segunda-feira, março 28, 2005
sexta-feira, março 25, 2005
quinta-feira, março 24, 2005
O VALOR DA RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS
Responsabilidade social corporativa utilizada como vantagem competitiva.
As corporações estão percebendo que agir com responsabilidade social pode trazer resultados muito vantajosos do ponto de vista competitivo. Em um ambiente globalizado, com clientes cada vez mais exigentes e conscientes da responsabilidade social empresarial, esta estratégia não pode mais ser ignorada.
Atualmente, o grande desafio das organizações é conseguir converter estas estratégias em vantagem competitiva. Uma pesquisa com gerentes de marketing descobriu uma ligação direta entre responsabilidade social corporativa e lucros. Nesta pesquisa, 90% dos consumidores indicaram que, quando a qualidade, o serviço e os preços entre os concorrentes se equivalem, eles tendem a optar pela empresa com melhor reputação quanto à responsabilidade social. Além disso, 54% pagariam mais por um produto que apóia uma causa com a qual eles se preocupam, 66% mudariam de marca para apoiar esta causa e 62% trocariam de varejista.
Segundo Porter (1989), a concorrência está no âmago do sucesso ou do fracasso das empresas, determinando a adequação das atividades que podem contribuir para seu desempenho, como inovações, uma cultura coesa ou uma boa implementação. A estratégia competitiva visa a estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência na indústria.
Objetivos econômicos e sociais são vistos, há muito tempo, como distintos e muitas vezes concorrendo entre si. Isto representa uma falsa dicotomia, uma perspectiva completamente obsoleta num mundo de competição aberta e fundamentada no conhecimento. As empresas não mais operam isoladas da sociedade que a cerca. A rigor, a capacidade de competir depende muito das circunstâncias dos locais onde opera. Quanto mais relacionada estiver a melhoria social com a área de atuação da empresa, mais ela irá gerar benefícios econômicos.
Normalmente os investimentos feitos pelas organizações são voltados para o seu próprio benefício, não trazendo implicações de cunho social. Investimentos corporativos destinados exclusivamente às causas sociais, sem nenhuma relação com a atividade da empresa, contribuem apenas para estas causas. Isto significa que as contribuições empresariais nem sempre trazem competitividade à empresa. Somente quando os investimentos garantem simultaneamente benefícios sociais e econômicos é que teremos uma convergência entre responsabilidade social e interesses econômicos.
Uma empresa, ao apoiar as causas certas da forma certa, põe em funcionamento um ciclo virtuoso. Ao focar as condições contextuais mais relevantes para seu ramo de atividade e para suas estratégias, garante que as suas habilidades empresariais serão especialmente apropriadas para ajudar os beneficiários a criar mais valor. E, ao reforçar o valor produzido pelas ações socialmente responsáveis na sua área, acentua a melhora do contexto competitivo. O que reverte em importantes benefícios tanto para a empresa quanto para as causas que apóia.
Um exemplo desta premissa pode ser observado quando uma empresa investe em uma universidade ou escola local. Neste caso a empresa estará contribuindo para uma causa social, que é a melhoria do sistema educacional e o conseqüente aumento das oportunidades profissionais, principalmente para a população de mais baixa renda da região. Esta contribuição representa um benefício social. Em contrapartida, haverá um número maior de pessoas capacitadas que poderá suprir as necessidades da empresa com relação a sua força de trabalho, podendo assim incrementar sua produtividade. Este é um dos benefícios econômicos que advém, inicialmente, de um benefício social. Há também uma melhoria da qualidade de vida da população local, o que contribui, entre outras coisas, para atrair profissionais e serviços especializados de outras regiões.
A responsabilidade social corporativa também pode trazer influências na formação de um ambiente competitivo, mais produtivo e transparente na medida em que políticas que propiciam o investimento, protejam a propriedade intelectual, induzam a abertura comercial de mercados locais, acabem com cartéis e monopólios e reduzam a corrupção.
Empresas que são socialmente responsáveis interagem melhor com o meio em que estão inseridas e por isto, conhecem melhor os mercados e suas variações, absorvem com maior eficiência e rapidez as diferentes tendências que afetam o mundo empresarial neste contesto de globalização. Este, então, passa a ser um grande diferencial competitivo para estas instituições.
Investir em programas sociais, além de melhorar as condições de vida da comunidade faz com que os consumidores e clientes sejam mais fieis à empresa e com isto cria-se uma importante vantagem competitiva. Ter seus produtos associados a uma imagem de ética e cidadania, perante a sociedade, clientes e consumidores certamente será o seu maior marketing empresarial.
Investimentos ambientais são necessários não somente parta atender a legislação vigente, mas para assegurar recursos naturais futuros, indispensáveis à sobrevivência das empresas, e para contribuir para a própria sobrevivência das gerações futuras. A responsabilidade ambiental, atualmente, é indispensável para que a empresa tenha respaldo social e com isto, a aceitação de seus produtos.
Segundo Slack (1993), todo melhoramento em desempenho, pelo menos potencialmente, vale a pena, mas o passo marginal que leva a empresa além do desempenho dos seus concorrentes é de longe o mais valioso. A mais significativa arrancada para a competitividade virá quando o desempenho dos fatores "ganhadores de pedidos" for elevado acima do nível dos concorrentes.
Todos os pontos destacados são potenciais vantagens competitivas e servem de base para uma organização mais forte e moderna. Em uma sociedade globalizada, onde as informações e os meios de comunicação estão cada vez mais presentes, não há dúvidas de que estes são os grandes desafios corporativos nestes novos tempos.
* Márcio M. Siqueira é Mestrando em Engenharia de Produção da Univila / Unimep
Fonte - Site Ethos
As corporações estão percebendo que agir com responsabilidade social pode trazer resultados muito vantajosos do ponto de vista competitivo. Em um ambiente globalizado, com clientes cada vez mais exigentes e conscientes da responsabilidade social empresarial, esta estratégia não pode mais ser ignorada.
Atualmente, o grande desafio das organizações é conseguir converter estas estratégias em vantagem competitiva. Uma pesquisa com gerentes de marketing descobriu uma ligação direta entre responsabilidade social corporativa e lucros. Nesta pesquisa, 90% dos consumidores indicaram que, quando a qualidade, o serviço e os preços entre os concorrentes se equivalem, eles tendem a optar pela empresa com melhor reputação quanto à responsabilidade social. Além disso, 54% pagariam mais por um produto que apóia uma causa com a qual eles se preocupam, 66% mudariam de marca para apoiar esta causa e 62% trocariam de varejista.
Segundo Porter (1989), a concorrência está no âmago do sucesso ou do fracasso das empresas, determinando a adequação das atividades que podem contribuir para seu desempenho, como inovações, uma cultura coesa ou uma boa implementação. A estratégia competitiva visa a estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência na indústria.
Objetivos econômicos e sociais são vistos, há muito tempo, como distintos e muitas vezes concorrendo entre si. Isto representa uma falsa dicotomia, uma perspectiva completamente obsoleta num mundo de competição aberta e fundamentada no conhecimento. As empresas não mais operam isoladas da sociedade que a cerca. A rigor, a capacidade de competir depende muito das circunstâncias dos locais onde opera. Quanto mais relacionada estiver a melhoria social com a área de atuação da empresa, mais ela irá gerar benefícios econômicos.
Normalmente os investimentos feitos pelas organizações são voltados para o seu próprio benefício, não trazendo implicações de cunho social. Investimentos corporativos destinados exclusivamente às causas sociais, sem nenhuma relação com a atividade da empresa, contribuem apenas para estas causas. Isto significa que as contribuições empresariais nem sempre trazem competitividade à empresa. Somente quando os investimentos garantem simultaneamente benefícios sociais e econômicos é que teremos uma convergência entre responsabilidade social e interesses econômicos.
Uma empresa, ao apoiar as causas certas da forma certa, põe em funcionamento um ciclo virtuoso. Ao focar as condições contextuais mais relevantes para seu ramo de atividade e para suas estratégias, garante que as suas habilidades empresariais serão especialmente apropriadas para ajudar os beneficiários a criar mais valor. E, ao reforçar o valor produzido pelas ações socialmente responsáveis na sua área, acentua a melhora do contexto competitivo. O que reverte em importantes benefícios tanto para a empresa quanto para as causas que apóia.
Um exemplo desta premissa pode ser observado quando uma empresa investe em uma universidade ou escola local. Neste caso a empresa estará contribuindo para uma causa social, que é a melhoria do sistema educacional e o conseqüente aumento das oportunidades profissionais, principalmente para a população de mais baixa renda da região. Esta contribuição representa um benefício social. Em contrapartida, haverá um número maior de pessoas capacitadas que poderá suprir as necessidades da empresa com relação a sua força de trabalho, podendo assim incrementar sua produtividade. Este é um dos benefícios econômicos que advém, inicialmente, de um benefício social. Há também uma melhoria da qualidade de vida da população local, o que contribui, entre outras coisas, para atrair profissionais e serviços especializados de outras regiões.
A responsabilidade social corporativa também pode trazer influências na formação de um ambiente competitivo, mais produtivo e transparente na medida em que políticas que propiciam o investimento, protejam a propriedade intelectual, induzam a abertura comercial de mercados locais, acabem com cartéis e monopólios e reduzam a corrupção.
Empresas que são socialmente responsáveis interagem melhor com o meio em que estão inseridas e por isto, conhecem melhor os mercados e suas variações, absorvem com maior eficiência e rapidez as diferentes tendências que afetam o mundo empresarial neste contesto de globalização. Este, então, passa a ser um grande diferencial competitivo para estas instituições.
Investir em programas sociais, além de melhorar as condições de vida da comunidade faz com que os consumidores e clientes sejam mais fieis à empresa e com isto cria-se uma importante vantagem competitiva. Ter seus produtos associados a uma imagem de ética e cidadania, perante a sociedade, clientes e consumidores certamente será o seu maior marketing empresarial.
Investimentos ambientais são necessários não somente parta atender a legislação vigente, mas para assegurar recursos naturais futuros, indispensáveis à sobrevivência das empresas, e para contribuir para a própria sobrevivência das gerações futuras. A responsabilidade ambiental, atualmente, é indispensável para que a empresa tenha respaldo social e com isto, a aceitação de seus produtos.
Segundo Slack (1993), todo melhoramento em desempenho, pelo menos potencialmente, vale a pena, mas o passo marginal que leva a empresa além do desempenho dos seus concorrentes é de longe o mais valioso. A mais significativa arrancada para a competitividade virá quando o desempenho dos fatores "ganhadores de pedidos" for elevado acima do nível dos concorrentes.
Todos os pontos destacados são potenciais vantagens competitivas e servem de base para uma organização mais forte e moderna. Em uma sociedade globalizada, onde as informações e os meios de comunicação estão cada vez mais presentes, não há dúvidas de que estes são os grandes desafios corporativos nestes novos tempos.
* Márcio M. Siqueira é Mestrando em Engenharia de Produção da Univila / Unimep
Fonte - Site Ethos
quarta-feira, março 23, 2005
CÓPIA DE SEGURANÇA
Plantas consertam defeitos genéticos, diz estudo
Descoberta contraria lei de Mendel - genoma não seria feito de DNA
Nicholas Wade - Em Nova York
Em descoberta impressionante, geneticistas de Universidade Purdue concluíram que as plantas possuem uma versão correta dos genes defeituosos herdados dos pais, como se alguma cópia de segurança com a versão correta tivesse sido feita na geração dos avós ou mesmo antes.
Segundo Robert Pruitt/Purdue University via NYT
A descoberta implica que alguns organismos podem conter uma cópia de segurança codificada em seu genoma que ultrapassa os mecanismos normais de hereditariedade. Se confirmada, representaria uma exceção sem precedentes das leis de hereditariedade descobertas por Gregor Mendel, no século 19. Igualmente surpreendente, o genoma alternativo não seria composto por DNA, material hereditário padrão. A descoberta também gera questões biológicas interessantes. Ela pode, por exemplo, atrapalhar a evolução, que depende das mutações."Parece uma descoberta maravilhosa", disse Elliott Meyerowitz, geneticista de plantas do Instituto de Tecnologia da Califórnia. David Haig, especialista em evolução de Harvard, descreveu a descoberta como "um resultado realmente estranho e inesperado", que poderá ser importante se for confirmado e ocorrer amplamente na natureza.O resultado, divulgado nesta terça-feira (22/03) na revista "Nature" por Robert E. Pruitt, Susan J. Lolle e colaboradores da Purdue, foi encontrado em uma única espécie, a planta Arabidopsis, que é um modelo de laboratório para geneticistas. Há indicações, entretanto, de que o mesmo mecanismo poderia ocorrer em humanos, de acordo com um comentário de Detlef Weigel do Instituto Max-Planck de Biologia do Desenvolvimento em Tuebingen, Alemanha.
Weigel descreve o trabalho da Purdue como "uma descoberta espetacular". A conclusão surgiu de um projeto de pesquisa iniciado há três anos, no qual Pruitt e Lolle estavam tentando compreender os genes que controlam a cutícula da planta. Como parte do projeto, estavam estudando plantas com um gene modificado, que faz com que suas pétalas e outros órgãos florais se aglomerem. Como as duas cópias do gene da planta estavam na forma modificada, não havia chance alguma da segunda geração ser normal.Mas até 10% da segunda geração se revertia para o normal. Vários eventos raros podem fazer isso acontecer, mas nenhum envolve a alteração da seqüência das unidades de DNA de um gene. Entretanto, quando os pesquisadores analisaram o gene que sofreu a mutação, conhecido como "cabeça quente", viram que as unidades anteriormente modificadas tinham voltado a sua forma normal."Foi um momento de choque completo", disse Pruitt.
Um gene que sofreu mutação pode ser corrigido por vários mecanismos conhecidos, mas todos requerem uma cópia do gene correto para servir de modelo. A equipe de Purdue procurou em todo o DNA da Arabidopsis uma segunda cópia escondida do gene da cabeça quente, mas não a encontrou.Pruitt e seus colegas argumentam que deve haver um modelo correto, mas que provavelmente existe como RNA, parente próximo do DNA.
O RNA executa muitos papéis importantes na célula e é o material hereditário de alguns vírus. Mas é menos estável que o DNA e então é considerado inadequado para preservar a informação genética de organismos superiores. Pruitt defende a idéia de que há uma cópia de segurança de RNA para todo o genoma, não só para o gene da cabeça quente, e que pode ser ativada quando a planta está sob estresse, como no caso das que têm os genes da cabeça quente modificados. Ele e outros especialistas disseram que era possível que uma cópia completa do genoma existisse na forma de RNA sem ser detectada, já que não havia razão até agora para procurá-la.Muitas vezes, as revistas científicas levam meses ou anos para publicar artigos que apresentam novas idéias. Mas a "Nature" aceitou o estudo seis semanas após recebê-lo.
Christopher Surridge, editor de biologia da Nature, disse que a descoberta tinha sido discutida em conferências científicas por um bom tempo. Várias pessoas disseram que era impossível e propuseram explicações alternativas, mas os autores verificaram todas e as descartaram, disse Surridge.
Quanto à proposta de um genoma de reserva em RNA, "isso ainda é uma hipótese --basicamente a menos louca para explicar o que está acontecendo", disse Surridge.
Tradução: Deborah Weinberg
Visite o site do The New York Times
Descoberta contraria lei de Mendel - genoma não seria feito de DNA
Nicholas Wade - Em Nova York
Em descoberta impressionante, geneticistas de Universidade Purdue concluíram que as plantas possuem uma versão correta dos genes defeituosos herdados dos pais, como se alguma cópia de segurança com a versão correta tivesse sido feita na geração dos avós ou mesmo antes.
Segundo Robert Pruitt/Purdue University via NYT
A descoberta implica que alguns organismos podem conter uma cópia de segurança codificada em seu genoma que ultrapassa os mecanismos normais de hereditariedade. Se confirmada, representaria uma exceção sem precedentes das leis de hereditariedade descobertas por Gregor Mendel, no século 19. Igualmente surpreendente, o genoma alternativo não seria composto por DNA, material hereditário padrão. A descoberta também gera questões biológicas interessantes. Ela pode, por exemplo, atrapalhar a evolução, que depende das mutações."Parece uma descoberta maravilhosa", disse Elliott Meyerowitz, geneticista de plantas do Instituto de Tecnologia da Califórnia. David Haig, especialista em evolução de Harvard, descreveu a descoberta como "um resultado realmente estranho e inesperado", que poderá ser importante se for confirmado e ocorrer amplamente na natureza.O resultado, divulgado nesta terça-feira (22/03) na revista "Nature" por Robert E. Pruitt, Susan J. Lolle e colaboradores da Purdue, foi encontrado em uma única espécie, a planta Arabidopsis, que é um modelo de laboratório para geneticistas. Há indicações, entretanto, de que o mesmo mecanismo poderia ocorrer em humanos, de acordo com um comentário de Detlef Weigel do Instituto Max-Planck de Biologia do Desenvolvimento em Tuebingen, Alemanha.
Weigel descreve o trabalho da Purdue como "uma descoberta espetacular". A conclusão surgiu de um projeto de pesquisa iniciado há três anos, no qual Pruitt e Lolle estavam tentando compreender os genes que controlam a cutícula da planta. Como parte do projeto, estavam estudando plantas com um gene modificado, que faz com que suas pétalas e outros órgãos florais se aglomerem. Como as duas cópias do gene da planta estavam na forma modificada, não havia chance alguma da segunda geração ser normal.Mas até 10% da segunda geração se revertia para o normal. Vários eventos raros podem fazer isso acontecer, mas nenhum envolve a alteração da seqüência das unidades de DNA de um gene. Entretanto, quando os pesquisadores analisaram o gene que sofreu a mutação, conhecido como "cabeça quente", viram que as unidades anteriormente modificadas tinham voltado a sua forma normal."Foi um momento de choque completo", disse Pruitt.
Um gene que sofreu mutação pode ser corrigido por vários mecanismos conhecidos, mas todos requerem uma cópia do gene correto para servir de modelo. A equipe de Purdue procurou em todo o DNA da Arabidopsis uma segunda cópia escondida do gene da cabeça quente, mas não a encontrou.Pruitt e seus colegas argumentam que deve haver um modelo correto, mas que provavelmente existe como RNA, parente próximo do DNA.
O RNA executa muitos papéis importantes na célula e é o material hereditário de alguns vírus. Mas é menos estável que o DNA e então é considerado inadequado para preservar a informação genética de organismos superiores. Pruitt defende a idéia de que há uma cópia de segurança de RNA para todo o genoma, não só para o gene da cabeça quente, e que pode ser ativada quando a planta está sob estresse, como no caso das que têm os genes da cabeça quente modificados. Ele e outros especialistas disseram que era possível que uma cópia completa do genoma existisse na forma de RNA sem ser detectada, já que não havia razão até agora para procurá-la.Muitas vezes, as revistas científicas levam meses ou anos para publicar artigos que apresentam novas idéias. Mas a "Nature" aceitou o estudo seis semanas após recebê-lo.
Christopher Surridge, editor de biologia da Nature, disse que a descoberta tinha sido discutida em conferências científicas por um bom tempo. Várias pessoas disseram que era impossível e propuseram explicações alternativas, mas os autores verificaram todas e as descartaram, disse Surridge.
Quanto à proposta de um genoma de reserva em RNA, "isso ainda é uma hipótese --basicamente a menos louca para explicar o que está acontecendo", disse Surridge.
Tradução: Deborah Weinberg
Visite o site do The New York Times
domingo, março 20, 2005
SOBRINHO ESPERTO
sábado, março 19, 2005
PAGANDO MICO
quinta-feira, março 17, 2005
A COMPETÊNCIA DA HORA - RESILIÊNCIA
A forma como você suporta as pressões diz muito sobre sua capacidade de obter sucesso na carreira
Durante quatro anos, de 1999 a 2003, o executivo mexicano Micael Cimet, 51 anos, presidente da EDS para a América Latina, viveu uma espécie de inferno astral. Dick Brown, o CEO mundial da empresa na época, tinha um estilo de trabalho completamente oposto ao seu. "Nós não estávamos na mesma sintonia", diz ele. Micael queria mudanças profundas, transparentes e verdadeiras, enquanto Dick, segundo ele, buscava soluções de curto prazo e superficiais. E nessas horas, para Micael, há somente duas alternativas: ou fugir da encrenca ou ficar e lutar por aquilo que acredita. Ele optou por permanecer. A cada nova crise no relacionamento, Micael assimilava os golpes, procurava relevar as rusgas e jamais perder a paciência para não contaminar toda a equipe com crises de mau humor. A estratégia deu certo. Em 2003, Dick deixou a empresa e Micael pôde continuar seu trabalho com mais tranqüilidade. Essa capacidade de Micael de resistir à pressão, de ser flexível ao extremo e de não perder a cabeça em momentos de tensão é algo cada vez mais valorizado pelas organizações. Tornou-se tão importante que ganhou até mesmo um nome: resiliência, expressão que no dicionário é definida como a capacidade de um objeto de resistir a choques. Transportada para o universo corporativo, pode ser traduzida como a capacidade de um indivíduo ir de um extremo ao outro dos seus limites, como se fosse um elástico, sem se romper. E, se você não possui essa capacidade, precisa começar a desenvolvê-la rapidamente. De acordo com o consultor Eduardo Carmello, autor do livro Supere: A Arte de Lidar com as Adversidades (Editora Gente, 95 páginas), 80% das pessoas têm suas competências diminuídas ou ocultadas quando passam por situações adversas e não conseguem lidar bem com elas. Portanto, a flexibilidade e a resistência nos momentos de tensão facilitam muito a vida. "O resiliente é uma espécie de equilibrista de pratos do circo", diz Eline Kullock, presidente do Grupo Focos, consultoria especializada em recursos humanos. "A pessoa tem de estar muito concentrada e consciente do que está fazendo para manter todos os pratos equilibrados. E, se um deles cair, não pode se abalar, pois precisa continuar girando os demais e prosseguir com sua apresentação." O consultor e palestrante Tom Coelho concorda com Eline. "O resiliente se torna ator de seu destino. Ele não se abate, não se queixa e não se curva. Se algo dá errado, procura compreender as razões do fracasso e tenta reverter o quadro."
Maiores chances de sucesso Por terem uma postura tão proativa e ao mesmo tempo não se abater diante das dificuldades que encontram no dia-a-dia, os profissionais resilientes são cada vez mais cobiçados para ocupar cargos estratégicos nas organizações. "Os resilientes são muito valorizados atualmente", afirma a headhunter Iêda Novais, da Mariaca & Associates.
Várias organizações já criaram ações para desenvolver essa competência em seus funcionários. A Phillips, por exemplo, desenvolveu o Projeto Ação Inteligente Contínua exatamente para torná-los mais flexíveis e tolerantes às mudanças. "Se a companhia oferece condições para o profissional pensar, refletir e raciocinar melhor, seguramente ele irá produzir mais", diz Elizabeth Amadei Nogueira, assessora do departamento de saúde e qualidade de vida da empresa. A Bosch, por sua vez, promove há dez anos uma série de atividades que visa aumentar em seus colaboradores a capacidade de suportar as pressões do dia-a-dia, além de lidar com situações adversas de maneira mais saudável. O programa começa com a avaliação 360 graus e o mapeamento das competências individuais. Se houver necessidade, a pessoa que tem deficiências passa a participar de eventos como seminários, jogos e atividades esportivas que a estimulam a superar limites, correr riscos e trabalhar com uma série de situações imprevisíveis. "Já que não é possível eliminar a pressão, acreditamos que o melhor é trabalhar o fortalecimento da resiliência em nossa equipe", diz Arlene Heiderich, gerente de recursos humanos para a América Latina.
Marcelo Munerato de Almeida, 34 anos, diretor executivo da AON Consulting, é outro bom exemplo de profissional resiliente. Ele lembra de quando recebeu um convite para substituir um executivo de uma empresa recém-adquirida pela AON em Belo Horizonte que tinha praticamente o dobro da sua idade. Marcelo estava com 29 anos na época. Os outros executivos, que ficariam sob seu comando, também eram bem mais velhos. "Resolvi usar os fatores adversos, como a pressão e a desconfiança, para motivar a equipe a alcançar os resultados", afirma. "Adotei o discurso de que eu não chegaria a lugar algum sozinho e que precisava da ajuda deles. Valorizei o trabalho de cada um, apesar da resistência de algumas pessoas, e aos poucos o quadro foi melhorando." Em um ano, todos assimilaram a cultura da AON.
Saúde em dia Saber enfrentar melhor os problemas tem também um impacto positivo na saúde. Segundo uma pesquisa realizada no Brasil pela International Stress Management Association (Isma-Brasil), 83% das pessoas não podem ser consideradas resilientes. Ainda de acordo com o estudo, 80% desses entrevistados têm mais chances de desenvolver problemas emocionais como depressão e ansiedade; 75% de apresentar sintomas físicos como dores de cabeça e musculares, azia e alergias; e 72% de ter desvios comportamentais como agressividade, passividade e dependência química.
Ser resiliente, portanto, faz com que a pessoa não se estresse tanto. Ana Maria Rossi, presidente da Isma-Brasil, diz que isso, por si só, já deveria ser suficiente para que as pessoas se conscientizassem da necessidade de ser mais flexíveis. "Nem todo mundo que é resiliente consegue alcançar o sucesso que sonhava", diz. "Mas o que realmente está em jogo não são os resultados que a pessoa obterá no futuro, e sim o preço do desgaste físico e emocional."
Para se tornar uma pessoa resiliente não é preciso estudar nenhuma técnica. Para Marcelo Munerato, da AON, a busca pelo autoconhecimento foi fundamental. "O trabalho voluntário, por exemplo, me deu muitas lições de vida. Se aquela pessoa que você ajuda vive precariamente e sorri, porque você não pode fazer o mesmo?"
EM BUSCA DO EQUILÍBRIO Dez dicas para você se tornar uma pessoa resiliente:
1. Em vez de se perguntar "por que isso aconteceu comigo?", procure se incluir na situação.
2. Crie significado para a sua realidade de vida. Ele lhe dará a esperança de um futuro melhor.
3. Procure conhecer a verdadeira dimensão dos problemas. Os boatos só alimentam a tensão e o desespero.
4. Separe quem você é do que você faz.
5. Tente visualizar seu futuro próximo e antecipar acontecimentos para fazer frente às transformações de cenário.
6. Não perca tempo com reclamações. Procure solucionar o problema.
7. Fique atento aos seus sentimentos e às necessidades de seu corpo, como sono, cansaço, fome etc.
8. Para não se tornar uma pessoa rígida e inflexível, tenha a criatividade como parceira constante.
9. Cultive e valorize seu poder de escolha.
10. Encare e gerencie as adversidades como situações passageiras.
Clique aqui para testar sua flexibilidade
Fonte: Revista Você S/A
terça-feira, março 15, 2005
DIA DO CONSUMIDOR
Um adolescente bem-sucedido
A dolescente e já faz um grande sucesso? Sim, o Código de Defesa do Consumidor, ainda bem, é uma daquelas raras leis que "pegaram", como se diz no Brasil, país em que outras tantas leis ficam só na boa (ou má) intenção de quem as criou.Esse Código "teen", de 14 anos, é, sem dúvida, uma das poucas leis criadas para beneficiar a esmagadora maioria da população brasileira. Cite, de memória, cinco leis que mudaram nossas vidas para melhor, no Brasil, com a abrangência do Código de Defesa do Consumidor? Se não lembrou, o que está falhando não é sua memória, são os nossos legisladores e juízes, que têm preocupações mais importantes, como reajustes salariais, Ômegas importados com motorista, prédios suntuosos maiores, do que cuidar dos interesses da maioria dos brasileiros.É por isso que o Código, vamos chamá-lo assim, sem adjetivos, parece uma antecipação de um futuro que nunca chega, aquele em que seremos cidadãos respeitados; em que partidos políticos, ao assumir o poder, cumprirão seus programas; em que crianças indígenas não morrerão de fome em meio ao cipoal de incompetência e desprezo pela dignidade humana.A impressão que temos é que o Código foi criado décadas antes da maturidade da cidadania nacional, para estimular a sociedade a lutar por seus direitos, a fazer valer aquela história de governo do povo, para o povo e pelo povo.É claro que não agrada a todos, já que ataca injustificados privilégios centenários. Não agrada, por exemplo, aos bancos, que encontram apoio carinhoso no Banco Central, para se esquivar, digamos, da chateação de serem obrigados a respeitar os direitos dos consumidores. Também não faz muito sucesso com montadoras de veículos, exceto em ações como recalls, quando os defeitos de fabricação podem acarretar danos à segurança do consumidor.As exceções à regra, contudo, não desmerecem o que significa de avanço, de abertura de novos horizontes de cidadania. Talvez, como homenagem aos 14 anos desse menino bem-intencionado, governantes relembrem suas origens humildes e resolvam convidar o sistema financeiro para se ajustar ao Código. Seria um belo presente, não?Ainda bem que muita coisa já foi feita, mas ainda falta muito. E que temos o respaldo legal para agir em prol dos consumidores, que, não nos esqueçamos, são cidadãos, contribuintes e eleitores. Se houvesse um Código de Defesa do Eleitor, quem sabe não poderíamos dar um cartão vermelho a todos aqueles que fazem, no poder, o oposto do que sempre pregaram, na oposição?Quando comemoramos o aniversário e o sucesso do nosso Código, não podemos deixar de lembrar um Código que começou muito bem, o Nacional de Trânsito, mas que, por algum motivo, desandou nos últimos anos, abrindo espaço para retorno dos vergonhosos índices de morte. Talvez, devido à avidez com que os governos apelam para as multas, mas postergam a cassação de carteiras de motoristas, ou empurram com a barriga a inspeção veicular.Nossos votos são que, dos 14 anos, nos encaminhemos, com segurança, para a maioridade desse instrumento de proteção dos direitos de quem não pode contar praticamente com ninguém, muito menos com os que falam, freqüentemente, em povo, povo. Como diz uma música que os quarentões devem conhecer bem: Parole, Parole... Palavras, promessas...
Fonte - Folha / MARIA INÊS DOLCI
A dolescente e já faz um grande sucesso? Sim, o Código de Defesa do Consumidor, ainda bem, é uma daquelas raras leis que "pegaram", como se diz no Brasil, país em que outras tantas leis ficam só na boa (ou má) intenção de quem as criou.Esse Código "teen", de 14 anos, é, sem dúvida, uma das poucas leis criadas para beneficiar a esmagadora maioria da população brasileira. Cite, de memória, cinco leis que mudaram nossas vidas para melhor, no Brasil, com a abrangência do Código de Defesa do Consumidor? Se não lembrou, o que está falhando não é sua memória, são os nossos legisladores e juízes, que têm preocupações mais importantes, como reajustes salariais, Ômegas importados com motorista, prédios suntuosos maiores, do que cuidar dos interesses da maioria dos brasileiros.É por isso que o Código, vamos chamá-lo assim, sem adjetivos, parece uma antecipação de um futuro que nunca chega, aquele em que seremos cidadãos respeitados; em que partidos políticos, ao assumir o poder, cumprirão seus programas; em que crianças indígenas não morrerão de fome em meio ao cipoal de incompetência e desprezo pela dignidade humana.A impressão que temos é que o Código foi criado décadas antes da maturidade da cidadania nacional, para estimular a sociedade a lutar por seus direitos, a fazer valer aquela história de governo do povo, para o povo e pelo povo.É claro que não agrada a todos, já que ataca injustificados privilégios centenários. Não agrada, por exemplo, aos bancos, que encontram apoio carinhoso no Banco Central, para se esquivar, digamos, da chateação de serem obrigados a respeitar os direitos dos consumidores. Também não faz muito sucesso com montadoras de veículos, exceto em ações como recalls, quando os defeitos de fabricação podem acarretar danos à segurança do consumidor.As exceções à regra, contudo, não desmerecem o que significa de avanço, de abertura de novos horizontes de cidadania. Talvez, como homenagem aos 14 anos desse menino bem-intencionado, governantes relembrem suas origens humildes e resolvam convidar o sistema financeiro para se ajustar ao Código. Seria um belo presente, não?Ainda bem que muita coisa já foi feita, mas ainda falta muito. E que temos o respaldo legal para agir em prol dos consumidores, que, não nos esqueçamos, são cidadãos, contribuintes e eleitores. Se houvesse um Código de Defesa do Eleitor, quem sabe não poderíamos dar um cartão vermelho a todos aqueles que fazem, no poder, o oposto do que sempre pregaram, na oposição?Quando comemoramos o aniversário e o sucesso do nosso Código, não podemos deixar de lembrar um Código que começou muito bem, o Nacional de Trânsito, mas que, por algum motivo, desandou nos últimos anos, abrindo espaço para retorno dos vergonhosos índices de morte. Talvez, devido à avidez com que os governos apelam para as multas, mas postergam a cassação de carteiras de motoristas, ou empurram com a barriga a inspeção veicular.Nossos votos são que, dos 14 anos, nos encaminhemos, com segurança, para a maioridade desse instrumento de proteção dos direitos de quem não pode contar praticamente com ninguém, muito menos com os que falam, freqüentemente, em povo, povo. Como diz uma música que os quarentões devem conhecer bem: Parole, Parole... Palavras, promessas...
Fonte - Folha / MARIA INÊS DOLCI
domingo, março 13, 2005
O Brasil e o Primeiro Mundo
Autor: Antonio Ermírio de Moraes
Fonte - Folha/ Opinião
No artigo publicado nesta coluna no dia 6/3, registrei a falta de água como um grande obstáculo para o futuro da China. Em livro recente, Lester Brown apresenta detalhes alarmantes sobre esse problema. O lençol freático do norte da China está descendo de um a três metros por ano! (Lester Brown, "Outgrowing the Earth", New York: W.W. Norton & Company, 2004).Essa é uma perda brutal quando se considera que, para produzir uma tonelada de grãos, são necessárias mil toneladas de água! Na agricultura não se faz nada sem água.No entanto o norte da China está secando. Para quem vive longe daquele gigante é difícil imaginar a extensão dessa catástrofe. Rios e lagos estão desaparecendo. Velhos desertos avançam a cada dia e novos são formados. Há dez anos, a China era auto-suficiente em soja. Em 2004, importou 22 milhões de toneladas.Esse problema não é só da China. A Índia e os Estados Unidos estão sendo igualmente afetados. O déficit decorre do advento de bombas de grande potência que extraem quantidades gigantescas de água para sustentar grandes populações. Esses três países têm mais da metade da população do mundo, e o que se retira dos aqüíferos não tem sido compensado pela reposição das chuvas. Esse é um fenômeno recente.Depois das grandes conquistas da pesquisa agropecuária, e com uma produção que triplicou entre 1950 e 1996, as safras de grãos do mundo mantiveram-se estáveis nos últimos sete anos. Nas décadas de 50 a 80, a produtividade aumentou 2% ao ano. Na década de 90, baixou 1%. E, a partir de 1984, o crescimento das safras ficou aquém do crescimento da população.Um quadro desse tipo constitui um enorme desafio aos poucos países que contam com água e outros recursos para poder expandir sua produção. O Brasil é o único país que possui água em abundância, grandes extensões de terra e uma boa pesquisa agropecuária. No ano passado, produzimos 66 milhões de toneladas de soja e exportamos 44 milhões de toneladas (in natura e industrializada), ultrapassando as vendas dos Estados Unidos, que ficaram em 33 milhões de toneladas.Os demógrafos estimam que até 2050 o mundo terá perto de 3 bilhões de pessoas a mais ao mesmo tempo em que as safras dos grandes países estarão encolhendo. Ou seja, as oportunidades do Brasil do futuro foram definidas hoje. Em boa hora, o Congresso Nacional regularizou o plantio da soja transgênica, que reduz os custos e aumenta a produtividade. E temos tantos recursos que podemos nos dar ao luxo de produzir também a soja tradicional para exportar aos países que não gostam de transgênicos.O Brasil é um país abençoado. Mas há muitos problemas a resolver para podermos obter o máximo de benefícios em termos de renda e de emprego. A precariedade das estradas e da armazenagem, o alto custo dos portos e a pesada carga tributária são itens prioritários na agenda do desenvolvimento para bem aproveitarmos as oportunidades que se abrem. Isso precisa ser acertado hoje para garantirmos a inclusão do Brasil como país do Primeiro Mundo. Se trabalharmos com muita intensidade e seriedade, tenho certeza de que chegaremos lá.
Fonte - Folha/ Opinião
No artigo publicado nesta coluna no dia 6/3, registrei a falta de água como um grande obstáculo para o futuro da China. Em livro recente, Lester Brown apresenta detalhes alarmantes sobre esse problema. O lençol freático do norte da China está descendo de um a três metros por ano! (Lester Brown, "Outgrowing the Earth", New York: W.W. Norton & Company, 2004).Essa é uma perda brutal quando se considera que, para produzir uma tonelada de grãos, são necessárias mil toneladas de água! Na agricultura não se faz nada sem água.No entanto o norte da China está secando. Para quem vive longe daquele gigante é difícil imaginar a extensão dessa catástrofe. Rios e lagos estão desaparecendo. Velhos desertos avançam a cada dia e novos são formados. Há dez anos, a China era auto-suficiente em soja. Em 2004, importou 22 milhões de toneladas.Esse problema não é só da China. A Índia e os Estados Unidos estão sendo igualmente afetados. O déficit decorre do advento de bombas de grande potência que extraem quantidades gigantescas de água para sustentar grandes populações. Esses três países têm mais da metade da população do mundo, e o que se retira dos aqüíferos não tem sido compensado pela reposição das chuvas. Esse é um fenômeno recente.Depois das grandes conquistas da pesquisa agropecuária, e com uma produção que triplicou entre 1950 e 1996, as safras de grãos do mundo mantiveram-se estáveis nos últimos sete anos. Nas décadas de 50 a 80, a produtividade aumentou 2% ao ano. Na década de 90, baixou 1%. E, a partir de 1984, o crescimento das safras ficou aquém do crescimento da população.Um quadro desse tipo constitui um enorme desafio aos poucos países que contam com água e outros recursos para poder expandir sua produção. O Brasil é o único país que possui água em abundância, grandes extensões de terra e uma boa pesquisa agropecuária. No ano passado, produzimos 66 milhões de toneladas de soja e exportamos 44 milhões de toneladas (in natura e industrializada), ultrapassando as vendas dos Estados Unidos, que ficaram em 33 milhões de toneladas.Os demógrafos estimam que até 2050 o mundo terá perto de 3 bilhões de pessoas a mais ao mesmo tempo em que as safras dos grandes países estarão encolhendo. Ou seja, as oportunidades do Brasil do futuro foram definidas hoje. Em boa hora, o Congresso Nacional regularizou o plantio da soja transgênica, que reduz os custos e aumenta a produtividade. E temos tantos recursos que podemos nos dar ao luxo de produzir também a soja tradicional para exportar aos países que não gostam de transgênicos.O Brasil é um país abençoado. Mas há muitos problemas a resolver para podermos obter o máximo de benefícios em termos de renda e de emprego. A precariedade das estradas e da armazenagem, o alto custo dos portos e a pesada carga tributária são itens prioritários na agenda do desenvolvimento para bem aproveitarmos as oportunidades que se abrem. Isso precisa ser acertado hoje para garantirmos a inclusão do Brasil como país do Primeiro Mundo. Se trabalharmos com muita intensidade e seriedade, tenho certeza de que chegaremos lá.
quarta-feira, março 09, 2005
terça-feira, março 08, 2005
segunda-feira, março 07, 2005
Último Capítulo
Continuação...
Clara nunca se achou bonita, na verdade nunca foi vaidosa. Para o trabalho sempre se vestia de forma clássica, apesar de ser um pouco alta e ter um tipo físico atlético, os terninhos lhe caiam bem. O tempo foi passando, e solteira aos quarenta anos, sentia necessidade de continuar praticando esportes e mantendo o pique. Apesar de muitas amizades, eram poucos os amigos verdadeiros. Sem perceber, ela selecionava seus amigos pelo caráter, queria identificar neles os mesmos valores que prezava. Como a honestidade e o respeito ao próximo, acima de tudo. Infelizmente, no trabalho, numa equipe, num grupo de amigos e até mesmo na família, as diferenças de valores e princípios são inerentes, e os oportunistas inevitáveis. Quando não se tratavam apenas de diferenças de personalidade, mas sim de caráter, Clara era muito rígida. Simplesmente se afastava das pessoas que desprezava.
Sempre foi franca e transparente já no primeiro contato. Deixava evidente sua honestidade e o quanto era importante manter-se fiel a seus princípios. Não tolerava pessoas dissimuladas, que muitas vezes aproveitavam de sua bondade e franqueza. Com estas, rompia em definitivo.
Por muito tempo Clara se sentiu explorada e invariavelmente prejudicada, principalmente no trabalho.
Ainda hoje, convive com assédio, chantagens e tem que assistir passivamente seus planos profissionais serem prejudicados por um chefe implacável e sem escrúpulos. Ela se desvencilha como pode, enquanto espera uma nova proposta de emprego, de onde terá que começar do zero.
Sente-se um pouco frustrada e desanimada gostaria de saber, onde tem errado.
A esta altura da vida esperava estar numa posição melhor, principalmente quando vê os resultados dos projetos que implantou.
Talvez , se tivesse recebido ajuda de um padrinho importante no início de sua carreira, mas sua família era humilde e não tinha muitos contatos.
Talvez, se tivesse cedido às investidas dos chefes, conseguiria uma ascensão meteórica.
Talvez, se não fosse tão inflexível em seus princípios e concordasse com as falcatruas tão comuns nas empresas, seria melhor aceita no mundo executivo masculino.
Talvez, se tivesse aceitado o convite de casamento e o curso de medicina, quem sabe como médica fosse melhor sucedida.
Talvez, se tivesse nascido em berço de ouro, hoje seria uma patricinha metida a empresária com o dinheiro do pai.
Haveria muitos "se", desde que fossem coniventes com esta sociedade masculinizada onde a mulher, mesmo no trabalho, continua a exercer um papel secundário.
A perda dos pais de uma só vez, abalou a família. As irmãs de Clara que haviam renunciado temporariamente ao trabalho para terem seus filhos, agora precisam voltar ao mercado, mas não conseguem emprego. Mesmo com experiência em suas respectivas áreas, são discriminadas pela idade e por terem filhos pequenos.
A vida endureceu Maria Clara, que agora lida com as pessoas na defensiva. Apesar de seus olhos ainda delatarem sua ingenuidade, ela se fechou e agora teme bem mais as pessoas, ficou difícil conquistar sua confiança.
Mas ela não desistiu de lutar pelo que acha justo e correto, mesmo que sofra com isso. Como seus pais, ela continua acreditando que quando se faz o bem, o bem retorna à você.
Assim como ela, muitas mulheres que já foram meninas, sonham em se formar e ter orgulho de sua profissão. De poder contribuir com sua renda e planejar um futuro melhor para sua família.
FIM
Este é um relato verídico para lembrar o Dia Internacional da Mulher.
Clara nunca se achou bonita, na verdade nunca foi vaidosa. Para o trabalho sempre se vestia de forma clássica, apesar de ser um pouco alta e ter um tipo físico atlético, os terninhos lhe caiam bem. O tempo foi passando, e solteira aos quarenta anos, sentia necessidade de continuar praticando esportes e mantendo o pique. Apesar de muitas amizades, eram poucos os amigos verdadeiros. Sem perceber, ela selecionava seus amigos pelo caráter, queria identificar neles os mesmos valores que prezava. Como a honestidade e o respeito ao próximo, acima de tudo. Infelizmente, no trabalho, numa equipe, num grupo de amigos e até mesmo na família, as diferenças de valores e princípios são inerentes, e os oportunistas inevitáveis. Quando não se tratavam apenas de diferenças de personalidade, mas sim de caráter, Clara era muito rígida. Simplesmente se afastava das pessoas que desprezava.
Sempre foi franca e transparente já no primeiro contato. Deixava evidente sua honestidade e o quanto era importante manter-se fiel a seus princípios. Não tolerava pessoas dissimuladas, que muitas vezes aproveitavam de sua bondade e franqueza. Com estas, rompia em definitivo.
Por muito tempo Clara se sentiu explorada e invariavelmente prejudicada, principalmente no trabalho.
Ainda hoje, convive com assédio, chantagens e tem que assistir passivamente seus planos profissionais serem prejudicados por um chefe implacável e sem escrúpulos. Ela se desvencilha como pode, enquanto espera uma nova proposta de emprego, de onde terá que começar do zero.
Sente-se um pouco frustrada e desanimada gostaria de saber, onde tem errado.
A esta altura da vida esperava estar numa posição melhor, principalmente quando vê os resultados dos projetos que implantou.
Talvez , se tivesse recebido ajuda de um padrinho importante no início de sua carreira, mas sua família era humilde e não tinha muitos contatos.
Talvez, se tivesse cedido às investidas dos chefes, conseguiria uma ascensão meteórica.
Talvez, se não fosse tão inflexível em seus princípios e concordasse com as falcatruas tão comuns nas empresas, seria melhor aceita no mundo executivo masculino.
Talvez, se tivesse aceitado o convite de casamento e o curso de medicina, quem sabe como médica fosse melhor sucedida.
Talvez, se tivesse nascido em berço de ouro, hoje seria uma patricinha metida a empresária com o dinheiro do pai.
Haveria muitos "se", desde que fossem coniventes com esta sociedade masculinizada onde a mulher, mesmo no trabalho, continua a exercer um papel secundário.
A perda dos pais de uma só vez, abalou a família. As irmãs de Clara que haviam renunciado temporariamente ao trabalho para terem seus filhos, agora precisam voltar ao mercado, mas não conseguem emprego. Mesmo com experiência em suas respectivas áreas, são discriminadas pela idade e por terem filhos pequenos.
A vida endureceu Maria Clara, que agora lida com as pessoas na defensiva. Apesar de seus olhos ainda delatarem sua ingenuidade, ela se fechou e agora teme bem mais as pessoas, ficou difícil conquistar sua confiança.
Mas ela não desistiu de lutar pelo que acha justo e correto, mesmo que sofra com isso. Como seus pais, ela continua acreditando que quando se faz o bem, o bem retorna à você.
Assim como ela, muitas mulheres que já foram meninas, sonham em se formar e ter orgulho de sua profissão. De poder contribuir com sua renda e planejar um futuro melhor para sua família.
FIM
Este é um relato verídico para lembrar o Dia Internacional da Mulher.
domingo, março 06, 2005
V Capítulo
Continuação...
Apesar de empenhar-se muito, no desenvolvimento de sua carreira, fazendo cursos à noite e nos finais de semana, Clara também arrumava tempo para namorar e sair com os amigos. Viu suas irmãs casarem e desistirem da faculdade e não se conformava. Com o tempo ela percebeu que quando seus relacionamentos iam ficando sérios, as cobranças aumentavam e era sempre ela que teria que abrir mão de um curso ou de trabalhos que exigiam mais tempo. Ela não gostava de ser pressionada, investiu muito na sua formação para abrir mão de sua vida profissional. Então desculpava-se: "Talvez não tenha encontrado a pessoa certa."
Assim como toda mulher, que quer vencer profissionalmente, Clara não media esforços no trabalho. Sempre prestativa e responsável conquistava a confiança de todos. Em sua trajetória, deparou-se com chefes que a tratavam como filha, como colaboradora e alguns confundiam as estações. Mas ela sempre soube se sair com elegância e diplomacia.
Com um deles, enfrentou uma situação delicada. Eram em três sócios, e um que se julgava mais esperto, tentou conquistá-la para receber ajuda num golpe que planejava contra o próprio irmão e o outro sócio.
Indignada ela se recusou, e durante alguns dias ficou sem saber o que fazer, pois a empresa dependia muito do sócio inescrupuloso. Como este também ficara ressentido com ela, pediu demissão. Sentiu-se totalmente impotente diante da situação.
A ambição nunca foi uma de suas características principais. Por isso, às vezes se sentia frustrada, principalmente quando uma funcionária nem tão capacitada para uma promoção, era indicada por agradar o chefe de formas bem pouco profissionais. Mas ela sempre se manteve altiva e fiel aos seus príncipios. Otimista dizia sempre: "Existem inúmeras oportunidades, você só tem que ir em busca. Quando uma porta fechar, outras abrirão para quem realmente merece."
Continua...
Apesar de empenhar-se muito, no desenvolvimento de sua carreira, fazendo cursos à noite e nos finais de semana, Clara também arrumava tempo para namorar e sair com os amigos. Viu suas irmãs casarem e desistirem da faculdade e não se conformava. Com o tempo ela percebeu que quando seus relacionamentos iam ficando sérios, as cobranças aumentavam e era sempre ela que teria que abrir mão de um curso ou de trabalhos que exigiam mais tempo. Ela não gostava de ser pressionada, investiu muito na sua formação para abrir mão de sua vida profissional. Então desculpava-se: "Talvez não tenha encontrado a pessoa certa."
Assim como toda mulher, que quer vencer profissionalmente, Clara não media esforços no trabalho. Sempre prestativa e responsável conquistava a confiança de todos. Em sua trajetória, deparou-se com chefes que a tratavam como filha, como colaboradora e alguns confundiam as estações. Mas ela sempre soube se sair com elegância e diplomacia.
Com um deles, enfrentou uma situação delicada. Eram em três sócios, e um que se julgava mais esperto, tentou conquistá-la para receber ajuda num golpe que planejava contra o próprio irmão e o outro sócio.
Indignada ela se recusou, e durante alguns dias ficou sem saber o que fazer, pois a empresa dependia muito do sócio inescrupuloso. Como este também ficara ressentido com ela, pediu demissão. Sentiu-se totalmente impotente diante da situação.
A ambição nunca foi uma de suas características principais. Por isso, às vezes se sentia frustrada, principalmente quando uma funcionária nem tão capacitada para uma promoção, era indicada por agradar o chefe de formas bem pouco profissionais. Mas ela sempre se manteve altiva e fiel aos seus príncipios. Otimista dizia sempre: "Existem inúmeras oportunidades, você só tem que ir em busca. Quando uma porta fechar, outras abrirão para quem realmente merece."
Continua...
sábado, março 05, 2005
IV Capítulo
Continuação...
O salário que recebia não era suficiente para pagar uma faculdade e se manter. Medicina então, era um sonho impossível. Nesta época, a família passava por momentos difíceis e todos ajudavam em casa. Até um namorado mais velho, se ofereceu para pagar seus estudos, mas o orgulho e o medo de assumir um compromisso sério, a fez recusar. Clara teve que esperar mais dois anos. Neste meio tempo fez curso de fisioterapia e massagem e conseguiu uma bolsa parcial num cursinho preparatório, só então decidiu que iria fazer comunicação. Prestou vestibular em cinco universidades, foi aprovada em quatro. Mas teve que se contentar com a faculdade de sua cidade, devido ao emprego e as despesas que teria. Em sua turma poucos trabalhavam, a maioria era mantida pelos pais. Clara se virava como podia, conciliando o trabalho e as tarefas da faculdade, já que ela não se permitia ser reprovada, pois não teria como pagar mais uma disciplina.
Durante quatro anos ela enfrentou muitas dificuldades, viu muitos amigos desistirem , mas sempre foi determinada e seguiu sem pendurar nenhuma matéria. Clara também conquistou os professores, que permitiram que ela apresentasse seu trabalho de conclusão sozinha, pois não dispunha de tempo para se reunir em grupo.
No dia da apresentação à banca de professores, veio a lembrança toda a dedicação e esforços investidos naqueles quatro anos, e que agora estavam sendo colocados à prova.
Ao final da noite, um 8,5 condecorou todo seu empenho. Ela foi elogiada por professores e amigos, pois naquele mesmo dia dois grupos haviam sido reprovados, inclusive o de suas amigas mais chegadas. Sentiu a frustração das colegas e lamentou. Clara lembrou agradecida da ajuda de sua família e de alguns poucos amigos pessoais, com quem ela também pôde contar na preparação de sua tese.
E a vida seguia. Por não ter feito estágio na área, pois dependia do seu salário para pagar os estudos e se manter, estava recebendo o diploma sem grandes possibilidades de iniciar no mercado. Vivendo em uma cidade razoavelmente pequena e com poucas oportunidades de empregos, deparou-se com um problema comum à maioria dos universitários brasileiros. Faltava o conhecimento prático.
Decidiu continuar seus estudos num curso de pós-graduação na capital. O proprietário da empresa em que trabalhava a três anos, cuidando do departamento financeiro, prezava sua capacidade e responsabilidade e se ofereceu para custear sua pós com intuito de mantê-la na empresa.
E assim foi por mais um ano e meio. Quando decidiu que entraria na área, pediu demissão e foi a luta. Somente depois de um ano conseguiu um emprego sem QI (quem indica). E seguiu batalhando por melhores oportunidades. Trabalhou em empresas de diferentes segmentos na Capital, enfrentou períodos de desemprego, mas nunca desistiu. E sempre que começava em uma empresa, Clara empolgava seus chefes com sua disposição e iniciativa. Sempre em busca de novas idéias, viabilizava projetos em parcerias que beneficiavam à todos. Percebeu então, que tinha feito a escolha certa. Gostava mesmo, desta profissão.
Continua...
O salário que recebia não era suficiente para pagar uma faculdade e se manter. Medicina então, era um sonho impossível. Nesta época, a família passava por momentos difíceis e todos ajudavam em casa. Até um namorado mais velho, se ofereceu para pagar seus estudos, mas o orgulho e o medo de assumir um compromisso sério, a fez recusar. Clara teve que esperar mais dois anos. Neste meio tempo fez curso de fisioterapia e massagem e conseguiu uma bolsa parcial num cursinho preparatório, só então decidiu que iria fazer comunicação. Prestou vestibular em cinco universidades, foi aprovada em quatro. Mas teve que se contentar com a faculdade de sua cidade, devido ao emprego e as despesas que teria. Em sua turma poucos trabalhavam, a maioria era mantida pelos pais. Clara se virava como podia, conciliando o trabalho e as tarefas da faculdade, já que ela não se permitia ser reprovada, pois não teria como pagar mais uma disciplina.
Durante quatro anos ela enfrentou muitas dificuldades, viu muitos amigos desistirem , mas sempre foi determinada e seguiu sem pendurar nenhuma matéria. Clara também conquistou os professores, que permitiram que ela apresentasse seu trabalho de conclusão sozinha, pois não dispunha de tempo para se reunir em grupo.
No dia da apresentação à banca de professores, veio a lembrança toda a dedicação e esforços investidos naqueles quatro anos, e que agora estavam sendo colocados à prova.
Ao final da noite, um 8,5 condecorou todo seu empenho. Ela foi elogiada por professores e amigos, pois naquele mesmo dia dois grupos haviam sido reprovados, inclusive o de suas amigas mais chegadas. Sentiu a frustração das colegas e lamentou. Clara lembrou agradecida da ajuda de sua família e de alguns poucos amigos pessoais, com quem ela também pôde contar na preparação de sua tese.
E a vida seguia. Por não ter feito estágio na área, pois dependia do seu salário para pagar os estudos e se manter, estava recebendo o diploma sem grandes possibilidades de iniciar no mercado. Vivendo em uma cidade razoavelmente pequena e com poucas oportunidades de empregos, deparou-se com um problema comum à maioria dos universitários brasileiros. Faltava o conhecimento prático.
Decidiu continuar seus estudos num curso de pós-graduação na capital. O proprietário da empresa em que trabalhava a três anos, cuidando do departamento financeiro, prezava sua capacidade e responsabilidade e se ofereceu para custear sua pós com intuito de mantê-la na empresa.
E assim foi por mais um ano e meio. Quando decidiu que entraria na área, pediu demissão e foi a luta. Somente depois de um ano conseguiu um emprego sem QI (quem indica). E seguiu batalhando por melhores oportunidades. Trabalhou em empresas de diferentes segmentos na Capital, enfrentou períodos de desemprego, mas nunca desistiu. E sempre que começava em uma empresa, Clara empolgava seus chefes com sua disposição e iniciativa. Sempre em busca de novas idéias, viabilizava projetos em parcerias que beneficiavam à todos. Percebeu então, que tinha feito a escolha certa. Gostava mesmo, desta profissão.
Continua...
sexta-feira, março 04, 2005
III Capítulo
Continuação...
Clara e sua irmã mais velha frequentavam a mesma escola no período da tarde, e aí começaram os problemas. Clara não podia chegar em casa sem sua irmã, que perdia a noção do tempo enquanto namorava, depois da aula. Clara esperava horas a fio numa outra esquina, com fome e às vezes frio, por sua irmã. A desculpa para os pais tinha que ser combinada entre ambas. E Clara se chateava, pois não gostava de mentir. A educação que receberam, embasada nos princípios morais que seus pais transmitiram não só verbalmente, mas dando exemplos ao praticá-los no dia-a-dia de suas vidas simples, e no convívio familiar, acompanharão o caráter de Clara por toda sua jornada.
Ao contrário de sua irmã mais velha, ela aprendeu a não desafiar o pai de maneira ostensiva, aos poucos ia conquistando seu espaço. Mesmo quando aos catorze anos arrumou um empregou e levou uma autorização do Ministério do Trabalho para o pai assinar, e este lhe rasgou o documento. Dizendo que ela não precisava tirar a carteira de trabalho, pois tinha que estudar e não trabalhar.
Clara não desistiu, queria ajudar a mãe a comprar uma TV, queria ir ao dentista, queria comprar chocolates e roupas. E começou a trabalhar sem registro mesmo. Depois de alguns meses, voltou a fila do Ministério do Trabalho, convenceu a mãe a assinar o documento e tirou sua carteira de trabalho.
Agora estudava no período noturno e não podia mais frequentar as aulas de educação física. Mas ela não abandonou o esporte, descobriu que poderia treinar basquete no clube à noite. E lá foi ela , pedir para treinar com o time juvenil , no qual a professora era a melhor jogadora da cidade. Alí nasceu sua admiração pelo esporte. Sua professora era uma maezona, séria e tranquila. Quando jogava impressionava pela agilidade e precisão. Comandava o time com a mesma maestria e seriedade com que comandava seus treinos na equipe juvenil.
A vida de Maria Clara era corrida, durante a semana nos dois dias de treino, ela teria que perder a primeira aula na escola. Quase desistiu dos treinos, mas armou um esquema e de tanto implorar às professoras, pegava a matéria com os colegas e as professoras abonavam-lhe as faltas. Jamais foi reprovada em alguma matéria, mas o pai implicava com o horário em que chegava em casa, principalmente quando ia jogar em outras cidades.
Assim foi até concluir o segundo grau, neste meio tempo trocou de clube, jogou em duas ou três cidades próximas, mas queria mesmo era fazer a faculdade.
Continua...
Clara e sua irmã mais velha frequentavam a mesma escola no período da tarde, e aí começaram os problemas. Clara não podia chegar em casa sem sua irmã, que perdia a noção do tempo enquanto namorava, depois da aula. Clara esperava horas a fio numa outra esquina, com fome e às vezes frio, por sua irmã. A desculpa para os pais tinha que ser combinada entre ambas. E Clara se chateava, pois não gostava de mentir. A educação que receberam, embasada nos princípios morais que seus pais transmitiram não só verbalmente, mas dando exemplos ao praticá-los no dia-a-dia de suas vidas simples, e no convívio familiar, acompanharão o caráter de Clara por toda sua jornada.
Ao contrário de sua irmã mais velha, ela aprendeu a não desafiar o pai de maneira ostensiva, aos poucos ia conquistando seu espaço. Mesmo quando aos catorze anos arrumou um empregou e levou uma autorização do Ministério do Trabalho para o pai assinar, e este lhe rasgou o documento. Dizendo que ela não precisava tirar a carteira de trabalho, pois tinha que estudar e não trabalhar.
Clara não desistiu, queria ajudar a mãe a comprar uma TV, queria ir ao dentista, queria comprar chocolates e roupas. E começou a trabalhar sem registro mesmo. Depois de alguns meses, voltou a fila do Ministério do Trabalho, convenceu a mãe a assinar o documento e tirou sua carteira de trabalho.
Agora estudava no período noturno e não podia mais frequentar as aulas de educação física. Mas ela não abandonou o esporte, descobriu que poderia treinar basquete no clube à noite. E lá foi ela , pedir para treinar com o time juvenil , no qual a professora era a melhor jogadora da cidade. Alí nasceu sua admiração pelo esporte. Sua professora era uma maezona, séria e tranquila. Quando jogava impressionava pela agilidade e precisão. Comandava o time com a mesma maestria e seriedade com que comandava seus treinos na equipe juvenil.
A vida de Maria Clara era corrida, durante a semana nos dois dias de treino, ela teria que perder a primeira aula na escola. Quase desistiu dos treinos, mas armou um esquema e de tanto implorar às professoras, pegava a matéria com os colegas e as professoras abonavam-lhe as faltas. Jamais foi reprovada em alguma matéria, mas o pai implicava com o horário em que chegava em casa, principalmente quando ia jogar em outras cidades.
Assim foi até concluir o segundo grau, neste meio tempo trocou de clube, jogou em duas ou três cidades próximas, mas queria mesmo era fazer a faculdade.
Continua...
quinta-feira, março 03, 2005
II Capítulo
Continuação...
As três irmãs se uniam para driblar a severidade do pai. Até a mãe se envolvia, para facilitar as coisas.
A mais velha delas, quando iniciou o ginásio, foi impedida pelo pai de frequentar as aulas de educação física. A religião não permitia o uso de shorts. Mas mesmo assim ela brincava de "queimada" ao final das aulas. Certa vez recebeu uma surra, devido a desobediência. A mãe sempre que podia, saia em defesa das filhas. Na adolescência, acompanhar o pai nos cultos evangélicos, foi se tornando mais uma obrigação. A Segunda filha (personagem principal desta história, apelidada de "Clara") que adorava empinar pipa, já desafiava o pai dizendo que iria frequentar as aulas de educação física. Deu sorte, pois quando chegou ao ginásio, a aula de educação física era obrigatória e o pai teve que ceder.
Era a aula que ela mais gostava, virou até assistente da professora. Os pais não sem incomodavam, pois tinha notas boas nas outras disciplinas. E enquanto Clara pulava, corria e jogava a irmã mais velha queria namorar, e os cuidados agora se concentravam nela.
continua...
As três irmãs se uniam para driblar a severidade do pai. Até a mãe se envolvia, para facilitar as coisas.
A mais velha delas, quando iniciou o ginásio, foi impedida pelo pai de frequentar as aulas de educação física. A religião não permitia o uso de shorts. Mas mesmo assim ela brincava de "queimada" ao final das aulas. Certa vez recebeu uma surra, devido a desobediência. A mãe sempre que podia, saia em defesa das filhas. Na adolescência, acompanhar o pai nos cultos evangélicos, foi se tornando mais uma obrigação. A Segunda filha (personagem principal desta história, apelidada de "Clara") que adorava empinar pipa, já desafiava o pai dizendo que iria frequentar as aulas de educação física. Deu sorte, pois quando chegou ao ginásio, a aula de educação física era obrigatória e o pai teve que ceder.
Era a aula que ela mais gostava, virou até assistente da professora. Os pais não sem incomodavam, pois tinha notas boas nas outras disciplinas. E enquanto Clara pulava, corria e jogava a irmã mais velha queria namorar, e os cuidados agora se concentravam nela.
continua...
quarta-feira, março 02, 2005
ESTA É UMA LONGA HISTÓRIA... I Capítulo
mas nem tão longa assim, já que só consigo escrever sintetizando tudo.
É uma história simples e cotidiana, muito parecida com a de milhões de mulheres que lutam com dignidade, por uma bem sucedida trajetória profissional.
A inspiração em relatá-la, surgiu de duas informações recentes que li e que me despertaram algumas curiosidades: Os dados da pesquisa do IBGE, que apontam um aumento da escolaridade da população feminina em relação a masculina, mas que continua à receber 30% menos, e a demissão da principal executiva da HP, Carly Fiorina.
Esta história pode parecer triste, mas quando comparada à outras tantas histórias de meninas sem famílias ou de infância miserável e violenta, não pode ser considerada assim tão triste. É na verdade uma história de luta, por uma vida mais justa e honesta.
Do ponto de vista de quem lê, eu acredito que somente quem tem príncipios terá algum interesse.
Para quem os valores de hoje, têm outros pesos e outras medidas, pessoas que acreditam que só nos tornamos adultos, quando seguimos a lei de Gerson. Esta história vai parecer idiota e sua personagem ingênua.
Ela começa com os mistérios do destino, que faz cruzar os caminhos de duas pessoas de mundos distantes, que irão se encontrar para viverem um grande e único amor. Este amor os manterá unidos por toda a vida. Também os fará superar obstáculos, como os preconceitos familiares e as dificuldades de se juntar dinheiro para iniciarem uma vida juntos. Mas eles compartilhavam os mesmos princípios e a mesma disposição de trabalhar e construir. Formavam um belo casal, eram queridos por todos pela bondade e pela felicidade que emanavam.
Tiveram três filhas, as quais deram nomes de Santas da igreja católica. A mais velha recebeu todos os mimos e se tornou um pouco autoritária e egoísta, como era de se esperar. A Segunda, já desde a infância sofria represálias da irmã, mas era protegida pela mãe, ainda assim era a mais peralta. A Terceira veio de uma gravidez de risco, sempre teve saúde delicada e se tornou sensível e amorosa. As três cresceram num ambiente simples, onde os princípios eram ainda mais rígidos, devido a religião do pai que se tornou evangélico.
O casal era semi-analfabeto, mas trabalhavam muito e economizavam para os estudos das filhas. Eles tinham o mesmo sonho; que as filhas conseguissem fazer curso superior e pudessem ter oportunidades, que eles não tiveram. Mas a vida num país como o Brasil, com golpes militares, inflação sem controle, num período político e economicamente instável , tirou o sono de muitos pais de família, que tinham que fazer "biscates"para manter a casa.
Os tempos eram difíceis, às vezes eles alimentavam os filhos e dormiam sem jantar. O serviço no cais do porto era raro e quando surgia, emendavam-se os turnos. O trabalho pesado tirou cedo o pai da ativa. Aposentado por invalidez ele tentava manter o sustento da família construindo casas. Isto, quando as dores permitiam.
E assim foram crescendo as três Marias, entre brincadeiras dentro do quintal fechado e a rigidez na cobrança das notas escolares.
continua...
É uma história simples e cotidiana, muito parecida com a de milhões de mulheres que lutam com dignidade, por uma bem sucedida trajetória profissional.
A inspiração em relatá-la, surgiu de duas informações recentes que li e que me despertaram algumas curiosidades: Os dados da pesquisa do IBGE, que apontam um aumento da escolaridade da população feminina em relação a masculina, mas que continua à receber 30% menos, e a demissão da principal executiva da HP, Carly Fiorina.
Esta história pode parecer triste, mas quando comparada à outras tantas histórias de meninas sem famílias ou de infância miserável e violenta, não pode ser considerada assim tão triste. É na verdade uma história de luta, por uma vida mais justa e honesta.
Do ponto de vista de quem lê, eu acredito que somente quem tem príncipios terá algum interesse.
Para quem os valores de hoje, têm outros pesos e outras medidas, pessoas que acreditam que só nos tornamos adultos, quando seguimos a lei de Gerson. Esta história vai parecer idiota e sua personagem ingênua.
Ela começa com os mistérios do destino, que faz cruzar os caminhos de duas pessoas de mundos distantes, que irão se encontrar para viverem um grande e único amor. Este amor os manterá unidos por toda a vida. Também os fará superar obstáculos, como os preconceitos familiares e as dificuldades de se juntar dinheiro para iniciarem uma vida juntos. Mas eles compartilhavam os mesmos princípios e a mesma disposição de trabalhar e construir. Formavam um belo casal, eram queridos por todos pela bondade e pela felicidade que emanavam.
Tiveram três filhas, as quais deram nomes de Santas da igreja católica. A mais velha recebeu todos os mimos e se tornou um pouco autoritária e egoísta, como era de se esperar. A Segunda, já desde a infância sofria represálias da irmã, mas era protegida pela mãe, ainda assim era a mais peralta. A Terceira veio de uma gravidez de risco, sempre teve saúde delicada e se tornou sensível e amorosa. As três cresceram num ambiente simples, onde os princípios eram ainda mais rígidos, devido a religião do pai que se tornou evangélico.
O casal era semi-analfabeto, mas trabalhavam muito e economizavam para os estudos das filhas. Eles tinham o mesmo sonho; que as filhas conseguissem fazer curso superior e pudessem ter oportunidades, que eles não tiveram. Mas a vida num país como o Brasil, com golpes militares, inflação sem controle, num período político e economicamente instável , tirou o sono de muitos pais de família, que tinham que fazer "biscates"para manter a casa.
Os tempos eram difíceis, às vezes eles alimentavam os filhos e dormiam sem jantar. O serviço no cais do porto era raro e quando surgia, emendavam-se os turnos. O trabalho pesado tirou cedo o pai da ativa. Aposentado por invalidez ele tentava manter o sustento da família construindo casas. Isto, quando as dores permitiam.
E assim foram crescendo as três Marias, entre brincadeiras dentro do quintal fechado e a rigidez na cobrança das notas escolares.
continua...
NADA ACONTECE POR ACASO...
Estes últimos meses têm sido difíceis para mim. Minha tolerância vem sendo testada constantemente. Hoje pela manhã recebí uma mensagem de uma amiga, que há muito não mantenho contato, parece que pressentindo um dia conturbado. Era uma Oração de Santa Teresinha, que me fez refletir e reunir forças para superar mais este dia. Pois eu acredito que todos nós temos luz em nossos caminhos. Caminhos tão diferentes para cada um. Só precisamos de serenidade para enxergá-la.
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