quarta-feira, setembro 29, 2004


A harmonia da Primavera... Posted by Hello

segunda-feira, setembro 27, 2004



PRIMAVERA

É Primavera agora, meu Amor!
O campo despe a veste de estamenha;
Não há árvore nenhuma que não tenha
O coração aberto, todo em flor!

Ah! Deixa-te vogar, calmo, ao sabor
Da vida... não há bem que nos não venha
Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!
Não há bem que não possa ser melhor!

Também despi meu triste burel pardo,
E agora cheio a rosmaninho e a nardo
E ando agora tonta, a tua espera...

Pus rosas cor-de-rosa em em meus cabelos...
Parecem um rosal!
Vem desprendê-los!
Meu Amor, meu Amor, é Primavera!...

Florbela Espanca


Escolhi este poema para homenagear a estação que mais amo.
Estação que precede o verão, que clareia mais cedo as minhas manhãs, que enche meu caminho pela serra de flores e cores, que exala no ar um cheiro fresco de vida ... que me faz mais feliz...

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quinta-feira, setembro 23, 2004

Perfil


Mariliza S. Souza - Gerente de Marketing - Graduada em Publicidade e Propaganda, Pós-Graduada em Marketing pela ESPM em 93 e cursando MBA na FGV/SP em Gestão de Projetos.

quarta-feira, setembro 22, 2004

O VERDADEIRO FOCO DA PROPAGANDA

Trecho do texto de Daniele N. Madureira
Fonte - Meio & Mensagem

Considerado o pioneiro na disseminação da responsabilidade social da propaganda no Brasil, Renato Castelo Branco, falecido em 1995, foi o grande homenageado num evento da ESPM. "O respeito a princípios éticos, naquela época, era maior do que a luta por contas", disse Sales que, então à frente da Salles Interamericana, disputou parte da conta da Ford com a J.W.Thompson, presidida por Castelo antes da fundação da Agência de Propaganda CCBA. Guimarães, contratado aos 26 anos como diretor de ciação da CCBA, afirmou que Castelo "colocava poesia no cotidiano",tratando cada peça com "carinho".Ele ensinou uma forma de resgatar a nobreza do salário e do lucro", disse. Já Christina Carvalho Pinto afirma que a propaganda está carente de líderes como ele, capazes de se dedicar ao desenvolvimento do setor. "Ele via seres humanos naqueles que nós aprendemos a chamar vulgarmente, de consumidores".

Instrumento de mudança social
A CBBA cnsidera a propaganda um legítimo instrumento de expansão comercial, da promoção, do consumo e dos objetivos de lucro. Mas tem consciência da responsabilidade social da propaganda, que deve respeitar o comunicado e o indivíduo, e estar de em consonância com os objetivos do desenvolvimento econômico, social e cultural do País.
O idealizador dos princípios da agência CCBA, fundada em 1.971, Renato Castelo Branco, teve várias outras conquistas no currículo. Foi um dos criadores do CNP(Conselho nac. de Propaganda), em 1.964; incentivou a fundação da Associação Paulista de Propaganda, em 1.937; da Associação Brasileira de Agências de Publicidade, em 1.949; e da Escola de Propaganda, em 1.951, atual ESPM.
"Conhecer uma história de vida como a dele é um incentivo para quem está começando", diz a publicitária Emília Cristina da Silva. Na opinião do administrador Bruno Apollônio, a publicidade pode agregar ou detruir valores, e muitas vezes é conivente com a falta de ética do anunciante. "O que mais me impressionou é saber que você pode ser competitivo sem ser agressivo", disse a administradora Flávia Zílio.
A designer Carla Martins, acredita que, como Castelo, é preciso ser pró-ativo ao levar idéias de produtos e abordagens ao anunciante. "É importante estimular o que há de bom na sociedade".
Branco

terça-feira, setembro 21, 2004

PREVENÇÃO NAS EMPRESAS

Aumento da produtividade e melhora do ambiente de trabalho são resultados de programas para recuperar funcionários dependentes de álcool e drogas.

Menos de 5% das empresas da cidade de São Paulo oferecem aos funcionários programas de prevenção e controle do uso de álcool e drogas. Isso foi o que revelou uma projeção de dados feita pela Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), entidade sem fins lucrativos que congrega profissionais que trabalham no campo da dependência química no Brasil.
Do outro lado, pesquisa do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) de 2001 aponta que o número de dependentes no país é de 15% da população de 12 a 65 anos.
Segundo especialistas, a compreensão de que a dependência química é uma doença -e não um desvio de comportamento- é fundamental para que os empregadores passem a investir na recuperação dos funcionários e na prevenção do problema.
A relevância desse investimento se reflete na produtividade. Dados revelados por pesquisas da AMA (American Management Association) mostram que 65% dos acidentes de trabalho nos Estados Unidos estão ligados ao uso de álcool e de outras drogas.
Ainda segundo a Ama, o custo anual, somando perdas patrimoniais, acidentes de trabalho, baixa produtividade e despesas médicas, entre outros fatores que envolvem usuários de drogas, foi de US$ 180 bilhões nos Estados Unidos em 2003. No Brasil, projeções da associação americana chegam a cerca de US$ 19 bilhões.
Além disso, nos EUA, funcionários envolvidos com drogas e álcool faltam dez vezes mais do que os que não são usuários, chegam três vezes mais atrasados, são um terço menos produtivos e usam 16 vezes mais os serviços de saúde.

Apoio
Por outro lado, estruturar esses programas é pensar a longo prazo. Dados do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) mostram que, para cada dólar investido pelas empresas em tratamentos a dependentes químicos, existe um ganho de US$ 3. Há ainda redução de 91% das faltas, diminuição de 88% dos problemas disciplinares e 97% menos casos de acidentes de trabalho.
"Esses programas são interessantes para as empresas por várias razões", analisa Luiz Alberto Chaves de Oliveira, médico especializado em dependência química e secretário do Conen-SP (Conselho Estadual de Entorpecentes). "Pelo lado econômico, já que é caro demitir o funcionário e fazer a reposição; pelo lado da responsabilidade social; do ponto de vista da segurança; da melhora no ambiente de trabalho e, por fim, custa pouco manter uma iniciativa de prevenção e tratamento."
Ana Cecília Petta Roselli Marques, presidente da Abead e psiquiatra da Unidade de Dependência de Drogas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), no entanto, tem ressalvas.
"Muitas vezes, as firmas que têm programas prestam atendimento médico-ambulatorial e psicológico a funcionários que tiveram resultado positivo nos exames toxicológicos em até duas vezes. Após a terceira reincidência, ele corre o risco de ser demitido."
Nos EUA, 55% das firmas adotam controle para usuários de drogas. No Brasil, o Ministério da Saúde implantou o Programa Atenção Especial ao Usuário de Droga e Álcool em 2000.
"A participação conjunta de família, empresas e sociedade civil na prevenção e no combate ao uso de drogas é fundamental. Essa seria uma forma de gerar mudanças efetivas no combate à dependência química", afirma Marques.


SELMA OROSCO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

segunda-feira, setembro 20, 2004

Para ampliar clique na foto


Jogo de Domingo(19) AVBS Santos x Mackenzie 
Todas viciadas na bola laranja. Além do jogo, vale também pelas amizades.
Eu, de camisa branca 15, jogando por Santos.

Recentemente o master feminino vem se organizado e ganhando força. Tradicionalmente a UVB promove Campeonatos Masculinos na categoria de veteranos aqui em São Paulo com a participação de grandes ídolos do nosso basquete. Ano passado com o esforço de algumas veteranas, a UVB deu início ao Campeonato Feminino e neste ano já contamos com seis equipes participantes que devem disputar as finais na primeira semana de novembro, isto porque muitas já se preparam para o Campeonato Brasileiro de Master, que acontece este ano em São Luiz (MA) de 12 a 20 de novembro. É uma grande festa que acontece todo ano, com a disputa dos jogos e confraternizações de veteranos de todos os Estados do Brasil.
Também a seleção brasileira feminina de master se prepara para o Mundial que acontece de 22 a 30 de janeiro na Nova Zelândia, e vai em busca do bicampeonato.
É o feminino marcando presença, também na categoria master!!! Se alguém quiser mais informações entre em contato pelo e-mail mariliza@osite.com.br

Sites UVB

Federação Brasileira Basquete Master


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Campeonato da UVB Posted by Hello

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quinta-feira, setembro 16, 2004

VETO A DESENHO VIOLENTO

Governo veta 'demônio' de manhã na Globo

Um dos desenhos de maior audiência do Cartoon (canal líder da TV paga), "InuYasha" foi considerado pelo Ministério da Justiça como inadequado para antes das 20h na TV Globo, por conter "violência leve" (agressões físicas).
A classificação vale apenas para a Globo. Se for mantida, equivale ao banimento da série na emissora, que só exibe desenhos de manhã. Canais pagos, como o Cartoon, que apresenta "InuYasha" diariamente das 17h05 às 18h, são livres de classificação.
A Globo pode recorrer da classificação. Mas, até ontem, a posição era de não recorrer. Segundo a emissora, não havia previsão de estréia de "InuYasha".
O Ministério da Justiça analisou dez episódios do seriado e considerou todos impróprios para crianças menores de 12 anos.
"InuYasha", da mesma linhagem de "Dragon Ball", é um animê (desenho japonês) com monstros e lutas. No site do Cartoon, o personagem-título é descrito como "um garoto meio homem meio demônio, que busca a 'Jóia das Quatro Almas' para se tornar um demônio completo".
Em 2001, decisão do Ministério da Justiça levou a Globo a descartar a exibição da série japonesa "Power Stone", classificada para as 20h. A emissora recorreu e perdeu. Há dois meses, a Band só conseguiu liberar "Cavaleiros do Zodíaco" para as 17h após comprometer-se com o ministério a cortar cenas de violência.

Fonte - Folha




Novos rumos para o direito à comunicação

Criada em 2001, a Campanha CRIS (Communication Rights in the Information Society – em português, Direito à Comunicação na Sociedade da Informação) inicia de fato suas atividades no Brasil a partir deste semestre. Um encontro realizado no Rio de Janeiro nos dias 19 e 20 de agosto na sede da Associação Brasileira de Imprensa, onde estiveram presentes mais de 50 entidades, marcou a mobilização em torno desta iniciativa que luta pela democratização da comunicação.
A Campanha CRIS foi criada pela Plataforma pelo Direito à Comunicação – grupo de ativistas e organizações não-governamentais de diversos países que se uniram com o objetivo de garantir a defesa dos direitos humanos, dos interesses dos cidadãos e dos processos democráticos na Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (CMSI), organizada pelas Organização das Nações Unidas (ONU). Um dos objetivos da iniciativa visa garantir que a participação da sociedade civil no evento seja ampla. A preocupação do grupo é de trazer o tema do direito à comunicação para o centro das discussões da CMSI, e, também, promover o debate público e desenvolver ações em relação a este tema. As propostas são no sentido de buscar os caminhos necessários para consolidar a comunicação como um direito humano e não como uma mercadoria, e identificar formas de uso democrático dos meios de comunicação.
No Brasil, desde o Fórum Social Mundial de 2002 vem se tentando aglutinar atores em torno da Campanha CRIS. No entanto, de acordo Graciela Selaimen, diretora de Informação e Comunicação da Rits [uma das organizações articuladoras da Cris Brasil], só agora a campanha realmente ganhou força entre as instituições brasileiras. Uma das dificuldades no trabalho de envolvimento das ONGs na campanha era, segundo Graciela, a conscientização sobre a importância do direito à comunicação.
"A percepção da comunicação como um tema central, que deve estar incorporado à agenda política das ONGs é recente. Durante muito tempo a comunicação foi vista apenas como um instrumento para atingir objetivos: formar parcerias, captar recursos etc. Felizmente, hoje as ONGs começam a discutir a comunicação como questão estratégica e como direito fundamental que viabiliza a garantia de outros direitos", afirma Graciela. Ela ressalta que é essencial exercitar o direito à comunicação para a efetivação de outros direitos humanos. "É importante entendermos que o direito à comunicação não se resume em liberdade de expressão. É, também, possibilidade de acesso aos meios de produção, democratização dos meios, controle cidadão, fortalecimento das mídias alternativas e comunitárias e o fortalecimento dos cidadãos como produtores e não só como consumidores de informação - entre outras coisas", diz.
Gustavo Gindre, coordenador-executivo do Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura (Indecs) e um dos articuladores da Cris Brasil, espera que a segunda fase da Cúpula, que será realizada na Tunísia, em novembro de 2005 (a primeira fase aconteceu em Genebra, em 2003) tenha mais espaço para as propostas e necessidades identificadas por instituições da sociedade civil. "O ideal é que a gente chegue na segunda fase da Cúpula representando de fato a sociedade civil. Que a gente fale em nome não apenas de algumas entidades, mas de um movimento social", diz.
Além de melhorar a qualidade da participação da sociedade civil na CMSI, o fortalecimento da CRIS-Brasil deverá contribuir para o avanço dos debates sobre o direito à comunicação no país, segundo Gindre. "Esperamos envolver o maior número de atores possíveis ligados à comunicação, não só os participantes do processo preparatório da Cúpula. Pretendemos também vincular esse debate internacional sobre o direito à comunicação à realidade local, à comunicação comunitária", diz.

A oficina
O encontro que deu impulso à campanha aconteceu durante a Oficina de Validação do Global Governance Project (GGP), projeto da Campanha CRIS que está sendo realizado em diversos países e é implementado no Brasil pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, que visa à concretização do direito à comunicação em diversas realidades locais. Organizada pela Rits e pelo Intervozes, a oficina foi realizada para apresentar, analisar e validar uma pesquisa preliminar feita pelo Intervozes sobre políticas públicas na área de direito à comunicação no Brasil, além de definir prioridades para continuidade do GGP e da CRIS Brasil. "A pesquisa resultará num guia de referência com indicadores que ajudem a criar um ambiente propício para o direito à comunicação", adianta João Brant, coordenador do Intervozes.
Os participantes da oficina tiveram ainda a oportunidade de conhecer um pouco da história da Campanha CRIS internacional e o processo de amadurecimento da campanha no Brasil, desde o FSM de 2002.
Um dos principais consensos da reunião foi a definição do caráter da CRIS Brasil como uma articulação ampla de organizações da sociedade civil e movimentos sociais, que deverá ter um diálogo permanente com o governo e interfaces com outras iniciativas já em andamento no campo da comunicação.
Ao final da oficina, foram formados quatro grupos de trabalho para os temas escolhidos como prioritários pelos participantes, e mais um para discutir a formulação de um planejamento estratégico para a CRIS Brasil. Os temas prioritários são: estruturação de um sistema público de comunicação; diversidade cultural; propriedade intelectual; e apropriação social das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
Uma próxima reunião deverá acontecer em novembro, com o objetivo de consolidar o trabalho realizado até então e definir o planejamento estratégico da articulação. Para mensurar os resultados do processo da CRIS Brasil, será feita uma avaliação geral das atividades no final de 2005.
Além dos encontros, as discussões da CRIS Brasil acontecem numa lista de discussão na Internet – hospedada pela Rits - para troca permanente de idéias e envolvimento por parte dos interessados. A Rits também está desenvolvendo o site da CRIS Brasil, que estará on-line em breve no endereço www.crisbrasil.org.br

Fonte: Revista do Terceiro Setor

quarta-feira, setembro 15, 2004

VIOLÊNCIA É PERVERSAMENTE TRADUZIDA NA TV

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

No Japão, a TV não exibe as imagens dos atentados de 11 de Setembro. É incrível como aberrações que se tornaram corriqueiras, quase naturais, não o são do outro lado do planeta. Apesar da globalização, da uniformização tecnológica etc. e tal.
Se o choque dos aviões nas torres do World Trade Center, e o posterior megadesmoronamento que se seguiu, não aparecem na TV japonesa, o que dizer da recente tragédia envolvendo a escola cheia de crianças na Ossétia?
Ou das cerca de 40 explosões que marcaram o domingo, 12 de setembro, no Iraque? Com direito a imagens de um jornalista morto "em combate", quando reportava diretamente das ruas de Bagdá?
As imagens da tragédia nova-iorquina foram espetaculares. A ação foi concebida e reverberou como tal na mídia ocidental.
As imagens recentes da escola russa são de outro tipo. Elas revelam detalhes de corpos feridos, pessoas amarradas a bombas. Sem nenhum efeito especial, a crueza atingiu em Beslan os limites do tolerável.
O atentado tchetcheno celebrou, com alguns dias de antecedência, o aniversário do evento cujo significado para o império americano talvez possa ser comparado ao da queda do muro de Berlim para o império soviético.
O acirramento da violência nas mais diversas esferas da vida contemporânea -das relações pessoais às internacionais- se traduz de maneira perversa na telinha. Ao menos na metade ocidental do globo.
A ausência de imagens consideradas muito violentas na TV japonesa, além de curiosa, decorre de convenções culturais que protegem as pessoas do excesso de intimidades e de inconveniências. Revela mecanismos estratégicos da guerrilha contemporânea.
Explosões via satélite queimam imagens condenadas em diversas culturas, corroendo, por dentro, países de mídia livre.
Diante das imagens de Beslan, dá vontade de viajar para o Japão.

Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP

terça-feira, setembro 14, 2004


Dia de bagunça com todos os brinhos Posted by Hello

UMAS CRIANÇAS, OUTRAS CRIANÇAS

Cinqüenta anos de observação são insuficientes para entender muitos dos conceitos, ou impulsos, ou lá o que seja, do que alguns chamam, à falta de melhor denominação, de "imprensa escrita, falada e televisada". Minha intuição é de que, se dispusesse de outros tantos anos, o que felizmente é impossível, continuaria na mesma perplexidade. Incapaz de compreender se os conceitos fundamentais do dia-a-dia da comunicação, os conceitos automáticos que valorizam umas e desprezam outras notícias pelo mundo afora, refletem na sociedade humana a natureza simplória do jornalismo ou são reflexos das perversões que, entre outros feitos, fazem do planeta um palco de infinita luta mortal entre os humanos.
Tanto faz se praticado por terroristas ou militares, o ataque a populações civis indefesas é a mesma monstruosidade. O que se passou na escola em Beslan reproduz, com peculiaridades locais, morticínios equivalentes e mesmo piores, em uma fileira multimilenar que o nosso tempo tem aumentado mais do que sempre. Poucos, no entanto, têm causado pasmo e clamor, o que se constata com a mais simples observação do seu tratamento noticioso, muito semelhante em todo o mundo.
A mortandade das crianças em Beslan aturdiu até os compatriotas solidários, na causa da independência tchechena, aos terroristas. Jornais, televisões e rádios não se pouparam na contaminação universal do sentimento de horror. Seria por uma razão aritmética? Afinal, no Oriente Médio as crianças não são menos crianças que as de Beslan, matá-las não é menos monstruoso do que foi em Beslan, e as crianças perversamente mortas todos os dias no Oriente Médio são em número muito, muito maior que as de Beslan, mas suas mortes não recebem mais do que o tratamento noticioso comum a um acidente de trânsito.
No Sudão, no Tchad e em outras partes da África o legado do colonialismo europeu mata crianças, de fome e de tiro, como insetos, com regularidade que o tempo não altera. Outra batida perturbadora do trânsito.
"The New York Times" publicou, há três dias, perto de 900 pequenas fotos e mais cem nomes: eram, àquela altura em número de 1.004, os soldados dos Estados Unidos mortos no Iraque. Total de 12 a 14 vezes menor que o de civis iraquianos mortos. A chegada a mil dos mortos dos Estados Unidos mereceu espaços nas primeiras páginas e destaque nos telejornais em todo o mundo, coroamento do realce merecido por cada número redondo dessa fatalidade.
E as crianças iraquianas, quantas são nos 12 a 14 mil mortos civis? Bem, as estatísticas conhecidas não se ocuparam de tal pormenor. Não importa, suas fotos e vídeos chegam todos os dias às redações em todo o mundo. São milhares de crianças. Não são menos vidas nem menos crianças que as se foram em Baslan. Mas não importam. Acidentes de trânsito que nem valem como notícia.
É a ocorrência simultânea que cria o choque de horror? Não é a morte absurda, não é a vida injustiçada, não é a inocência punida, não é a monstruosidade humana? Não é nem o número, é só a simultaneidade? Quem preferir uma variação do mesmo tema, ei-la: 80 mortos em desastre aéreo valem mais do que 100 civis, em grande parte crianças, mortos por ataque militar no Oriente Médio, como se viu há poucos dias - e sempre se verá a cada tragédia aérea.
Uma recomendação do jornalismo em todo o mundo: crianças, morram simultaneamente, às dezenas, às centenas, aos milhares, não importa, mas que sejam mortes simultâneas, para que mortes monstruosas de crianças choquem de comoção a sociedade humana e seus jornais, televisões e rádios - a sua voz, dizem.

Janio de Freitas - Jornal Folha de São Paulo

segunda-feira, setembro 13, 2004

+ CONCEITOS

O que é Marketing Social?
Marketing Social é a gestão estratégica do processo de inovações sociais a partir da adoção de comportamentos, atitudes e práticas individuais e coletivas, orientadas por preceitos éticos, fundamentados nos direitos humanos e na equidade social.
O termo é empregado para descrever o uso sistemático de princípios e técnicas orientadas para promover aceitação de uma causa ou idéia. Tem como objetivo principal transformar a maneira pela qual um determinado público-adotante percebe uma questão social e promover mudanças comportamentais visando melhorar a qualidade de vida de um segmento populacional.
O Marketing Social apropria-se de conhecimentos e técnicas mercadológicas, adaptando-se à promoção do bem estar social. Trabalha-se com objetivos claramente definidos, metas mensuráveis, pesquisas e avaliações quantitativas e qualitativas, além de desenvolvimento de tecnologias sociais para segmentos específicos. Busca posicionar na mente dos adotantes as inovações sociais que pretende introduzir, implementa estratégias, cria, planeja e executa campanhas de comunicação para satisfazer necessidades que não estão sendo atendidas, estabelecendo novos paradigmas sociais.
A maioria das intervenções na área social ainda são realizadas em caráter assistencialista e baseadas em uma ótica de necessidades específicas de certas populações. O desenvolvimento, a aplicação e a disseminação de novas metodologias para o trabalho na área social são insumos fundamentais para fomentar o estabelecimento e a implantação de políticas mais coerentes com a realidade das comunidades.
A utilização de conceitos sobre mercado social, pode ser um importante instrumento de trabalho, pois utiliza ferramentas que podem permitir mudanças na forma de atuação na área e na potencialização de seus resultados na sua atuação com as políticas públicas.
Um dos mecanismos importantes para permitir o conhecimento e a adoção de conceitos para atuação no Mercado Social é a circulação e a elaboração de conteúdos científicos e teóricos e o intercâmbio de experiências práticas sobre o tema. Já estão sendo desenvolvidos no Brasil, cursos de Marketing Social, voltados para uma visão adaptada à realidade do Mercado Social. Mas outros mecanismos de difusão desses conceitos precisam ser estimulados.

SOCIALTEC

sexta-feira, setembro 10, 2004


MINHA DECLARAÇÃO DE AMOR A ESTE PLANETA Posted by Hello


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quinta-feira, setembro 09, 2004

Estatuto da Criança e do Adolescente

Convenção Internacional dos Direitos da Criança
"Considerando que a criança deve estar plenamente preparada para uma vida independente na sociedade e deve ser educada de acordo com os ideais proclamados na Carta das Nações Unidas, especialmente com espírito de paz, dignidade, tolerância, liberdade, igualdade e solidariedade."



Declaração Universal dos Direitos da Criança
"... Estes direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer exceção, distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição econômica, nascimento ou outra condição, seja inerente à própria criança ou à sua família."


ACESSO

Estações de trem de São Paulo recebem "Campanha de Combate ao Uso de Álcool e Outras Drogas"

A "Campanha de Combate ao Uso de Álcool e Outras Drogas" estará em 9 de setembro, entre 10h e 16h, na Estação Tatuapé da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), em São Paulo. Por lá passam os trens das linhas E (Luz-Estudantes) e F (Brás-Calmon Viana). Cerca de 17 mil usuários circulam diariamente em suas plataformas.
A campanha destina-se a orientar os usuários do sistema, que são dependentes químicos, e seus familiares, sobre os problemas causados pelas drogas. Também são fornecidas informações sobre como obter atendimento voluntário e gratuito. A identidade dos que procuram esclarecimentos é totalmente preservada.
Vários grupos de ajuda participam da atividade: AA (Alcoólicos Anônimos), Al-Anon (grupo de apoio a familiares de alcoólatras), NA (Narcóticos Anônimos) e Nar-Anon (grupo de apoio a familiares de usuários de narcóticos). As próximas estações que desenvolverão o programa são: Itaim Paulista (14/09), Itaquaquecetuba (22/09) e Calmon Viana (28/09).

quarta-feira, setembro 08, 2004

CONSCIENTIZAÇÃO

OS TEXTOS QUE LI HOJE, CONFIRMAM A PREOCUPAÇÃO DE VÁRIAS PESSOAS COM AS MESMAS DISTORÇÕES SOCIAIS QUE VENHO APONTANDO AQUI.


Por Manoel Francisco Brito
Jornalista, foi editor-executivo do Jornal do Brasil e da revista Veja e diretor-geral do site NO.
Fonte - AOL

ANESTESIA SOCIAL
O massacre de crianças e adolescentes numa escola pública da cidade de Beslan, na província da Ossétia do Norte, Rússia, chocou, como era de se esperar, o mundo inteiro. O Brasil não escapou do sentimento de repulsa, compaixão e medo que as mortes em conseqüência do tiroteio entre terroristas e as forças de segurança russa provocaram. As manchetes dos jornais de sábado no país, dando amplo destaque ao assunto, usaram freqüentemente a palavra barbárie para descrever o que havia acontecido. É difícil imaginar que pudesse haver uma reação diferente. O episódio na Rússia é um dos piores pesadelos que afligem a nós, os adultos.
Toda vez que um jovem morre por causas violentas, significa que não resguardamos sua inocência, que fomos incapazes de cumprir uma das funções mais básicas da nossa humanidade: proteger e transformar em adultos crianças e adolescentes. No caso de nós, brasileiros, seria bom se aproveitássemos a reação de horror e pavor que estamos tendo sobre a carnificina na Ossétia do Norte para dedicar um pouco mais de atenção a resolver um grave problema que paira sobre a população jovem do país. Se não fizermos nada, corremos o risco de ver nossa súbita, mas justíssima manifestação de solidariedade a dor dos russos transformada em hipocrisia.
Somos capazes de reagir como seres humanos a algo que aconteceu a milhares de quilômetros de nossa fronteira com a indignação e emoção adequadas, mas tudo indica que continuaremos insensíveis ao massacre cotidiano a que nossa juventude é submetida por aqui. Segundo o 4º Mapa da Violência no país divulgado em julho sob o patrocínio da Unesco, entre 1992 e 2002, a morte de jovens pelo mesmo instrumento que ceifou a vida de crianças e adolescentes na Rússia na última sexta-feira, armas de fogo, cresceu 88%. Vale fazer uma conta para se ter a dimensão da nossa carnificina.
Se bem que ainda seja cedo para se saber de modo definitivo quantas pessoas morreram na escola russa, no domingo a imprensa internacional afirmava que tinham morrido por lá 156 crianças e adolescentes. Só em 2002, pelos números do Mapa da Violência da Unesco, matou-se no Brasil um número de jovens 115 vezes maior. É bem verdade que nossa estatística não engloba crianças, mas apenas adolescentes e adultos entre 15 e 24 anos de idade.
Mas isso não deveria servir como consolo coletivo. O crescimento geométrico em uma década, cerca de 88%, da taxa de homicídios cujas vítimas foram jovens significa que em boa medida não estamos conseguindo salvar milhares de crianças brasileiras de entrarem numa adolescência de alto risco, onde são grandes as suas chances de morrerem pela força das armas. Mais grave ainda é perceber que o Brasil não produziu nenhuma política efetiva para tentar reverter este quadro.
Talvez essa espécie de anestesia coletiva que parece confortar a sociedade brasileira em relação ao problema seja fruto do fato que nossos jovens por aqui morrem devagar, um punhado deles a cada dia, ao contrário das crianças e adolescentes na escola russa, mortos de uma só vez. Essa diluição da nossa tragédia, entretanto, não a torna menos terrível. Mas faz com que ela seja, aparentemente, bem mais tolerável.
O país, fora alguns abnegados, raramente discute o tema. Como o assunto não parece incomodar a sociedade, é natural que os políticos naveguem ao largo dela. Lula, por exemplo, até que fala muito nos jovens e nas crianças. Já propôs inclusive várias iniciativas em favor deles – como o programa do Primeiro Emprego. Tudo patacoada. Emprego quem precisa é todo mundo que está em idade de trabalhar – principalmente os chefes de família. Jovem precisa é estar na escola.
A pandemia de violência que mata os jovens no Brasil e submete crianças em regiões da periferia urbana à convivência diária com o terror tem nome e endereço: falta de educação. O principal grupo de risco é formado por meninos que acabam, ao longo de sua juventude, fora das escolas. O problema é mais do que conhecido. Mas não há mobilização para resolvê-lo. Prefere-se, por exemplo, despender energia tentando resolver uma duvidosa auto-estima dos brasileiros, que seria a causa de todos os nossos males. Agora que a campanha publicitária para dizer que o Brasil é legal está no ar, pode-se imaginar que nossos jovens mortos devem estar rolando de orgulho no túmulo.



Por Nádia Rebouças - Diretora geral da Rebouças&Associados
Fonte - Meio&Mensagem

TEMOS UMA VISÃO PARA O FUTURO?
Será que a comunicação é tão pouco importante que cismamos em não ver os valores que estamos reproduzindo sistematicamente por meio da comunicação criada pelas notícias dos jornais, novelas e programas de TV em gerall?
As empresas e qualquer tipo de organização sabem hoje a importância de desenvolver planos estratégicos e reúnem seus líderes, estabelecendo com cuidado sua missão, visão de futuro e valores. Depois, objetivos e metas. Alinha-se a comunicação para a gestão, buscando conquistar a organização como se fosse uma orquestra em busca de uma sinfonia harmônica, tão eficiente que nos mínimos acordes se perceba a construção do futuro. Olho nossos fatos e as notícias no jornal e vejo a manutenção de velhas formas de enxergar a realidade. Repetem-se formas de dar a notícia que acentuam preconceitos. Vejamos as manchetes: "Um menor foi morto em Copacabana", "Mendigos mortos a paulada em São Paulo". A chamada das manchetes já desqualifica qualquer sentimento. Não foram pessoas massacradas nas ruas da maior cidade da América Latina. Não foram personagens das nossas cidades, muitos conhecidos das nossas esquinas e com os quais esbarramos no dia-a-dia. Não foi uma criança de sete anos que perdeu a vida: foi um menor. Nossa mente registra as notícias na borda da consciência, pois elas já vêm frias, tiradas da beirada do prato de mingau de absurdos que deveriam nos colocar todos em reunião, discutindo nossa missão como seres das cidades e nossa visão de futuro.
Vamos para as novelas: lá, todos os dias milhares de jovens recebem um treinamento de como ser jovem na atualidade. "Chaolim" é um Deus todo-poderoso que ensina palavras e gestos que podem ser repetidos facilmente por esses nossos adolescentes completamente perdidos num mundo sem missão, visão de futuro e valores. A mãe do "Chaolim" parece uma tola e não tem nada a ver com a realidade das mães que tenho conhecido nas classes superiores, que sofrem e se desesperam com seus filhos e seus desvios comportamentais. A "Lady Diane" engravida na adolescência fascinada com o menino mau. A mãe apanha do marido bandido e encanta-se com um português. São dados da realidade? Sem dúvida. No final, as "Lauras" sempre morrem. Numa cena rápida. Mas são seis ou oito meses de treinamento intensivo de maldades. São gestos e imagens repetidas, e que dão certo até o final da novela.
Alguém já pesquisou a mente para descobrir o que sobra dessa plantação?
Os comerciais de propaganda no meio dessas novas estratégias de comunicação para construir o País até que se saem melhor. O Conar viabiliza que a população se manifeste e que comerciais como o que o prisioneiro recém-libertado rouba um carro saia do ar imediatamente. Na propaganda o que salta aos olhos é a impossibilidade de sermos gordos, feios, velhos, especiais, diferentes. O mundo nos é vendido como um bolo só. Tudo é alegria e mulher bonita. Mas já podemos perceber empresas comunicando-se com responsabilidade social. Responsabilidade Social não é uma coisa para fazermos num determinado lugar, num departamento ou num momento de nosso tempo de vida ou da organização. Responsabilidade Social é um valor e, portanto, temos ou não temos. Definitivamente na nossa comunicação somos profundamente irresponsáveis, talvez porque não damos conta da importância da comunicação para a construção do futuro do País. Brincamos. Todos que estão tentando aprender para construir novos tempos sabem que quando transformamos uma criança em um "menor" estamos dando uma vacina para proteger a sensibilidade social. Criamos muitos "menores" e poucas crianças nas periferias de nossas cidades. Não nos damos conta de que o trabalho infantil escravo se multiplica nas nossas esquinas. Matamos nossos adolescentes nas periferias e multiplicam-se "Chaolins" e "pitbulls" nas academias e boates dos bairros de elite.
Qual é mesmo nossa visão de futuro? Todos nós, profissionais que trabalhamos para grandes organizações, podemos perceber o absurdo da orquestra que preparamos todos os dias para tocar a música do nosso País.
Mas a boa notícia é que isso não é tudo. Existem músicos alternativos que estão tocando em todos os cantos. São novas notícias que nem sempre viram notícias nos jornais. São enredos novos para futuras novelas, onde a história será contar como um adolescente percebe a bobagem de sua vida e a cada dia constrói seu novo ser como no projeto "Gente é pra brilhar", patrocinado pelo Instituto Telemar e realizado pelo CIMA - Centro de Imagem e Meio Ambiente - e que será distribuído em todas as escolas do Rio de Janeiro. Os jovens da periferia do Rio aprenderam a fazer cinema e documentaram a vida de seis outros jovens, que por meio da música, do esporte e de projetos socias e ambientais construíram uma nova vida. São pequenas novelas, de um novo tempo. O lançamento de filmes, CDs e DVDs com dicas educativas, crônicas de Maria Lucia Dahl e Leonardo Boff e caricaturas do Ique vão transformar-se num material original para o trabalho educativo com jovens de todo o Estado.
Também há duas semanas a Mídiativa - Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Adolescentes -, criada em 2002 por profissionais de comunicação e educação com a missão de promover o pensamento crítico sobre a mídia, escolheu os diretores de marketing e mídia e os realizadores de programas considerados de qualidade pelos pais de crianças e adolescentes. A Pesquisa MídiaQ, realizada pela Multifocus Pesquisa de Mercado, avaliou programas da TV aberta. A conclusão é que existem programas bem avaliados pelos pais, mas eles consideram que a programação atual em linhas gerais não cumpre o papel esperado quando se trata da transmissão de valores. O critério dos pais entrevistados para a escolha dos programas foi influenciado mais pela capacidade de atração do que por considerarem que contribuem efetivamente para construir valores e preparar a nova geração para a vida. A pesquisa nos alerta que já há uma expectativa de que a TV extrapole a mera função de entretenimento. A premiação inédita da Mídia Ativa, com o apoio do Meio&Mensagem e da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), inaugura um novo tempo onde programar uma veiculação estimulando um programa de televisão também pode ser um ato de responsabilidade social. Além disso, a pesquisa chama a atenção para o amadurecimento de nossa audiência e para a enorme preocupação com a educação das novas gerações, além de refletir sobre como a comunicação tem papel estratégico nesse processo.
São novos ventos que ainda não têm força para vencer o furacão, mas a melhor notícia é que a cada dia mais brasileiros se dão conta da necessidade de esclarecermos: afinal, qual é nossa visão de futuro? Como ter foco e trabalhar para conquistá-la? Não desprestigiem a força da comunicação. Ela é que multiplica. É necessário apenas escolhermos o que queremos multiplicar.



Por - FERNANDO BONASSI
Fonte - Jornal Folha de São Paulo

SOLUÇÃO FINAL PARA A QUESTÃO DA MISÉRIA NACIONAL
Está provado: os miseráveis são os maiores responsáveis por nossos menores índices de desenvolvimento humano. Também, pudera: vivem como animais nesses conjuntos habitacionais, entregando-se à promiscuidade dos conjugados invadidos, barracos espremidos ou favelas suicidas -que nada desses incômodos têm mesmo diferença para nossa indiferença.
Nossos miseráveis são memoráveis por esquecerem essas datas comemoradas em seu nome. São refratários ao estudo e não se interessam por sua ignorância hereditária; não lêem legendas, não entendem a piada desgraçada de sua existência e têm dificuldade de acompanhar uma boa faculdade apenas porque é cara! Quem vai pagar por isso? Os mais nobres dentre os pobres de nós é que não. Não somos muito chegados a esse tal de bem comum, quando nos morde o bolso blindado sob a forma de imposto desviado, ainda que ele nos volte transviado pelas quebradas, tabelas e "guard-rails" das pontes, túneis e viadutos que obramos e inauguramos entre uma administração e outra.
O que queremos dizer é simples: se os nossos miseráveis não podem se lançar nessa aventura do conhecimento, que pelo menos não permaneçam ao relento diante das unidades educacionais, apresentando-se analfabetos como flanelinhas ou assaltantes ocasionais, transtornando ou escorchando nossos filhos mais queridos, os filhos dos que se consideram normais. São os nossos miseráveis, por exemplo, esses índios outrora queimados por epidemias venéreas, enchendo agora as vias aéreas com as "podrezas" que atingem até as drogas dessa cidade de pobrezas, cujo crack vertiginoso, batizado pela esperteza dos senhores desses engenhos e malandragens, já se ouve à longa distância e há muito tempo.
Não podemos permitir que o teto caia no meio das festas desautorizadas por essas elites, mas o melhor negócio é mesmo lidar com gente de bens, os donos desse circo mínimo, palhaços sem graça que se divertem tendo de tudo enquanto o resto só um resto tem.
Se abrirmos nossa mão, será para pancada; um tapa, uma necessidade; no máximo, uma caridade. Podemos também erguê-la, legando à civilização brasileira mais um desses gestos inesquecíveis dentre todos os massacres perpetrados para facilitar a vida dos folgados, que vivem de renda com as prendas dos escravos alugados. Os nossos miseráveis não se envolvem, não evoluem, não resolvem! Eles não conhecem os procedimentos de emergência de uma aeronave, vendem mercadorias piratas e comem comida barata (por exemplo: batata, aos quilos!), são desnutridos, têm mau hálito e não freqüentam o dentista regularmente pois, covardes, preferem a extração do dente à conservação dessa dor insuportável de cabeça.
São os nossos miseráveis que estão sempre nos colocando nessas listas imperialistas, por debaixo das piores estatísticas, ridicularizados, humilhados e vencidos por argelinos furiosos, irlandeses alucinados e argentinos deprimidos.
Até quando isso será permitido!
Se nem os nossos miseráveis atletas sensacionais nos trazem as medalhas quando lhes jogamos as migalhas das viagens internacionais subsidiadas! O que é que eles querem mais, além de quatro semanas de fama?! Tem gente que se mata numa cama ou num cargo, se despe de roupas e convicções por muito menos! Nós temos a certeza serena de quem conhece a dureza dos vermes da terra que haverão de nos comer as partes moles em primeiro lugar.
O fato é que os miseráveis não se vestem bem num dos países mais elegantes por natureza, criando problemas para os agentes e pacientes do nosso turismo doente.
Os nossos miseráveis transmitem uma enorme quantidade de infecções, sendo a pior delas, o olhar de quem começa a se encher o saco de esperar mais uma geração. Devemos estar atentos aos movimentos suspeitos dos mendigos e de seus amigos do peito, esses anarquistas que teimam em fazer valer a vida, quando nossos homens de preto advogam o contrário nos tribunais da injustiça.
Os miseráveis se comportam mal em público... e na privada. Por isso não cheiram bem. Vão do mal ao pior, em desordem crescente e teimam em não progredir, lançando-se às ruas da amargura como quem pensa que é dono deste mundo!
Não são.
São menos do que nada.
Não valem uma bala, uma facada, uma fala!
Os desempregados desenganados de sapatos furados poderão ser considerados miseráveis a qualquer momento, num instante agonizante como esse, numa tacada. São Paulo apresenta suas armas contra a miséria: a marretada! O setor funerário crescerá a olhos vistos e ouvidos surdos, tornando o país a sétima economia mentirosa na hipocrisia do mundo globalizado, criando a miragem de milhões de novos postos de trabalho com salários achatados para os burros de carga encarregados de carregarem os cadáveres dos asnos abatidos e embalados para exportação.
PS: Os traficantes de órgãos manifestaram preocupação quanto ao assunto e mandaram avisar que estão, sim, interessados numa dessas "parcerias" em que o Estado entra com a solução.
PS2: Pode ser que a investigação e o processo sejam enterrados como indigentes, ou indecentes.



domingo, setembro 05, 2004


Chuva de pétalas na Expoflora. Posted by Hello

HUMANO OU DESUMANO?

Hoje visitando a Exploflora, amadureço a idéia de que vou largar esta vida na capital e plantar alguma coisa. Quem sabe flores, num cantinho distante.
Num mundo desordenado, com mortes absurdas, de pessoas e crianças indefesas submetidas ao cárcere, com privação de água à espera da interrupção brutal de suas vidas. Por que achamos que temos este poder? De tirar a vida tão preciosa de outro ser. O motivo sempre será fútil, pois nem podemos nos comparar aos animais que matam para se alimentarem.
Esta é a parte mais obscura e cruel da espécie humana. Desde o início da nossa "civilização" a necessidade do extermínio prevalece. Não fabricamos armas para nos defender. Fabricamos para matar.
Os filmes, os desenhos animados e agora os jogos de computador nos fazem crer desde a infância, que a matança é uma coisa natural e inerente ao homem. O bem e o mal são apenas um pretexto. Mas quando vemos explodir a violência em nossos lares, nas nossas escolas, nos nossos vizinhos, ficamos chocados. Por que? Se aprendemos a gostar de torturar, matar e explodir tudo através do vídeo? É como na escola, tudo que assimilamos, provalvelmente iremos aplicar no nosso dia-a-dia.
Não se enaltece o valor da vida humana, o respeito às pessoas, a solidariedade, a forma racional de se resolver as coisas. Mesmo que nossos pais se esforçem em nos dar uma educação baseada nestes princípios, os conflitos serão constantes e é natural que estes valores se fragmentem e se distorçam em uma sociedade doente. Esta é uma das verdades que não queremos enxergar em nossa evolução.
ADOECEMOS EM NOSSA ESSÊNCIA E CONTRAÍMOS O VÍRUS DA INDIFERENÇA.
Por isto, meu apreço à estas pessoas voluntariosas citadas aqui neste blog e à outras que ainda irei mencionar. Pessoas realmente humanas, que ajudam o próximo e lutam armadas de amor e solidariedade, por mundo melhor.

sexta-feira, setembro 03, 2004

A MORTE AO RELENTO

Tenho andado triste e desanimada com estas atrocidades covardes que assombram nosso país. O brasileiro sempre gostou de ajudar, mas de longe. Sempre com a desculpa de que já temos muitos problemas não nos envolvemos diretamente com esta população de rua que se agiganta. No entanto nunca esperei atitudes de extrema violência e covardia contra estas pessoas que dormem ao relento.
Desde menina eu me deprimia com o sofrimento dos moradores de rua. Naquela época minha mãe dizia que era perigoso eu ficar levando comida para eles, mas eu continuava fazendo escondido. Algumas vezes voltava frustrada com o sanduíche nas mãos, pois quando chegava no local eles já não estavam.
Na adolescência, este abandono da sociedade à sua própria raça, foi o principal motivo das minhas revoltas. Me sentia parte da pior espécie que habitava este planeta. Até mesmo os elefantes se ajudam e nós imunes a tudo, seguimos com nossas vidinhas medíocres. De lá pra cá, já tentei ajudar algumas pessoas que encontrei morando nas ruas, mas sem muito sucesso. Descobri que o alcool é o pior inimigo, e que estas pessoas já se acostumaram a receber ajuda, a maioria não quer recomeçar. Falta auto-estima, falta disposição, esperança e principalmente oportunidade de uma moradia.
Tenho um padrinho evangélico que mantém uma casa de recuperação de jovens viciados. Em minhas visitas ao local, percebí que a religião é uma forma radical que ele adotou para resgatar estes jovens. Porém tenho dúvidas de como eles seguirão com suas vidas fora dali.
Eu ainda não descobri como, mas tenho esperança de encontrar uma maneira mais eficaz de ajudar à algumas destas pessoas. Este sem dúvida, é um dos meus objetivos de vida.
Torço para que a sociedade se mobilize e ponha um fim a mais esta injustiça que envergonha nosso País. E que o poder judiciário cumpra seu papel.