terça-feira, fevereiro 08, 2005
COMO TRATAR NOSSOS IDOSOS
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil terá, em 2025, 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos, tornando-se assim o sexto país com maior número de idosos no mundo. A expectativa de vida dos brasileiros cresceu quase nove anos desde 1980. A cada dia temos a perspectiva de morrermos mais tarde, mas também somos descartados cada vez mais cedo, principalmente no mercado de trabalho. Como vencer essa contradição?
A sanção do Estatuto do Idoso, em 2003, foi um passo na tentativa de facilitar a vida desta fatia tão importante da população brasileira. Segundo Lilian Alicke, presidente da Associação Brasileira de Alzheimer - ABRAz, os idosos estão começando a reclamar os seus direitos e informando-se sobre eles, mas a sociedade e as entidades civis e governamentais ainda precisam conscientizar-se desses direitos.
Ela conta, por exemplo, que há pouco tempo precisou intervir na internação de um idoso porque o hospital não queria aceitar um acompanhante, o que é um direito adquirido pelo Estatuto. "Tivemos que citar até o artigo onde está escrito isso para sermos atendidos", diz.
Para Lilian, que tem 70 anos e trabalha como voluntária desde a década de 90, o bem-estar do idoso passa pela sua conscientização sobre a aposentadoria. "Ele precisa se dar conta de que a aposentadoria não signigfica parar de trabalhar, mas sim passar a fazer aquilo que gosta. Com
remuneração ou não".
É óbvio que na realidade de milhares de idosos a questão da aposentadoria é muito mais dolorosa. Viver com um salário de R$ 240,00 - ou menos - não permite uma aposentadoria digna. Sendo assim, muitos continuam trabalhando por necessidade e não simplesmente para manter-se ativos.
Para tentar solucionar essa equação, de acordo com a presidente da ABRAz, há a necessidade de criação de programas especiais para o idoso retornar ao trabalho como, por exemplo, trabalhos em consultoria que levariam em consideração a experiência de cada pessoa e todo o conhecimento adquirido em anos de atividade e não demandariam esforços físicos que, muitas vezes, ela já não pode fazer.
O IMPORTANTE É MANTER ALGUMA ATIVIDADE
Trabalhar é a fórmula que algumas pessoas recomendam para não sentir o peso da idade. Essa é a opinião do anestesista Francisco Fusco, de 74 anos. "O trabalho me diverte, só vou deixar de trabalhar quando morrer", diz o médico que tem 50 anos de profissão. O doutor Francisco, que é dono de uma maternidade, diz que não sente na pele o preconceito pela idade. "Sou muito
bem tratado, não há queixas", completa.
Alguns dedicam-se ao trabalho, outros aos exercícios físicos. O aposentado Oswaldo Arthur Federico, de 68 anos, tem no condicionamento físico o grande aliado para manter o bem-estar. Ele começou aos 42 anos depois de descobrir problemas de saúde ao realizar um checkup. Hoje ele faz parte de um programa para a Terceira Idade na academia Fórmula, em São Paulo. "Eu aprendi que o que eu faço é um investimento na minha saúde", avalia.
Quando o assunto é o preconceito
A presidente da Associação Brasileira de Alzheimer, Lilian Alicke, diz que sentiu-se uma vez prejudicada, mas não sabe se em função da idade, por ser mulher ou pelos dois fatores. Aconteceu numa agência bancária. Quando tentou abrir uma conta para sua instituição o gerente disse que não havia movimentação suficiente para isso.
Inconformada, mandou no seu lugar um homem mais novo e ele foi prontamente
atendido. Como nunca foi acomodada, ela mandou uma carta à instituição
reclamando da atitude.
Fonte Terra - Elaine Aguillera
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