segunda-feira, janeiro 31, 2005

NÁDIA REBOUÇAS

COMUNICAÇÃO PARA A TRANSFORMAÇÃO DO MUNDO

Desde 1.992 comecei a perceber meu trabalho como uma grande oportunidade. Até aí, trabalhar com propaganda havia produzido inúmeros conflitos. Não entendia como eu, uma pessoa que havia trabalhado com educação, feito sociologia e que sonhava em mudar o mundo podia, de repente, estar metida no mundo empresarial, fazendo estratégias para vender mais cotonetes, modess ou produtos bancários. Mas era ali que eu estava aprendendo muito, como pude perceber anos depois.
Aprendi quais eram as ferramentas do marketing, fiquei fascinada com as técnicas de pesquisa e surpresa com os resultados das campanhas publicitárias. Mesmo com certo gosto amargo na boca ao fim dos trabalhos, o durante garantia um aprendizado: pouco a pouco eu entendia como funcionava o mundo. O lucro, o desejo pelo status, as crenças e estilos de vida que eram criados através de toda uma estrutura da propaganda comercial. Ajudava todos os meus amigos da área cultural a desvendar o desejo das empresas para auxiliar a vender essa ou aquela peça de teatro ou show, profissionalizava a busca de patrocínios de forma muito intuitiva. Aos poucos, fui me dando conta de que planejamento estratégico era o caminho organizado para ir buscar o que se quer. Se eu queria mudar comportamentos, percepções, talvez funcionasse eu usar as técnicas que vendiam sabonete.
Em 1.992, conheci as ONG’s no Aterro do Flamengo. Conheci suas causas e sonhos. Ficou claro qual seria meu trabalho dali para frente.

Ação da Cidadania
Em abril de 1.993, Betinho convocou um grupo de publicitários para conversar sobre a campanha que queria fazer e eu fiquei encarregada de fazer o planejamento estratégico. Os profissionais das agências de publicidade "ganharam a conta". Os veículos de comunicação foram convocados a participar. O produto era totalmente novo: solidariedade.
Era a primeira vez que a fome era discutida, pensada publicamente. A distribuição eram os comitês. A forma de participar? Totalmente livre. Qualquer um podia estabelecer seu comitê, escolher o tipo de ação que gostaria de desenvolver. A mídia dava o brief para os comitês.
Foram, na realidade, 3 anos de campanha, de movimento social intenso. Os spots na TV davam a devida importância à fome, mostravam ações realizadas por comitês para inspirar outros, convocavam os comitês a realizarem ações para ageração de renda. Aí eu fiquei totalmente surpresa: recolher comida era uma coisa fácil, mas gerar renda através de ações autônomas da população? Acreditamos que seria possível, e mais de 3.000 experiências foram filmadas pelo IBASE. Ações que iam de produção de marisco a sandálias tipo Havainas com a marca da Ação da Cidadania.
Betinho queria mais: Carta da Terra. Um dos textos mais bonitos sobre a terra em forma de cartão postal. Fizemos um comercial com Eva Wilma que nunca foi veiculado. Chegamos ao limite. Falar de reforma agrária em 1.995 ainda não podíamos. Betinho se enfraqueceu, e a doença que nele dormia tomou conta do palco. Sobrou tudo que vemos hoje no Brasil com o amadurecimento da cidadania: empresas na Responsabilidade Social, profissionais de comunicação mais atentos, ONG’s aprendendo a planejar e ganhar apoio popular, além dos programas de Governo, como o Fome Zero que infelizmente não entenderam que é com a população que se faz. Cidadania não é assunto de Governo. Com muita luta, as ONG’s descobrem a força da comunicação e perdem o preconceito.
A partir daí, minha vida profissional foi complicada. Mais ou menos como se tivesse descoberto um remédio que ninguém queria tomar. Não vi mortes, mas vi enfraquecimento, perda de tempo e muito dinheiro gasto irresponsavelmente com campanhas sociais que não foram capazes de gerar movimentos concretos de transformação social.
Não são realizadas pesquisas com vários perfis psicográficos, como normalmente nós publicitários fazemos para vender produtos e serviços. Não há profissionais especializados na atuação social. Gastamos milhões na véspera do Carnaval com campanhas contra a AIDS e o Turismo sexual, por exemplo. As ONG’s que estudam e trabalham com os temas não têm oportunidade de pensar, refletir, fazer um plano de comunicação. A TV é sempre a mídia prioritária, quando não a única. Não há um plano de mídia estratégico que possa realmente gerar movimento, mexer com o que pensamos, e que na prática vai determinar as nossas ações.
São problemas complexos, desafios imensos em cima dos quais não nos dedicamos durante todo o ano. Até o Carnaval chegar. Se fazemos tudo igual, por que esperar resultados diferentes? O problema do uso da camisinha no Brasil é um enorme desafio para quem conhece os motivos dos vários públicos-alvo para que ela esteja fora de cena na hora H. não é um spot de TV com música de Carnaval que vai amadurecer a nossa população. Precisamos de comunicação sim, mas não essa que está aí.

Ano 2005 – O marco de uma nova visão
A Rebouças & Associados montou uma oficina no Fórum Social Mundial porque pode neste ano perceber uma mudança profunda no uso da comunicação em duas oportunidades: Campanha contra o racismo e violência contra a mulher. Duas campanhas que foram planejadas, realizadas na rede de ONG’s que conhecem a fundo os problemas com um plano de comunicação por trás. Curiosamente, praticamente sem recursos, conquistando parceiros no mesmo modelo da Ação da Cidadania.
A Campanha do Diálogos contra o racismo nasceu do desejo de 40 ONG’s que se reuniam há alguns anos. A pesquisa, no caso, foi feita em vídeo (temos mais de 300 depoimentos filmados) a partir de uma pergunta: Onde você guarda o seu racismo? A hipótese é que conseguiríamos explicar por quê na pesquisa do Instituto Perseu Abramo 87% dos entrevistados dizem acreditar que no Brasil há racismo, enquanto somente 4% se admitem racistas. O racismo está escondido, é claro. Na realidade, não está só escondido, está guardado porque, de formas sutis, cuidamos de guardá-lo para poder usá-lo quando consideramos conveniente. Não guarde seu racismo, jogue fora. Não será fácil, mas plantou-se a primeira semente para que um guarda dentro do ônibus pense antes de pegar para revistar primeiro o jovem negro. Alguém poderá dizer: Ei, onde você guarda o seu racismo? Mas precisamos repetir isso, sustentar isso com outros argumentos. A frequencia é fundamental para construir marcas. E queremos construir uma nova marca para a nossa cultura. Alguém acredita que a Coca-Cola seria o que é se a sua comunicação não se repetisse?
Nós só começamos. Mas começamos com gente que entende, com a participação em rede, com multiplicação pelos agentes de transformação, com um site que registra todo dia manifestações, opiniões. Essa é a comunicação para construir um novo mundo. A campanha da Violência contra a mulher, coordenada pelo Instituto Patrícia Galvão, seguiu o mesmo caminho novo: discussão com as ONG’s, parceria. Foco: vamos falar com os homens. Esse é o público-alvo. Uma pesquisa qualitativa ajudou a criação a ajustar a linguagem, os gestos. A Agência popular trabalhou com o desejo de acertar. Resultado: comerciais inesquecíveis que remontam aos ícones diários de uma família e que leva, pela primeira vez, os homens a um movimento de reflexão e amorosamente. Não tenho dúvida de que foi dado um salto quântico na forma de tratarmos os problemas de gênero no Brasil, mas temos que repetir, repetir, sutentar.

O Problema
Não há recursos para se pensar e planejar comunicação social no brasil. Há verbas do Governo e um modelo de trabalho que não atende tecnicamente a necessidade de se obter resultados eficientes.
O Governo precisa refletir e mudar radicalmente suas opções de comunicação social. Existem cases que demonstram novas maneiras de se trabalhar. Camisinha não é sabonete. Os problemas sociais precisam de especialistas, pessoas que conversam com sa comunidades, pesquisas de conteúdo, conhecimento histórico. Os sabonetes também exigem conhecimento de mercado, pesquisas, análises de segmentação, mas, neste caso, existe uma empresa que mede seu lucro. Quem mede o lucro social das campanhas? Temos muito que aprender para dar tecnicidade aos trabalhos de comunicação social.

Fonte: Rebouças & Associados por e-mail

quarta-feira, janeiro 26, 2005

PROSTITUIÇÃO INFANTIL

Levantamento mapeia prostituição infantil no País

A prostituição infantil está presente em todas as capitais brasileiras e em muitas das grandes cidades do País, sobretudo as do litoral nordestino. Entre seus principais fatores estão a pobreza e o turismo sexual. A informação está contida no primeiro levantamento nacional sobre exploração sexual comercial infanto-juvenil, a ser divulgado hoje, às 10h, no Ministério da Justiça, pelo ministro Nilmário Miranda, chefe da Secretaria Especial de Direitos Humanos. Produzido em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Universidade de Brasília (UnB), o estudo identificou os municípios brasileiros em que a exploração incide. Levantou também os programas governamentais que existem em cada município para enfrentar o problema. Segundo Nilmário, esta é a primeira vez que o Brasil terá um diagnóstico completo sobre a exploração sexual infanto-juvenil e as estratégias para a sua superação. O documento não terá estatísticas, nem ranking dos priores municípios, mas mostrará as circunstâncias que mais propiciam o problema, além do perfil das vítimas e sua condição social. Por conta da gravidade do problema, o governo relançou, às vésperas do carnaval, a campanha de Combate à Exploração Sexual Infanto-Juvenil no País. As ações darão prioridade às cidades litorâneas e às capitais nordestinas. Haverá atenção redobrada sobre turistas estrangeiros. Com o estudo, segundo destacou o ministro, o poder público e a sociedade terão condições de ampliar as ações contra a exploração sexual de menores. O governo federal deverá lançar mão de programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família, para evitar que crianças e adolescentes carentes sejam atraídas por aliciadores. O estudo foi feito a partir do mapeamento geossocial e político dos municípios brasileiros, do IBGE; de dados de pesquisas já realizadas sobre o tema; de informações coletadas no Disque-Denúncia, e das recomendações da CPI mista que investigou a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil.

Fonte - Jornal O Est. São Paulo - Vannildo Mendes

Lei em Salvador combate a prostituição infantil
A capital baiana agora tem uma legislação própria de combate à prostituição infantil. A medida foi sancionada ontem à tarde pelo prefeito, João Henrique Carneiro (PDT). É a Lei 6.650/2005, que pune os estabelecimentos comerciais que tenham qualquer tipo de ligação com a prostituição infantil, com penas que vão da multa à cassação do alvará de funcionamento. De acordo com a nova lei, hotéis, motéis, pensões, bares, restaurantes, casas noturnas e similares destinados à realização e promoção de eventos artísticos e/ou musicais serão sumariamente fechados se fizerem apologia, incentivarem ou explorarem crianças e jovens, também, no chamado turismo sexual. João Henrique declarou que espera contar com o apoio da população no combate a essa modalidade de crime. "É uma maneira de garantirmos o cumprimento pleno da lei, porque esta é uma luta de todos os interessados no assunto. É uma luta do Poder Judiciário, Ministério Público, além das polícias Civil e Militar, para identificar e denunciar esse tipo de crime", afirmou.

Fonte - Terra

segunda-feira, janeiro 24, 2005

RESPONSABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Gestão da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável


Por Ricardo Young

A responsabilidade social empresarial (RSE) definitivamente tornou-se uma importante ferramenta para a sustentabilidade das organizações. Hoje, os conceitos que norteiam uma gestão socialmente responsável – a relação ética e transparente com todos os públicos que se relacionam com a empresa para o desenvolvimento do seu negócio e da sociedade, preservando-se os recursos ambientais e humanos para as gerações futuras – trouxeram vários benefícios para as organizações.
Pesquisas como o estudo Criando Valor revelam que benefícios tangíveis como redução de custos, melhora de produtividade, crescimento de receitas, acesso a mercados e capitais, melhora no processo ambiental e gestão de recursos humanos foram alcançados por empresas que optaram pelo caminho da sustentabilidade. Ganhos intangíveis também devem ser contabilizados, como valorização da imagem institucional, maior lealdade do consumidor, maior capacidade de atrair e manter talentos, capacidade de adaptação, longevidade e diminuição de conflitos.
Todavia, a responsabilidade social empresarial como fator de competitividade estimulou muitas empresas e seus gestores a adotar práticas de RSE sem nenhum planejamento estratégico. Outras adotaram em seus discursos conceitos de RSE sem realizar no mínimo um trabalho de reflexão sobre sua história e seus valores. Conseqüentemente, não foi possível, ainda, avançar para novos modelos de gestão e obtenção de resultados concretos na gestão da RSE. À medida que os stakeholders têm mais acesso às informações sobre a empresa e sobre sustentabilidade, as expectativas em relação às mesmas tendem a aumentar, com a exigência de mais responsabilidade e transparência em suas ações.
Por outro lado, nesse constante aprimoramento das práticas empresariais, existem empresas que já evoluíram amplamente em sua gestão e em seus indicadores — estando próximas da excelência — e se acham prontas para dar um salto em direção a modelos de maior consistência sistêmica, como o de sustentabilidade empresarial, derivado do conceito de desenvolvimento sustentável (DS), este emanado do conceito de responsabilidade social e trazido para a prática de negócios por meio do modelo do Triple Bottom Line.
Por sua inspiração e por sua estrutura conceitual, os modelos de RSE e DS são equivalentes nos seus propósitos — criar valor tanto no plano econômico quanto no social, beneficiando a sociedade pelo exercício da liderança baseada na riqueza criada e utilizando no presente os recursos do planeta e das nações, com garantia de seu usufruto pelas gerações futuras. Ademais, ambos se fundamentam no diálogo e no engajamento das partes interessadas da organização.
Pode-se dizer, num amplo sentido, que uma organização pratica de modo genuíno a RSE quando é gerida em concordância com os princípios e os temas focais do DS. Portanto, é indispensável para a prática de uma gestão socialmente responsável que os administradores conheçam em profundidade e tenham plena compreensão da filosofia e das propostas do DS e da razão pela qual essa abordagem é crucial para a perpetuidade dos empreendimentos.
O principal desafio, entretanto, tem sido o de balancear o gerenciamento dos negócios atendendo às exigências de competitividade, com baixos custos e alto padrão de qualidade, e contemplando também as demandas da sociedade civil. Assim, torna-se vital a conscientização dos CEOs e, principalmente, o preparo dos profissionais para atuar nesse cenário, possibilitando que o discurso e a conscientização crescente do empresariado possam ser traduzidos em efetiva assimilação da gestão socialmente responsável, internalizada e estruturada nas empresas.
Nesse novo cenário, as empresas têm buscado novos modelos de gestão que estejam alinhados com os princípios do desenvolvimento sustentável. O UniEthos - Educação para a Responsabilidade Social e o Desenvolvimento Sustentável surge nesse contexto com o objetivo de oferecer soluções educacionais para o meio empresarial nos temas da RSE e do DS, vinculadas à gestão estratégica e operacional das empresas. Também atuará com a comunidade acadêmica, que desempenha papel fundamental na capacitação e formação dos gestores e futuros gestores de empresas.

Ricardo Young é presidente do UniEthos e do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

QUEM É VOCÊ?

Hoje, pela primeira vez me bateu uma curiosidade.
Quais são as pessoas que visitam este blog?
Será que as leituras que reescrevo, comentários, desabafos agradam estas pessoas? Será que são sempre os mesmos amigos que visitam esta página todos os dias?
Afinal, esta é uma ferramenta de comunicação!!!
Entre em contato comigo. Deixe uma mensagem. Vc não precisa se identificar se não quiser. É só acessar o link abaixo (comments) ou me mandar um e-mail - mariliza@osite.com.br
Adoraria começar o ano, fazendo novos amigos e trocando idéias.

Eu

Mariliza - 40 anos - Publicitária - No momento combato os sintomas da TPM me exercitando muito, jogando basquete e correndo de vez em quando na praia. Bom para a mente e para o corpo. Gosto de ler um pouco de tudo, atualmente estou lendo " O Homem que amava as gaivotas, autor - Osho, um livro bem interessante.
Posted by Hello

Um abraço e obrigada por sua visita virtual.
Site Meter

quarta-feira, janeiro 19, 2005

5 FORUM SOCIAL MUNDIAL


Evento acontece entre os dias 26 e 31 deste mês, em Porto Alegre, e deve reunir cerca de 150 mil pessoasFórum Social evita críticas e quer propostas .


O quinto Fórum Social Mundial tem como meta, na edição deste ano, não ficar apenas no campo das discussões, mas também apresentar "atividades e campanhas" que possam ser colocadas em prática. Segundo os organizadores, a medida vem em resposta às críticas de que não houve propostas concretas na última edição do evento, que neste ano ocorrerá de 26 a 31 deste mês, em Porto Alegre (RS).O discurso de que o fórum não aplicava suas próprias resoluções foi usado pela oposição local ao PT (que administrou Porto Alegre até o ano passado) desde a sua primeira edição, em 2001. O Fórum Social surgiu como um contraponto ao Fórum Econômico Mundial, que reúne anualmente empresários, banqueiros e lideranças políticas em Davos (Suíça).O tema se tornou mais delicado para os organizadores no ano passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, às vésperas do segundo turno das eleições municipais, que o evento deveria passar a discutir somente um ou dois temas prioritários, para não se tornar uma "feira de produtos ideológicos".A fim de buscar a realização de uma edição "mais propositiva", em cada um de seus espaços temáticos haverá um mural de propostas, onde serão divulgados os encaminhamentos desenvolvidos em cada encontro."Os 15 milhões de pessoas que em fevereiro protestaram contra a Guerra do Iraque são um exemplo de ações que nasceram a partir do Fórum Social Mundial", disse o coordenador-executivo do fórum, Jéferson Miola.Jorge Eduardo Durão, diretor-geral da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais) e integrante do comitê organizador, disse que o próprio comitê colocou em prática algumas das discussões e experiências vivenciadas em outras edições, como transferir a sede do evento do centro de convenções da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) para estruturas erguidas às margens do rio Guaíba."O fato de erguermos estruturas ecológicas por meio da bioconstrução e de a mão-de-obra estar sendo executada por integrantes do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] ao lado de soldados do Exército brasileiro é um exemplo disso tudo", afirmou Durão.AtividadesNesta edição, a organização tentou enxugar a profusão e a duplicidade de eventos, incentivando a aglutinação das atividades. Estão programados, no entanto, cerca de 2.500 eventos.O orçamento do Fórum Social Mundial, segundo seus organizadores, é de aproximadamente R$ 14,5 milhões, sendo que R$ 10 milhões têm origem pública: governo federal (R$ 6 milhões), governo do Estado do Rio Grande do Sul (R$ 2 milhões) e Prefeitura de Porto Alegre (R$ 2 milhões).Os organismos internacionais destinaram cerca de R$ 4,5 milhões ao fórum.Os 11 espaços temáticos em que irão se dividir os debates são: Bens Comuns da Terra e dos Povos; Arte e Criação; Comunicação; Defendendo as Diversidades, Pluralidades e Identidades; Direitos Humanos; Economias Soberanas pelo e para os Povos; Ética, Cosmovisões e Espiritualidades; Lutas Sociais e Alternativas Democráticas; Paz e Desmilitarização; Pensamento Autônomo; Rumo à Construção de uma Ordem Democrática Internacional e Integração dos Povos.

Fonte - J. Folha SP

SÍLVIO FERREIRA - Free-Lance p/ a AGÊNCIA FOLHA / SÍLVIA FREIREDA - Porto Alegre

O SISTEMA...


Bispo defensor dos pobres desafia o Vaticano. Casaldáliga se rebela contra ordem e permanece em sua diocese O bispo catalão Pedro Casaldáliga, símbolo da "teologia da libertação", passou da idade da aposentadoria (75 anos). O Vaticano se dispõe a designar um novo titular para a prelazia da localidade brasileira de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. Durante 33 anos, Casaldáliga desenvolveu um trabalho social a favor dos indígenas e dos camponeses. Casaldáliga desafiou Roma e se rebelou contra a hierarquia eclesiástica ao se negar a abandonar sua diocese. Pede métodos mais democráticos na hora da indicação de bispos, e que o nome de seu sucessor tenha a aprovação da comunidade à qual deverá servir. Mas suspeita de que o novo prelado não vá compartilhar suas idéias. O bispo é chamado carinhosamente de Pedro por seus fiéis. Apaixonado pelos mais pobres e humildes, no caso indígenas, agricultores e negros, o bispo catalão se vê obrigado (aos 76 anos e doente) a deixar a diocese na qual trabalhou durante 33 anos. Nesse tempo levou uma vida de pobreza e combateu os métodos do Vaticano para a escolha dos bispos, que considera antidemocráticos. Por isso nega-se a abandonar a cidade antes que chegue seu sucessor. Pedro Casaldáliga foi se transformando ano após ano em um símbolo vivo da Igreja renovadora do Concílio Vaticano: sempre quis compartilhar a vida dos mais pobres de sua diocese, viajando dias inteiros de ônibus como eles, vivendo em uma casa de extrema pobreza e sempre enfrentando os poderosos. Já foi ameaçado de morte, assassinaram alguns de seus colaboradores e passou por cinco processos de expulsão. O Vaticano o convocou para um julgamento doutrinário e, apesar de ser uma das figuras mais limpas e comprometidas do episcopado mundial, nunca o nomeou cardeal. Depois de completar 75 anos, idade em que os bispos devem pôr a diocese à disposição do Papa, Roma iniciou a busca de um sucessor. O Vaticano exige que ele abandone a cidade de São Félix antes da chegada do novo bispo, cujo nome continua uma incógnita. "Estou entre a espada e a parede", disse Casaldáliga ao El País, "porque sou um filho obediente da Igreja, mas ao mesmo tempo não posso permitir que continue usando métodos antidemocráticos na relação do Vaticano com os bispos, nomeando-os sem a menor consulta à comunidade local que o vai receber." Casaldáliga defende que a "religião é resistência", que "a fé é resistência" e que resistir ao que considera contrário à própria consciência é o dever do bom cristão. E por isso decidiu resistir. "Tudo parece uma expulsão em regra, e não uma substituição cristã." "Se o Vaticano teme os fiéis recebam a pedradas o sucessor de Casaldáliga, se engana", dizem em São Félix. A comunidade avisou que receberá com carinho o futuro bispo, e mesmo que este não atue em favor dos pobres estariam dispostos a manter uma situação de "conflito cristão". Missionário claretiano, Casaldáliga não perde o humor nem nos momentos mais duros. Costuma citar a poeta Cecília Meireles --"não sou pessimista nem otimista, sou poeta"-- e se refugia na poesia como fez quando empreendeu sua luta contra a ditadura militar, contra os latifundiários ou mesmo o Vaticano. "Gostaria de morrer de pé, como as árvores", costuma dizer, citando o poeta, agora que sofre de Parkinson, diabetes e hipertensão. Casaldáliga apostava em passar em São Félix os últimos anos de vida, ajudando seu sucessor no trabalho pastoral "como simples sacerdote", continuando seu trabalho ao lado dos mais pobres da diocese, desde que seu sucessor se comprometesse a manter vivo o trabalho social realizado durante quase 40 anos. Agora, o Vaticano praticamente exige sua saída da cidade para deixar o caminho aberto a seu misterioso sucessor. "Pela maneira como estão fazendo as coisas, imagino que não vai ser de nossas idéias", comenta o bispo. A hierarquia eclesiástica brasileira não se pronunciou sobre sua substituição. Entende que é um assunto que compete ao Vaticano. Mas é sabido que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) é muito aberta em questões sociais e sempre apoiou Casaldáliga. O que fará então? Ainda não decidiu. Tinha a ilusão de se aposentar numa diocese pobre da África como simples sacerdote. "Estou doente e lhes criaria transtornos, mais que qualquer outra coisa", diz. E acrescenta: "Meu sonho era dar minha morte à África, já que não pude lhe dar minha vida". É improvável que permaneça na diocese, confessa, nas proximidades do Santuário dos Mártires, levantado em honra de todos os assassinados em São Félix. Ideologicamente, o bispo Casaldáliga não se sente revolucionário mas simplesmente um "cristão rebelde em sua fé". Continua pensando que "a vida de um bispo não vale mais que a de um pobre camponês". Durante uma viagem com a organização Mãos Unidas a São Félix, relatou a um grupo de jornalistas espanhóis que sempre se negou a fechar com chave a porta de sua casa. "Se quiserem me matar, podem fazê-lo a qualquer momento. Meus camponeses também não estão protegidos." Dorme em um quarto com duas camas. Uma está à disposição de qualquer visitante que não tenha onde passar a noite. Ao ser questionado se havia acolhido em sua casa algum bispo, só respondeu com um sorriso. Quando o episcopado brasileiro se reúne em Brasília, costuma criticar que ele perca dois dias indo à reunião de ônibus, em vez de viajar de avião. Responde que emprega o mesmo tempo que seus camponeses em ir a Brasília para vender um saco de feijão. Costuma dizer que o que preenche sua vida é que tem consciência de que conta "com a misericórdia de Deus" e, especialmente, com o carinho de seus fiéis. Sobretudo dos mais humildes e das crianças. E se comove ao lembrar quando uma menina de 6 anos, ao acabar a missa, lhe perguntou: "Pedro, posso chamá-lo de vovô?" "Pátria grande" Casaldáliga tem uma grande paixão pela América Latina. Ele sempre diz isso. E o demonstra. Desde o início dizia que trabalhando nesse continente "havia queimado as naves" e que nunca voltaria à Europa. Teve que ir só uma vez a Roma por decisão do Vaticano para submeter-se a um processo. Sua família se transferiu à capital italiana para poder abraçá-lo. De Roma voltou ao Brasil. Nunca viajou à Espanha. Nem mesmo para receber os prêmios que ganhou. Tampouco por ocasião da morte de sua mãe. Passou os 33 anos de sua vida pastoral em São Félix, um município com apenas 100 mil habitantes. Ao lembrar sua luta em defesa dos direitos dos despossuídos, costuma dizer: "Meu lema é o do poeta colombiano que diz: 'Se não amas tudo, compadece-te de tudo'. Vivi tensões fortes, mas nunca odiei, mas sim, tive raiva diante de muitas injustiças". Como se sente neste momento o lutador e poeta religioso catalão? "Realizado, sim; orgulhoso, não; satisfeito, não; tranqüilo, sim. A América Latina é minha pátria grande, uma experiência de sacramento que abriu minha alma para Deus e para a humanidade." Hoje, como sempre, o lema desse religioso tão perseguido quanto querido continua sendo o mesmo: "Não possuir nada, não levar nada, não pedir nada, e de passagem não matar nada".

Fonte - El Pais - Juan Arias - Rio de Janeiro Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

terça-feira, janeiro 18, 2005

BRASIL PODE REDUZIR POBREZA SOZINHO

Relatório da ONU diz que 0,54% do PIB das nações desenvolvidas reduziria a miséria mundial pela metade até 2015

NOVA YORK - O Brasil não precisa de ajuda externa para combater a pobreza. O país pertence a um grupo de nações em desenvolvimento e de renda média capaz de financiar com recursos próprios programas para cumprir as chamadas Metas do Milênio, estabelecidas pelos Estados-membros da ONU, em 2000, a fim de reduzir a extrema pobreza no mundo pela metade, até 2015. A conclusão é do estudo ''Investimento no desenvolvimento: um plano prático para alcançar os objetivos do Milênio'', elaborado por especialistas a pedido da ONU e divulgado ontem. O Brasil é citado ao lado de nações como a China, a Índia e a Malásia. O documento diz que até 30 países da África devem receber rapidamente doações dos países ricos para lidar com a pobreza e doenças como a malária e a Aids. O documento, elaborado sob o comando do economista americano Jeffrey Sachs, diz que mais de 500 milhões de pessoas serão retiradas da pobreza extrema e 30 milhões de crianças serão salvas se os países ricos dobrarem a ajuda às nações em desenvolvimento nos próximos 10 anos. ''Muitos países de renda média, como o Brasil, a China e a Malásia, já são doadores. Recomendamos que estes e outros países bem-sucedidos na redução da pobreza, como a Índia, aumentem os esforços, com contribuições financeiras e treinamento técnico para os parceiros de baixa renda'', diz o texto da ONU. Segundo o relatório, o mundo terá tempo de reduzir a extrema pobreza até 2015 se levar a sério a tarefa e solucionar o problema causado pela falta de recursos. O grupo liderado por Sachs foi formado com 265 consultores para o chamado ''Projeto do Milênio'' e oferece propostas concretas para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) assinados em 2000, em uma reunião da ONU. O próprio secretário-geral, Kofi Annan, que encomendou em 2002 aos especialistas o estudo divulgado ontem, terá o documento como base para a apresentação, em março, de um comunicado aos Estados membros, antes da reunião do G-8 em julho e da cúpula de setembro, em Nova York, que marcará os 70 anos da ONU. Para as Nações Unidas, 2005 é um ano crucial para a concretização dos objetivos. Transcorridos cinco anos do prazo fixado, alguns países, sobretudo na Ásia, estão a caminho de alcançar a meta, mas muitos, especialmente na África subsaariana, ainda estão muito distantes. - Reduzir à metade a extrema pobreza até 2015 se tornou mais difícil porque se perdeu um tempo precioso nos primeiros anos - declarou à imprensa Mark Malloch Brown, administrador do Programa da ONU para o Desenvolvimento e novo chefe de gabinete de Annan. - Porém, com a mobilização adequada dos recursos, com vontade política e reformas, tanto nos países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos, o objetivo ainda é factível. Para que a meta seja alcançada, os especialistas afirmam que bastaria um investimento de 0,54% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países desenvolvidos, cifra inferior à que se comprometeram na Cúpula de Monterrey para o financiamento do desenvolvimento em 2002, quando concordaram em dedicar 0,7% do PIB. - Somente honrando os compromissos já adotados por ambas as partes: bons governos, financiamento adequado, livre intercâmbio, acesso global à ciência e à tecnologia, é que poderemos pôr fim à extrema pobreza no planeta daqui a uma geração (2025) e certamente reduzi-la à metade até 2015 - afirmou Jeffrey Sachs. Por enquanto, a ajuda dos países ricos tem sido muito menor: 0,25% do PIB em média, como foi registrado em 2003. ''A resposta generosa da comunidade mundial ao desastre causado pelo tsunami no Oceano Índico mostrou que os cidadãos dos países ricos aprovam a ajuda aos pobres, se entenderem claramente suas necessidades e estiverem certos de que o dinheiro oferecido chegará ao destino e realmente ajudará a quem necessita'', estima o comunicado. Uma recomendação é a de que em 2005 países ricos e pobres lancem ações de ''alcance rápido'', projetos baratos mas de impacto, como a alimentação gratuita em escolas, geradores de energia solar para hospitais e entrega de medicamentos contra a AIDS. A entrega gratuita de mosquiteiros de US$ 5 para os países afetados pela malária conseguiria por si só impedir a morte de 250 mil crianças africanas por mês - afirmou Jeffrey Sachs.

Fonte: Uol

sexta-feira, janeiro 14, 2005

ÍDOLO



UM VERDADEIRO ÍDOLO...

FAZ COM SIMPLICIDADE O QUE PARECE MÁGICA E NOS INSPIRA A TENTAR O MESMO, AINDA QUE NÃO TENHAMOS O MENOR TALENTO.

TEM INTIMIDADE COM A LUZ, SORRI E CHORA COM CARISMA E FICA BELO EM QUALQUER ÂNGULO.

CONVIVE COM O AUGE DA FAMA, SEM SE DESLUMBRAR, POIS SABE QUE O SUCESSO É ETÉREO.

NÃO PERDE SUAS REFERÊNCIAS E SE REVELA HUMANO COMO NÓS MORTAIS, MAS TEM CONSCIÊNCIA DE QUE SUAS ATITUDES SERVIRÃO DE EXEMPLOS.

E ASSIM ELE SE TORNA IMORTAL PARA NÓS, PARA NOSSOS FILHOS, PARA NOSSO PAÍS, PARA A HISTÓRIA...

Mariliza

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Desenvolvimento Sustentável Busca Crescimento Sem Destruição

O desenvolvimento sustentável consiste em criar um modelo econômico capaz de gerar riqueza e bem-estar enquanto promove a coesão social e impede a destruição da natureza.
Esse modelo busca satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Ou seja: utilizar recursos naturais sem comprometer sua produção, fazer proveito da natureza sem devastá-la e buscar a melhoria da qualidade de vida.
Por isso, o desenvolvimento sustentável coloca na berlinda o modelo de produção e consumo ocidentais, que ameaça o equilíbrio do planeta. Além disso, se preocupa com os problemas a longo prazo, enquanto o atual modelo de desenvolvimento fundado em uma lógica puramente econômica se centra no "aqui e agora".
O termo foi utilizado pela primeira vez em 1980 por um organismo privado de pesquisa, a Aliança Mundial para a Natureza (UICN). Em 1987, o conceito apareceu em um informe realizado pela ex-ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland para a ONU (Organização das Nações Unidas), no qual se dizia que um desenvolvimento é duradouro quando "responde às necessidades do presente sem colocar me perigo as capacidades das gerações futuras para fazer o mesmo".
"A formulação do conceito de desenvolvimento sustentável implicava o reconhecimento de que as forças de mercado abandonadas à sua livre dinâmica não garantiam a não-destruição dos recursos naturais e do ambiente", afirma o economista e consultor ambiental espanhol Antxon Olabe.
Discussões e aplicações
Na Eco-92, cúpula realizada no Rio de Janeiro, e na Rio +10, encontro em Johannesburgo dez anos depois, essa expressão foi o centro das discussões.
Desde então, em um extremo se situam os ecologistas radicais, que defendem o crescimento zero para pôr fim aos esgotamento dos recursos. Em outro lado, estão aqueles que acham que o progresso tecnológico permitirá resolver todos os problemas do ambiente.
Essa segunda visão é utilizada para explicar atitudes como a do presidente norte-americano, George W. Bush, que não ratificou o Protocolo de Kyoto (1997), sobre a redução dos gases que produzem o efeito estufa.
A primeira interpretação do termo, que considera incompatível o desenvolvimento econômico com respeito ao ambiente, foi lançada em 1972 em um informe dos universitários do chamado Clube de Roma.
Mas esse enfoque é solidário apenas em relação à natureza e não aos países em vias de desenvolvimento que criticam que não podem interromper um crescimento que ainda não se iniciou.
O termo desenvolvimento sustentável não facilitou as discussões tanto no Brasil quanto na África do Sul, quando os países do hemisfério Norte _que concentra os países desenvolvidos_ tentaram defender o direito a um ambiente saudável, enquanto os do Sul queriam o direito de se desenvolver.

Fonte: Folha Online


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sexta-feira, janeiro 07, 2005

REFLEXÃO

Ainda bem que tem calendário. Imagino como seria difícil fazer uma pausa em nossas vidinhas para repensar nossos projetos, avaliar nossas ações e fazermos planos. Enfim todo início de ano refletimos e mudamos algumas coisinhas. Além das mudanças físicas (percepção de mundo nas diversas idades cronológicas do homem), também os 365 dias dos anos em que vivenciamos novas experiências, devem imprimer mudanças significativas em cada um de nós. Por isso, me considero um ser mutante e eternamente insatisfeito. Mas quero me manter consciente de que tudo só vale realmente a pena, se priorizarmos o respeito a vida e a vontade de fazermos o bem, a nós e ao próximo. O que tenho aprendido com os mais velhos e os mais sábios: ANSIEDADE - Todos nós sofremos deste mal. Porém, só depois é que descobrimos que tudo acontece a seu tempo. Nem antes, nem depois. Portanto ao invés de se descabelar mantenha o foco, mas sem muito estress. AMBIÇÃO - Ter objetivos e querer alcançá-los dá mais sentido à nossa vida. Lute por eles. Mas sem extrapolar os seus limites, sem corromper os seus valores e machucar a si mesmo. Mesmo porque, o que tiver que ser seu, será. PACIÊNCIA - Seja persistente. As vezes parece que estamos trilhando o caminho mais difícil, mas tudo que vem fácil, vai fácil. Acredite nos seus ideais, e mesmo que sofra bombardeios quando estiver fazendo o que julga correto, saiba esperar a vitória, como se saboreia um vinho. D e m o r a d a m e n t e. O sabor é muito melhor. O QUE REALMENTE IMPORTA -
Você não deve se lamentar de ter ajudado alguém, pois é muito mais difícil conviver com o arrependimento de ter negado ajuda à um necessitado. Afinal todos os dias nós também somos ajudados, ainda que não admitamos. Seja solidário.
Todos, somos pessoas especiais. Algumas com um talento extraordinário se sobressaem. Porém, a inveja e a necessidade de imitá-las oculta nosso próprio talento e nos deixa frustados, ainda que não percebamos. Seja autêntico.
Experimentar o novo. O medo pode coibir momentos deliciosos desta vida. Arrisque sem tirar os pés do chão. Ouse, rompa barreiras.
Acordar todas as manhãs e olhar para o céu, sentir a brisa e perceber o planeta que te abraça todos os dias, que te oferece flores de graça só para te agradar. E se conscientizar que só precisamos preservá-lo, já que nossos filhos continuarão a residir nele. Use o bom senso.
Viver e respeitar a forma de viver de cada um. Ainda que continuemos a dar conselhos... Esteja sempre aprendendo.


Mariliza

quinta-feira, janeiro 06, 2005

O TSUNAMI, O CÂNCER, A AIDS E OUTRAS COISAS QUE NÃO TÊM SENTIDO

Um grande psicanalista francês, Jacques Lacan, disse um dia que a psicanálise é uma espécie de paranóia dirigida. A paranóia é aquela forma da personalidade que leva o sujeito a encontrar no mundo muito mais sentido do que lá está. Num delírio paranóico bem formado, há poucos fios soltos, tudo é costurado. Os acontecimentos são mensagens -eventualmente divinas ou extraterrestres e de árdua interpretação, mas mensagens. Há pouquíssimo espaço para uma realidade que não seja justificada por um sentido. De fato, no começo de uma psicanálise, acontece algo parecido com a paranóia: o sujeito examina seu passado e seu presente, procurando as explicações, as razões ocultas, os impulsos inconfessáveis, os desejos conscientes e inconscientes de seus pais, de seus ancestrais e de outros parentes próximos ou longínquos. É aquela coisa: se você hoje é bancário, é porque seu avô perdeu uma fortuna, porque sua mãe nunca sabia onde seu pai colocava o dinheiro e sempre se queixava de que a família não poupava nada. E mais cem "razões"; algumas, aliás, menos benignas. Esse anseio paranóico de encontrar um sentido para tudo ou quase, no caso de uma psicanálise, é "dirigido" (pelo psicanalista, é claro) segundo dois eixos. Por um lado, trata-se de permitir ao paciente que encontre e elabore, para sua história e seu mundo, um sentido que não lhe seja demasiado custoso. Por exemplo, se sua vida se justifica só se você for filho de Deus, é melhor que essa ascendência seja comprovada por batismos, circuncisões ou atos de fé, e não pela necessidade de mostrar sua obediência a Deus mudando de gênero e sexo (não invento; apenas evoco o caso do presidente Schreber, famoso na literatura psicanalítica desde Freud). Por outro lado, a psicanálise não só orienta (e tenta suavizar) nossa procura louca de um sentido mas também deve, um belo dia, permitir que a gente encare a brutalidade do mundo. No fim de uma análise, espera-se que alguém possa sair do consultório de seu analista e levar, por exemplo, um vaso de flores na cabeça sem que lhe ocorra, nem por um instante, que se trate de um complô, de uma punição merecida por ousar se aventurar no mundo sozinho ou mesmo de uma vingança do próprio terapeuta abandonado. Às vezes, os vasos caem sem mais nem menos. Atrás desse propósito da psicanálise, há a constatação de que, paradoxalmente, os humanos se queixam da falta de sentido, mas sofrem, na verdade, do contrário, ou seja, do excesso de sentido. A vida e a morte não têm todo o sentido que gostaríamos que tivessem -longe disso, não é? Oxalá pudéssemos acreditar firmemente na ordem do mundo, como os camponeses na hora do ângelus num quadro de Millet! Oxalá a revolução iminente justificasse cada um de nossos respiros! No entanto esse sentido, que (segundo a queixa) faz falta, não pára de nos atrapalhar: por ele estamos dispostos a estropiar o próximo ou a sacrificar (quase sempre inutilmente) nossas vidas, a ele devemos, às vezes, a inibição e a extraordinária ineficácia de nossas ações. Explico: em geral, quem achar que o vaso de flores caiu para punir sua culpa ou por conspiração de desejos adversos se imporá exames de consciência ou sairá à procura de seus inimigos. Ele nem terá tempo de regulamentar e fiscalizar as sacadas da cidade de forma que os vasos não caiam mais na cabeça dos passantes. Ora, é bom constatar que estamos melhor do que previsto. Diante do tsunami da semana passada, é certo, houve quem reagisse atribuindo a culpa aos sismólogos do Pacífico, que não telefonaram a tempo para prevenir (telefonar para quem? Para cada pousada da Indonésia?). O presidente Lula não resistiu à tentação do sentido e comentou que a natureza se vinga porque não a tratamos com carinho (alguém vai ter de descer no mar do platô de Sunda e fazer um cafuné na fratura das placas continentais). Mas, no conjunto, o mundo parece conseguir encarar o desastre como desastre e, talvez por isso mesmo, agir. No meio das notícias do tsunami, Susan Sontag morreu de leucemia, aos 71 anos. Há duas grandes categorias de intelectuais: os que querem acrescentar sentidos ao mundo e os que preferem desfazer o excesso de sentidos, com os quais, em regra, alimentamos nossas tragédias e consolamos nossa preguiça. Sontag pertencia ao segundo grupo. Seus livros sobre o câncer ("A Doença como Metáfora") e sobre a Aids ("Aids e Suas Metáforas") contaram bastante para que essas enfermidades parassem de ser pretexto metafórico e, por isso mesmo, se tornassem objeto de uma melhor ação preventiva e terapêutica. Ou seja, para que fosse possível, em nossa cultura, ter câncer sem que essa revelação valesse como a confissão envergonhada de uma inquietude reprimida. E para que fosse possível ter Aids sem que isso fosse a marca da cólera divina contra uma vida vergonhosa e dissoluta. Com isso, Sontag conquistou seu direito de morrer dignamente, não da "praga do século", não "daquela doença", mas de câncer.

Fonte: CONTARDO CALLIGARIS - Folha/Ilustrada 06/01/05


A QUESTÃO - O mundo contemporâneo bombardeia o indivíduo com estímulos. E é cada vez mais difícil conformar-se com a necessidade de renunciar à satisfação imediata de nossas vontades.

O PERIGO - Para lutar contra as frustrações. As pessoas buscam soluções artificiais. Entregam-se a gurus e crenças fantásticas. Abrem mão da autonomia e de assumir a responsabilidade pelo próprio destino.

Fonte: Veja 05/01/05 - Renato Menzan

segunda-feira, janeiro 03, 2005

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Estou feliz por chegar até aqui
com saúde e cheia de sonhos.
E mesmo não tendo atingido
todas as minhas metas
espero este ano, ter saúde
e disposição para alcançar estas
e outras que já tracei.