sexta-feira, setembro 03, 2004

A MORTE AO RELENTO

Tenho andado triste e desanimada com estas atrocidades covardes que assombram nosso país. O brasileiro sempre gostou de ajudar, mas de longe. Sempre com a desculpa de que já temos muitos problemas não nos envolvemos diretamente com esta população de rua que se agiganta. No entanto nunca esperei atitudes de extrema violência e covardia contra estas pessoas que dormem ao relento.
Desde menina eu me deprimia com o sofrimento dos moradores de rua. Naquela época minha mãe dizia que era perigoso eu ficar levando comida para eles, mas eu continuava fazendo escondido. Algumas vezes voltava frustrada com o sanduíche nas mãos, pois quando chegava no local eles já não estavam.
Na adolescência, este abandono da sociedade à sua própria raça, foi o principal motivo das minhas revoltas. Me sentia parte da pior espécie que habitava este planeta. Até mesmo os elefantes se ajudam e nós imunes a tudo, seguimos com nossas vidinhas medíocres. De lá pra cá, já tentei ajudar algumas pessoas que encontrei morando nas ruas, mas sem muito sucesso. Descobri que o alcool é o pior inimigo, e que estas pessoas já se acostumaram a receber ajuda, a maioria não quer recomeçar. Falta auto-estima, falta disposição, esperança e principalmente oportunidade de uma moradia.
Tenho um padrinho evangélico que mantém uma casa de recuperação de jovens viciados. Em minhas visitas ao local, percebí que a religião é uma forma radical que ele adotou para resgatar estes jovens. Porém tenho dúvidas de como eles seguirão com suas vidas fora dali.
Eu ainda não descobri como, mas tenho esperança de encontrar uma maneira mais eficaz de ajudar à algumas destas pessoas. Este sem dúvida, é um dos meus objetivos de vida.
Torço para que a sociedade se mobilize e ponha um fim a mais esta injustiça que envergonha nosso País. E que o poder judiciário cumpra seu papel.

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