especialistas divergem sobre veto a salários
DA REPORTAGEM LOCAL
O item que trata da proibição de pagamento de salários a profissionais separa ministério de representantes de entidades esportivas.
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, acredita que o artigo só afeta os jogadores de futebol, pois é ""a única atividade esportiva reconhecida como profissão pela legislação brasileira".
Nuzman discorda de funcionários do Ministério do Esporte, como o secretário-executivo Orlando Silva Júnior, que, na Conferência Municipal de Esporte, em São Paulo, explicou que a proibição se estenderia para outras modalidades, como vôlei e basquete.
Lars Grael, ex-secretário da Juventude de SP, diz que atletas de algumas modalidades de alto rendimento poderiam receber verba proveniente da renúncia fiscal, pois configuraria ajuda de custo.
O advogado especialista em direito esportivo Heraldo Panhoca é mais radical ao dizer que o artigo é inconstitucional. ""Perante a constituição todos são iguais, não é certo atletas não-profissionais receberem e excluir os profissionais. O que deveria ser feito para evitar desníveis é a criação de teto para os profissionais." (EO)
Fonte: Folha de São Paulo - 05/06/2004
1/6/2004 às 18:54h - Senado aprova bolsa de até R$ 2,5 mil para atletas
A Comissão de Educação (CE) aprovou nesta terça-feira (1) parecer favorável ao projeto de lei da Câmara nº 22/2004, de autoria do atual ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, que institui a Bolsa-Atleta, destinada a praticantes de modalidades olímpicas e paraolímpicas. Os beneficiados poderão receber auxílio mensal de R$ 300 a R$ 2500.
Na opinião do relator da matéria, senador Osmar Dias (PDT-PR) - que preside a CE -, o projeto, que segue para o Plenário, ajudará a alargar a base da “pirâmide esportiva” brasileira. Ampliando-se a prática esportiva, observou, o país estará oferecendo entretenimento para os jovens e reduzindo gastos em saúde e em programas de combate às drogas e à violência.
- Este último ponto é fundamental no momento em que observamos o crescimento da violência em nosso país. O esporte forma não só ídolos, mas principalmente serve para afastar os jovens da criminalidade - afirmou Osmar Dias.
A proposta estabelece que a concessão da bolsa não gera nenhum vínculo entre os atletas beneficiados e a administração pública federal. Além disso, enumera várias condições para o usufruto do benefício, entre os quais a vinculação a alguma entidade de prática esportiva e o não recebimento de patrocínio de pessoas jurídicas, públicas ou privadas, além da participação, no ano anterior, de competição esportiva no Brasil ou no exterior.
O relator decidiu manter o texto original da Câmara, apenas com emendas de redação, apesar de ver com reservas algumas das limitações. A seu ver, após uma alteração feita pelo Senado dificilmente a proposta seria votada com rapidez mais uma vez pela Câmara, inviabilizando a sua sanção pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes da partida dos atletas brasileiros rumo às Olimpíadas de Atenas.
O senador Hélio Costa (PMDB-MG) também apoiou a aprovação da matéria, embora discordasse da proibição de recebimento da bolsa por atletas que tenham patrocínio. O senador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) elogiou a inclusão, na proposta, de modalidades paraolímpicas. E lembrou que já funciona, em Niterói (RJ), o maior centro paraolímpico da América Latina. Por sua vez, Flávio Arns (PT-PR) disse que a aprovação do projeto é “essencial para os paraolímpicos”.
Ainda durante a discussão, Demostenes Torres (PFL-GO) observou que o projeto “tem tudo para ser implementado”, uma vez que seu autor é o atual ministro dos Esportes. O senador José Jorge (PFL-PE) criticou o item que limita a bolsa de categoria internacional aos atletas que tenham obtido até o terceiro lugar em competições com atletas de outros países. A seu ver, os primeiros colocados nessas competições geralmente já dispõem de patrocínio.
Isso ainda vai dar pano para manga...
Mais informações no site do Ministério do Esporte
Mais CONCEITOS...
STAKEHOLDER - Termo em inglês amplamente utilizado para designar as partes interessadas, ou seja, qualquer indivíduo ou grupo que possa afetar a empresa por meio de suas opiniões ou ações, ou ser por ela afetado. Há uma tendência cada vez maior em se considerar stakeholder quem se julgue como tal.
PARCEIROS - Organizações com as quais se estabelece um relacionamento especial e estreito em função de fatores e razões diversas.
COLABORADORES - Todos aqueles que estão envolvidos na execução das atividades de uma organização como empregados, prestadores de serviços e funcionários terceirizados.
BALANÇO SOCIAL - Balanço social é um meio de dar transparência às atividades corporativas através de um levantamento dos principais indicadores de desempenho econômico, social e ambiental da empresa. Além disto, é um instrumento que amplia o diálogo com todos os públicos com os quais a empresa relaciona-se: acionistas, consumidores e clientes, comunidade vizinha, funcionários, fornecedores, governo, organizações não-governamentais, mercado financeiro e a sociedade em geral. Durante sua realização, o balanço social funciona também como uma ferramenta de auto-avaliação, já que dá a empresa uma visão geral sobre sua gestão e o alinhamento dos valores e objetivos presentes e futuros da empresa com seus resultados atuais.
PARCEIROS - Organizações com as quais se estabelece um relacionamento especial e estreito em função de fatores e razões diversas.
COLABORADORES - Todos aqueles que estão envolvidos na execução das atividades de uma organização como empregados, prestadores de serviços e funcionários terceirizados.
BALANÇO SOCIAL - Balanço social é um meio de dar transparência às atividades corporativas através de um levantamento dos principais indicadores de desempenho econômico, social e ambiental da empresa. Além disto, é um instrumento que amplia o diálogo com todos os públicos com os quais a empresa relaciona-se: acionistas, consumidores e clientes, comunidade vizinha, funcionários, fornecedores, governo, organizações não-governamentais, mercado financeiro e a sociedade em geral. Durante sua realização, o balanço social funciona também como uma ferramenta de auto-avaliação, já que dá a empresa uma visão geral sobre sua gestão e o alinhamento dos valores e objetivos presentes e futuros da empresa com seus resultados atuais.
quinta-feira, junho 03, 2004
quarta-feira, junho 02, 2004
Como as empresas definem qual área (social, cultural, esportiva, etc.) engajar?
No 2º Seminário "com Atitude",empresários como o Sr.Edemar Cid Ferreira (Banco Santos)revelou que foi a partir de um hobby pessoal de colecionar mapas antigos. Ampliou seu acervo para uma montar uma exposição "Tesouro dos Mapas - A Cartografia na Formação do Brasil" e desde que criou o Instituto Cultural Banco Santos (que tem recebido outras exposições) passou a patrocinar outras exposições de artes e outros projetos na área cultural.
Visite o site www.bancosantos.com.br
Já o Grupo Credicard tem concentrado seu apoio na área cultural, patrocinando filmes, peças de teatro e shows, por reforçar a identidade da marca junto ao seu cliente. Segundo Roberto Lima, presidente do grupo, o Instituto Credicard já patrocina outros projetos da área esportiva e educacional no país.
Site www.credicard.com.br
Inicialmente o que pesou para a Companhia Suzano, devido ao uso de sua matéria-prima (eucalípto) ser um recurso disponível na natureza, foi o impacto ambiental. O replantio e a preservação era uma questão importante até para a sobrevivência de seu negócio. Atualmente a empresa desenvolve programas em diversas áreas. Como afirma a Diretora de Identidade Corporativa, Simone de Carvalho Soares, - o mais importante é a disseminação destas práticas dentro da empresa,a conscientização dos funcionários e também da comunidade é que permitem a realização dos projetos.
Uma das premissas que constam no site www.suzano.com.br
Ciente de que a manutenção do meio ambiente é um dever de todas as empresas do país, a Bahia Sul investe no desenvolvimento de programas baseados no respeito pela natureza. A responsabilidade de lutar pela preservação ambiental faz da Bahia Sul um exemplo na aplicação de tecnologias e melhorias nos processos, a fim de prevenir e reduzir dos impactos sobre os recursos naturais.
Visite o site www.bancosantos.com.br
Já o Grupo Credicard tem concentrado seu apoio na área cultural, patrocinando filmes, peças de teatro e shows, por reforçar a identidade da marca junto ao seu cliente. Segundo Roberto Lima, presidente do grupo, o Instituto Credicard já patrocina outros projetos da área esportiva e educacional no país.
Site www.credicard.com.br
Inicialmente o que pesou para a Companhia Suzano, devido ao uso de sua matéria-prima (eucalípto) ser um recurso disponível na natureza, foi o impacto ambiental. O replantio e a preservação era uma questão importante até para a sobrevivência de seu negócio. Atualmente a empresa desenvolve programas em diversas áreas. Como afirma a Diretora de Identidade Corporativa, Simone de Carvalho Soares, - o mais importante é a disseminação destas práticas dentro da empresa,a conscientização dos funcionários e também da comunidade é que permitem a realização dos projetos.
Uma das premissas que constam no site www.suzano.com.br
Ciente de que a manutenção do meio ambiente é um dever de todas as empresas do país, a Bahia Sul investe no desenvolvimento de programas baseados no respeito pela natureza. A responsabilidade de lutar pela preservação ambiental faz da Bahia Sul um exemplo na aplicação de tecnologias e melhorias nos processos, a fim de prevenir e reduzir dos impactos sobre os recursos naturais.
terça-feira, junho 01, 2004
CONCEITOS
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPESARIAL - É a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.
AÇÃO SOCIAL - É qualquer atividade realizada pelas empresas para atender às comunidades em suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não-governamentais, associações comunitárias, etc.), em áreas como assistência social, alimentação, saúde, educação, cultura, meio ambiente e desenvolvimento comunitário. Abrange desde pequenas doações a pessoas ou instituições até ações estruturadas, com uso planejado e monitorado de recursos, seja pela própria empresa, por fundações e institutos de origem empresarial ou por indivíduos especialmente contratados para a atividade.
DIVERSIDADE - Princípio básico de cidadania que visa assegurar a cada um condições de pleno desenvolvimento de seus talentos e de suas potencialidade, considerando a busca por oportunidades iguais e respeito à dignidade de todas as pessoas. A prática da diversidade representa a efetivação do direito à diferença, criando condições e ambientes em que as pessoas possam agir em conformidade com seus valores individuais.
AÇÃO SOCIAL - É qualquer atividade realizada pelas empresas para atender às comunidades em suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não-governamentais, associações comunitárias, etc.), em áreas como assistência social, alimentação, saúde, educação, cultura, meio ambiente e desenvolvimento comunitário. Abrange desde pequenas doações a pessoas ou instituições até ações estruturadas, com uso planejado e monitorado de recursos, seja pela própria empresa, por fundações e institutos de origem empresarial ou por indivíduos especialmente contratados para a atividade.
DIVERSIDADE - Princípio básico de cidadania que visa assegurar a cada um condições de pleno desenvolvimento de seus talentos e de suas potencialidade, considerando a busca por oportunidades iguais e respeito à dignidade de todas as pessoas. A prática da diversidade representa a efetivação do direito à diferença, criando condições e ambientes em que as pessoas possam agir em conformidade com seus valores individuais.
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