quarta-feira, abril 21, 2010

O MERCADO DE TRABALHO E O PRECONCEITO DE IDADE

Eu, otimista aos 46

Esta semana me surpreendi com o comentário de uma amiga, dizendo que um selecionador descartou meu currículo por causa da idade.
Com mais de 20 anos de experiência na área de marketing, sendo os últimos 08 em postos de gerência, eu confesso que não senti os anos passarem.
Me sinto jovem e cheia de energia, afinal 46 anos não é idade para se aposentar, mas o mercado de trabalho diz que sim. Almoçando com uma amiga que recentemente foi dispensada por uma das empresas que foi adquirida pelo Grupo GP Investimentos, descobri que apesar de toda sua experiência ela está atuando como consultora autonôma em uma prestadora de serviços, também estruturada por profissionais de grande bagagem, mas que já estão fora do mercado formal.
A verdade é que para muitas empresas, o fator idade passa a pesar mais no currículo, do que a experiência e os resultados obtidos.
As empresas querem seguir a linha de gestão da INBEV e de seus mentores _ os fundadores da GP Investimentos (Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles)_.
Eles criaram um modelo de gestão baseado na meritocracia, com foco único nos resultados financeiros. Em geral, as empresas comandadas por eles, estimulam e valorizam o desempenho individual, e não o trabalho de equipe. É muito trabalho e sob muita pressão, os que conseguem apresentar bons resultados são valorizados, os demais (a grande maioria) continua correndo "atrás da salsicha" e as vezes acumulando frustrações e sofrendo humilhações.
Na filosofia, destes "mentores de sucesso", o funcionário deve ser admitido ainda jovem na companhia para ser moldado de acordo com os princípios da organização. É só observarmos a quantidade de estagiários nas empresas do grupo (muitas vezes com o objetivo de reduzir custos e sem oferecer treinamento adequado ao estagiário).
Ninguém nega que este modelo de gestão vem obtendo bons resultados financeiros para as companhias, apesar das muitas críticas à política de RH e de muitos ex-funcionários insatisfeitos com ações na Justiça. Porém para os profissionais mais velhos e experientes, obter uma oportunidade nestas empresas? Só se for amigo da diretoria.
Muitas companhias já estão tentando imitar este modelo de gestão, creio que foi o caso desta companhia que me considerou "velha demais e muito cara" para a função que me candidatei. Mas muitas destas empresas, por não ter uma estrutura adequada de controle e monitoramento, estão perdendo dinheiro com a inexperiência de seus funcionários.
A meu ver, para preencher os cargos de chefia as empresas deveriam priorizar o fator "experiência profissional" do candidato.
Ser descartado sem uma analise de perfil? E o dinamismo, a iniciativa e a pró-atividade que tanto as empresas procuram? Creio que estas características não estão relacionadas a idade e sim a personalidade de cada um, então começo a enxergar que realmente existe um preconceito.
Só agora começo a me dar conta disso.
Logo eu que sempre fui ativamente envolvida com esportes, ávida por informação (leio em quase todos os momentos do meu dia e até da minha noite), estou sempre participando de cursos e seminários para aprimorar meus conhecimentos... Enfim, continuo me sentindo muito jovem.
Aliás, acho que os jovens devem ter todas as oportunidades do mundo, assim como eu tive as minhas e também lutei para conquistá-las há uns 25 anos atrás, afinal estes jovens serão o nosso futuro. Mas não devemos desprezar os ensinamentos de profissionais experientes, de sua capacidade de conduzirem suas equipes assertivamente e de preparem os próximos líderes.
Afinal, não queremos uma epidemia daquele modelo frio e metódico do período da industrialização, tão sabiamente criticado por Charles Chaplin em seus filmes. Em que a empresa cria um sistema e os homens viram apenas, peças de uma engrenagem.
Queremos trabalhar com criatividade, prazer, competência e responsabilidade. Só assim poderemos surpreender com inovações, gerando bem estar para todos e também o lucro financeiro, que nossas empresas buscam.


By Mari com 46 anos!

2 comentários:

Tanair Maria disse...

Pois é, Amiga. Os empresários precisam renovar e atualizar seus conceitos de contratação, o mundo continua redondo, e o vai e vem de tendências devem ser observados e aplicados. Hoje, já no início da segunda década do século XXI, qualquer profissional acima de 40 anos, ainda é jovem para o mercado de trabalho e tem muito que apreender e muito mais para e aplicar e ensinar aos seus colegas de trabalho. Lembro que está afirmação é válida só para profissionais de fato e de direito, porque tem muito oportunista de plantão pegando carona nos bons, fazendo com que o mercado de trabalho fique tendencioso e generalizado, impossibilitando os profissionais capacitados e experientes em continuarem ativos no mercado de trabalho. Vou pela máxima "idade não é documento" que sirva de referência para excluir e também para inserir um profissional no mercado de trabalho.
Na minha opinião a competência ainda é a melhor opção de análise para seleção de um profissional em plena atividade.
Valeu!

Anônimo disse...

As empresas têm compromisso com o lucro e não diretamente com a sociedade. Se você tem mais de 40 anos vc é descartado pela maioria dos selecionadores, isto é fato. Por isso antes de votar, pense se o seu candidato tem compromisso com a sociedade ou com os empresários.