quarta-feira, fevereiro 02, 2005

MOEDA QUE SOBE, MOEDA QUE DESCE...

Eu juro que li tudo isso com atenção,
(somente porque preciso acrescentar as estimativas para 2.005, no plano de marketing da empresa)

"Só um milagre fará o BC perceber que é ineficaz atacar a inflação subindo os juros", diz Roberto Giannetti da Fonseca
Em termos reais, quer dizer, se a gente levar em conta a inflação brasileira, o dólar, que está sendo negociado neste momento por R$ 2,605, caiu 18% em um ano. Pois nem assim as exportações, que deveriam ter se tornado menos competitivas por causa da valorização do real, dão sinal de cansaço: em janeiro elas superaram as importações em US$ 2,183 bilhões. É um superávit 37,6% maior do que o de janeiro do ano passado. O Brasil exportou, no mês passado, US$ 7,447 bilhões. As importações somaram US$ 3,261 bilhões.
No fim de 2004, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, defendeu um dólar mais forte - entre R$ 2,90 e R$ 3 - para o bem das exportações.
Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior - instituição privada que tem como objetivo desenvolver o comércio exterior brasileiro - concorda com o ministro. Segundo ele, "só um milagre" fará o Banco Central perceber que o aumento de juros será ineficaz no combate à inflação.
"O foco da inflação são os preços administrados e também os preços externos de matérias-primas e petróleo. Não havendo pressão externa e os preços administrados sendo contidos, não me pergunte o que dá para fazer".
O economista afirmou que a situação pode piorar. "Tem que tirar o indexador dos contratos de concessão. Se isso não for feito, nós vamos voltar a uma inflação inercial que não há taxa de juros capaz de segurar. Pode subir para 20% que vai dar na mesma. Sou completamente contrário e crítico dessa alta dos juros. O Banco Central está atacando a inflação com o remédio errado".
Exportações em ritmo lento Segundo Roberto Giannetti, a desvalorização do dólar vai mexer com as exportações brasileiras no próximo trimestre. "Ainda não estamos sentindo as conseqüências da desvalorização porque existe uma certa defasagem entre causa e efeito na relação câmbio-exportação. Os exportadores que fecharam negócio em agosto e setembro de 2004 pegaram adiantamento de câmbio e têm obrigação não só moral com o importador como contratual com o Banco Central. É uma pena que esteja havendo apreciação do real de forma tão gravosa, porque tira o estímulo dos exportadores. E isso será sentido lá por abril, maio e junho".
Para o especialista, as exportações vão deixar de crescer. "As exportações não vão sair do mapa, até porque o Brasil conquistou seu espaço no cenário internacional. Não digo que as exportações vão cair, mas o ritmo de crescimento será menor".
Ele contou que os exportadores têm esperança de que o câmbio se recupere. "E até mantêm essa posição de forma heróica, às vezes até com baixa rentabilidade, porque também ninguém quer abandonar o mercado depois de uma conquista tão árdua e sacrificada que foram esses últimos quatro, cinco anos".
Aumento dos juros americanos ajuda o Brasil? Na opinião de Roberto Giannetti a possível alta dos juros americanos não interfere na situação brasileira. "Eu não vejo que a razão para a valorização do real possa se explicar pela situação do dólar no mercado internacional. Um pouquinho talvez, mas a grande explicação é a taxa de juros. Não acho que aumentar de 2% para 2,5% vá fazer alguma diferença".
Câmbio sem controle Ele explicou que os dólares continuarão vindo de enxurrada para o Brasil. "Infelizmente quem domina o mercado é o dólar financeiro, não o comercial. O fluxo financeiro tem muito mais relevância e isso coloca a taxa de câmbio completamente fora do que a gente chamaria de nível competitivo. O que estamos assistindo é uma distorção completa da formação da taxa de câmbio pelo viés da taxa de juros. E pelo jeito isso não será corrigido tão cedo".
Europa compra produto brasileiro em dólar Segundo Giannetti, a valorização do real é quase nula diante do euro, porque a moeda européia se valorizou demais em ralação ao dólar. "O fato é que vendemos na Europa grande parte da nossa mercadoria em dólar, porque assim fazem nossos concorrentes. Quem vende? China, Coréia, Tailândia, Malásia. E vão continuar vendendo em dólar porque, ao contrário do Brasil, não valorizaram suas moedas e por isso se tornaram mais competitivos que nós".
Europa vai sofrer com a supervalorização da moeda O presidente da Funcex afirmou que a Europa terá problemas pela frente por causa da valorização da sua moeda. "Dentro da Europa a concorrência de produtos cotados em dólar está crescendo de uma forma muito forte e isso vai agravar o problema do desemprego. Está tudo muito barato e tornando a moeda deles uma barbaridade".
A conseqüência do desemprego é que faltará renda para os europeus comprarem. "As pessoas terão menos poder de compra e pode até ser que se reduza o consumo. Mas isso mais para frente, porque essas coisas levam um tempo para maturar".
Segundo Giannetti, a Europa terá problemas sérios de competitividade no mundo. "Eles já não eram competitivos e ficarão menos ainda".

Decisão do BC pode conter queda do dólar
O Banco Central anunciou ontem que passará a atuar regularmente no mercado para reduzir o tamanho da dívida do governo corrigida pelo câmbio. A decisão, que favorece a queda do real, foi tomada no dia em que a cotação do dólar atingiu o nível mais baixo em mais de dois anos: R$ 2,61. Na prática, segundo nota divulgada no início da noite, o BC irá recomprar, semanalmente, contratos de "swap" cambial que estão em circulação no mercado. Por meio desses contratos, o BC paga aos investidores toda a variação do câmbio que ocorrer em determinado período. Em troca, recebe os juros acumulados nesse mesmo prazo. Hoje, há cerca de US$ 15 bilhões desses contratos em circulação no mercado, o que corresponde a 4,4% da dívida assumida pelo governo federal por meio da emissão de títulos públicos. Com as recompras, o BC pretende reduzir essa proporção. Em geral, papéis cambiais são vendidos em momentos de alta do dólar. Isso porque, ao negociar esse tipo de contrato, o BC estimula os investidores a aplicar em "swap" em vez de comprar dólares -e a diminuição na procura pela moeda acaba ajudando a frear sua valorização. Ao fazer a operação inversa, o BC reduz a quantidade de papéis cambiais disponíveis no mercado. Quando isso acontece, os investidores podem, então, ser estimulados a comprar dólares, o que favoreceria uma alta na moeda. Na nota divulgada ontem, o BC nega que as operações tenham por objetivo afetar a taxa de câmbio. "A atuação será baseada em condições adequadas de mercado a cada momento e terá como objetivo não adicionar volatilidade ao mercado cambial nem interferir na tendência de flutuação da taxa de câmbio",diz o texto.

Ah, tá... mas,

Exportações crescem apesar do câmbio
Apesar da contínua valorização do real com relação ao dólar nos últimos meses-, a moeda americana perdeu 10% de seu valor desde setembro-, as exportações brasileiras continuam crescendo. A expectativa dos exportadores é que a queda do dólar comece a causar impacto a partir de abril. No mês passado, o país vendeu US$ 7,4 bilhões e comprou US$ 5,3 bilhões, enquanto em janeiro de 2004 os embarques somaram US$ 5,8 bilhões e as importações, US$ 4,2 bilhões. O resultado foi um superávit comercial de US$ 2,2 bilhões em janeiro deste ano, contra um saldo positivo de US$ 1,5 bilhão, no mesmo período de 2004. Em janeiro, quando a moeda americana oscilou em torno de R$ 2,70, as vendas externas aumentaram 28,3% com relação a janeiro de 2004, quando o dólar foi comercializado, em média, a R$ 2,85. Ontem, fechou a R$ 2,61. Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, o resultado surpreendeu o governo, que esperava um crescimento nas vendas de cerca de 20% com relação a janeiro de 2004. No mês passado, segundo Ramalho, as exportações de manufaturados, que cresceram 46,2% em comparação com janeiro de 2004, foram a maior responsável pelo resultado comercial.
Importações A elevação das importações em janeiro, de 24, 8%, também foi considerada significativa pelo governo, que já conta com um efeito ainda maior ao longo do ano por causa da desvalorização do dólar, que torna os produtos importados mais baratos. A retomada do crescimento da economia também eleva as importações. "Não temos uma meta de importação, como para as exportações, mas já contamos que as importações vão continuar aumentando ao longo do ano", disse Ramalho. Para ele, isso será efeito não só do preço do dólar, mas também do aumento da produção e das exportações. "Cerca de 50% do que importamos são matérias-primas, usadas para a fabricação de produtos que serão exportados em grande parte", disse. Apesar da queda do dólar, o governo espera um aumento de 12% nas exportações neste ano. Em 2004, as vendas cresceram 31,21%.

Conclusão,
ninguém sabe se é melhor o Dólar continuar caindo ou o Real desvalorizar... Enfim, já foi provado que previsão de economista é como previsão do tempo, quase nunca acerta. Mas deixa eles continuarem tentando.

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