terça-feira, junho 28, 2005
UMA QUESTÃO DE PERCEPÇÃO...
Nelida Piñon
O Brasil está boiando em pura espuma. Vivemos a futilidade, trivialização do real, é um momento inconsistente. As celebridades não têm profissão, trabalho, esforço, não têm biografia. E o pior é que os jovens acreditam nessas pessoas e deixam de fazer coisas sérias por isso.
Escritora Nélida Piñon
sobre os livros que vendem por serem de autoria de celebridades da TV
segunda-feira, junho 27, 2005
DANDO UM TEMPO...
O que será, que será?
...O que não tem certeza, nem nunca terá?
O que não tem conserto, nem nunca terá?
O que não tem tamanho? ...
O que não tem descência, nem nunca terá?
O que não tem censura, nem nunca terá?
O que não faz sentido?...
O que não tem governo, nem nunca terá?
O que nao tem vergonha, nem nunca terá.?
O que não tem juízo?
Chico Buarque
terça-feira, junho 21, 2005
ASSUMINDO O COMANDO
Foto - Ministra Dilma Rousseff
Imagine uma sala de reuniões. Há alguma dúvida de que ocupar a cadeira na ponta da mesa seja a meta de todos ali presentes?
A chefia, a gerência, a diretoria são degraus naturais na carreira de uma executiva. "A aspiração de ocupá-las faz parte do desejo e da necessidade de crescimento peculiar da natureza humana", como diz a psicóloga Fátima de Souza Trindade, orientadora profissional e de carreira da GW Vocação e Relações Humanas, de São Paulo.
Qual é o momento certo
O momento de assumir a chefia de um grupo, que a moderna orientação de carreiras prefere chamar de "liderança", no entanto, é extremamente delicado. A decisão exige muito mais do que o conhecimento técnico localizado, da atividade direta do departamento ou da divisão que será liderada, mas uma ampla visão de todo o negócio da empresa ou instituição e, principalmente, competência para a gerência. "Não é incomum uma empresa promover uma excelente técnica para uma função de gerência e depois descobrir que ela não se adapta à mobilidade exigida pelo cargo", diz Fátima.
"Saber lidar com as pessoas é uma das principais características para se transformar em um bom líder"
Qual poderia ser a causa dessa dissonância? A mais provável é a não adequação do perfil da pessoa escolhida à nova função. A resposta pode parecer óbvia demais, mas a situação não é rara e pode ter conseqüências desastrosas. A escolha equivocada, e a necessidade de repará-la, acaba por matar a auto-estima do escolhido, que percebe a volta ao seu antigo posto como um retrocesso.
Só aceite se estiver pronta
O mais importante é que, diante da sedutora possibilidade de uma promoção, você mesma se avalie: está preparada? Se a resposta for "não", recuse, mesmo que apenas temporariamente, o convite. Essa atitude exige maturidade e muito autoconhecimento, mas não configura nenhuma tragédia. "Quando não temos uma competência, isso não significa que não podemos desenvolvê- la. A consciência de nossa própria fragilidade diante de uma nova demanda ou desafio deve servir como um incentivo para se preparar", completa a psicóloga.
"A consciência da própria fragilidade deve servir como um incentivo para se preparar melhor"
Se as habilidades podem ser desenvolvidas, nem sempre é possível aperfeiçoar as características de personalidade que caem bem em um bom chefe. Uma boa chefia não se mede apenas por metas cumpridas ou lucros obtidos. "Para alguém que não sente genuíno prazer em lidar com as pessoas, uma função de mando talvez não seja a mais indicada. O chefe, inevitavelmente, tem de lidar com as especificidades de cada um na equipe, o que nem sempre é previsível ou controlável", resume a psicóloga.
AS QUALIDADES BÁSICAS DE UM BOM CHEFE
Auto-conhecimento
Capacidade de perceber os outros
Empatia com a equipe
Firmeza
Rapidez de decisão
Saber delegar
Saber compartilhar informações
Saber negociar
Facilidade de comunicação
Controle de si e da equipe
Ouvir mais do que falar
Valorizar a equipe
Motivar o grupo
Ser atento às expectativas da corporação
Manter o foco em qualidade e desenvolvimento
Ter flexibilidade para mudanças
Ser criativo
Ser ético
Necessidades da equipe
Há casos desastrosos em que um chefe é capaz de acabar com a estabilidade do grupo, desmantelá-lo completamente ou impedir que seus membros cresçam. E nem sempre ele é má pessoa, mas não tem a sensibilidade necessária para se dar bem no cargo. Isso estabelecerá o clima de trabalho e, por conseqüência, interferirá sobre a motivação e a produtividade do grupo. "É uma trama nem sempre mensurável, nem sempre perceptível à primeira impressão, mas que o líder deve considerar todo o tempo em sua atividade", defende a psicóloga.
Então, a pergunta: será que tenho esse perfil? Se você sinceramente responder "sim" a si mesma, a cadeira na cabeceira da mesa é o lugar certo. Bastará que você se prepare muito bem, ampliando sua visão do negócio, procurando saber, de forma clara, quais são as expectativas da organização em relação ao seu desempenho, buscando o mais profundo conhecimento sobre as potencialidades e fraquezas de sua equipe, as condições instaladas e por instalar para cumprir sua missão e, a partir daí, alinhar sua estratégia de planejamento e ação que, seguramente, chegará a bom termo, pelo menos no que depender de seu setor. E tenha uma boa liderança.
O preço pode ser alto: solidão
Estar no topo é estar só. Embora os conceitos mais modernos de administração preconizem o trabalho em equipe, no geral o chefe é quem vai dar a última palavra. Por isso, a chefia quer dizer, muitas vezes, solidão. Os liderados freqüentemente não gostam que o líder demonstre fragilidade, dúvida, insegurança diante do caminho a seguir. Mas a chefe também é humana.
Por reconhecer isso, na dura caminhada na direção da perfeição executiva, muitas empresas amparam seus gerentes e diretores com a contratação de conselheiros, mentores recrutados dentro ou fora da empresa que do alto de sua experiência receba os chefes de forma acolhedora e isenta para pensar junto com eles e examine suas alternativas até aponte certos caminhos que eles próprios já pisaram. No posto de CEO de uma empresa, por exemplo, o executivo tem a percepção de viver em um mundo acelerado, no qual tudo acontece muito rapidamente em que a pressão por resultados é altíssima.
A mudança contínua, provocada por novas tecnologias, faz com que eles saibam que ele e seus iguais permanecerão em seus cargos por tempo cada vez mais curto. A orientadora vocacional Fátima Trindade baseia-se na reflexão do sociólogo alemão Zigmund Bauman para caracterizar este clima geral que é um dos principais motivos da síndrome da solidão dos líderes: "Antes o que valia era a a lógica cartesiana, por meio da qual o que valia eram as estruturas, a hierarquia. Hoje domina a chamada lógica dos fluxos, onde tudo é passível de mudanças".
Fonte: Revista Vida Executiva
segunda-feira, junho 20, 2005
MENTE SÃ, CORPO SÃO...
O Iceberg nosso de cada dia...
Saúde e doença
Martinho Carlos Rost
Circunstâncias que nos trazem infelicidade, via de regra, nos conduzem à debilidade e à doença: aos estados patológicos, em seus mais variados níveis e formas de manifestação. Quando estamos infelizes, ficamos doentes. A doença, portanto, seja ela qual for, desnuda e expõe nossa infelicidade. É importante perceber que, para que compreendamos essa relação infelicidade-doença, o conceito de saúde deve ser avaliado a partir de uma perspectiva muito mais ampla, considerando um universo onde as dimensões física, psíquica e espiritual coexistem e se interpenetram.
Se nos compararmos a um iceberg, poderemos dizer, sem chance de errar, que nosso corpo físico (denso-energético ou denso-etérico) é apenas a ponta dessa imensa massa de gelo flutuante. Esse corpo, ao qual temos polarizado nossas atenções, não é mais do que uma extensão ou apêndice de nós mesmos: é, por assim dizer, o que está na superfície de nós mesmos. O que conhecemos como "nós" e "o mundo que nos cerca", é apenas o que está acima da superfície das águas, delimitado pela abrangência de nossos cinco sentidos.
Sabemos, porém, que a maior parte de um iceberg esconde-se sob as águas, abaixo da superfície. Da mesma forma, a parte mais significativa de nós mesmos - o que chamamos "verdadeiro eu" ou "eu interior" - se oculta sob nossas externalidades. Quando nos referimos a nosso psiquismo, em seus aspectos emocional e mental, estamos nos remetendo ao que ultrapassa, ou vai além de nossos limites sensoriais. O que está abaixo das águas é o centro de nossas emoções ou sentimentos, e a sede de nossos pensamentos ou mecanismos racionais.
Finalmente, nossa dimensão espiritual, na analogia, está representada pelas próprias águas nas quais flutua o iceberg: são as águas que sustentam o gelo e lhe dão sentido, razão de ser. Ora, um iceberg só pode ser chamado por esse nome, se houver águas que sustentem sua massa gelada. Nossa existência como homens está condicionada à sustentação que o espírito nos dá. A dimensão espiritual é, por isso, a base de nossa existência física e psíquica. Somos espírito e corpo, necessariamente nessa ordem. É o espírito que comanda. É ele que nos conduz por suas águas, pacientemente aguardando que a elas possamos nos fundir.
O iceberg e as águas têm a mesma substância: ambos são água, embora em estados diferentes. Nosso corpo físico, nossos corpos psíquicos e o espírito são, substancialmente, ou em essência, a mesma coisa; diferem porém em estado, freqüência ou densidade. É bom deixar claro que qualquer descrição que se faça da constituição humana é meramente didática, e não deve jamais ser considerada em termos absolutos. Note-se que somos sempre NÓS fazendo descrições de NÓS MESMOS; e sempre o fazemos de acordo com NOSSO conhecimento acumulado e NOSSAS idiossincrasias. Estamos condicionados a nos considerar como a um centro, ao qual tudo converge e do qual tudo depende.
Mas quem disse que somos assim, tão especiais? Afinal, nada sabemos sobre a concepção de universo sob o ponto de vista de um pássaro; ou que idéia uma montanha faz do cosmos. Não creio que sejamos mais do que os pássaros ou as montanhas. A mesma água que sustenta um iceberg sustenta todos os outros; e liga todos eles uns aos outros, sem que necessite, para isso, de nossa concordância ou permissão. Não estamos, definitivamente, separados do chão em que pisamos, da água que bebemos ou do ar que respiramos. Estamos inseparavelmente ligados uns aos outros, e quaisquer diferenças são mera superficialidade.
O espírito liga a tudo e a todos num processo dinâmico. Suas águas parecem querer nos arrastar a um destino que tememos, por desconhecer. Tentamos desesperadamente flutuar em sentido oposto à corrente da vida, contrariando nossos desígnios espirituais. E é por isso que adoecemos. Saúde é um estado em que permitimos que nossa essência nos envolva, nos tome nos braços e nos leve à compreensão de nós mesmos e de tudo que (pensamos que) nos cerca. Adoecer é tentar impor obstáculos a esse processo; é negar a voz que nos diz como fazer a coisa certa na hora certa, e ignorar os conselhos que nos indicam o verdadeiro caminho. Adoecer é, em última análise, recusar-se a participar do ritmo da vida, e condenar-se a um mundo de mesmices - onde esquecemos nossos sonhos e abandonamos nossos ideais.
CONCLUSÃO
Acho que estou infeliz, pois venho sofrendo com um refluxo que não consigo curar...medo de saborear uma deliciosa refeição e depois regurgitar... parece não haver nada pior!!
terça-feira, junho 14, 2005
PARA QUE SERVE QI (Quociente de Inteligência)?
Depende do QI.
Cresce peso do QI nas contratações
A nova pesquisa do Grupo Catho realizada junto a 17.801 profissionais, em maio de 2005, revela que o "QI" ("Quem Indica") cresceu em importância nos últimos três anos."Fomos surpreendidos com o enorme percentual de pessoas que nos informaram terem conseguido seu último emprego (2004/2005) por meio de indicação", disse a empresa em nota sobre o estudo. No total, 48% dos indivíduos obtiveram emprego por esta via. O amigo ou o conhecido pode estar fora da empresa (17,87%) ou dentro da companhia (30%). O "networking" não serve apenas a presidentes e diretores. Na realidade, este nível de profissional é o que menos utiliza esta prática (apenas 25,33% fez uso desta fonte). Nos cargos operacionais (salários abaixo de R$ 2.000/mês) o efeito da indicação é visível: 55,88% das posições deste nível foram preenchidas por indicação. Para os níveis gerenciais, por sua vez, a indicação também representa uma fonte significativa de recrutamento correspondendo a 43% das contratações.
"Ao compararmos estes dados com os números obtidos na pesquisa realizada em 2002, verificamos que 38,3% dos profissionais foram contratados desta forma vis à vis o percentual de 48% que identificamos este ano", diz a empresa.Após a indicação, a internet é a segunda mais poderosa fonte de recrutamento de profissionais. Foi constatado na pesquisa que a internet contabilizou 11,57% das contratações em 2004/2005 e vem crescendo ano a ano, com a previsão de representar 20% dos recrutamentos até 2010.
O anúncio de jornal está perdendo importância, mas continua influente: 7,17% das contratações foram feitas por anúncios classificados no jornal. Os headhunters representam 7,18% das contratações e as agências de emprego, 8,9%.
Fonte: Uol/Canal Executivo
segunda-feira, junho 13, 2005
INDEPENDÊNCIA E SOLTEIRICE TÊM SUAS VANTAGENS...
Renda de mulheres que vivem sozinhas é 62% maior que a de casadas
As mulheres que vivem sozinhas não têm do que reclamar se o assunto for finanças. Pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro aponta que a renda das mulheres sozinhas --viúvas, solteiras e descasadas-- no Brasil é 62% maior que a das casadas.
De acordo com a pesquisa, as maiores diferenças são encontradas em rendas vindas de aposentadorias e pensões públicas e nas transferências privadas que incluem pensões alimentícias.
A maior participação feminina no mercado de trabalho, o direito previdenciário, e o direito da família também aparecem como causas da diferenças de renda.
Viúvas e as chamadas "solteironas", que nunca viveram com ninguém, têm maiores rendas de pensões e aposentadorias, por direitos adquiridos de maridos ou de pais. Já as descasadas e solteiras são as quem obtêm as maiores rendas por meio do trabalho.
A pesquisa comparou, principalmente, dados dos censos demográficos de 1970 e 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Fonte: Folha Online
As mulheres que vivem sozinhas não têm do que reclamar se o assunto for finanças. Pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro aponta que a renda das mulheres sozinhas --viúvas, solteiras e descasadas-- no Brasil é 62% maior que a das casadas.
De acordo com a pesquisa, as maiores diferenças são encontradas em rendas vindas de aposentadorias e pensões públicas e nas transferências privadas que incluem pensões alimentícias.
A maior participação feminina no mercado de trabalho, o direito previdenciário, e o direito da família também aparecem como causas da diferenças de renda.
Viúvas e as chamadas "solteironas", que nunca viveram com ninguém, têm maiores rendas de pensões e aposentadorias, por direitos adquiridos de maridos ou de pais. Já as descasadas e solteiras são as quem obtêm as maiores rendas por meio do trabalho.
A pesquisa comparou, principalmente, dados dos censos demográficos de 1970 e 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Fonte: Folha Online
domingo, junho 12, 2005
NINGUÉM É BONZINHO.
Flávio Gikovate - Psiquiatra afirma que as pessoas se dividem em egoístas e generosas por fraqueza, e não por vontade própria. Nenhuma delas merece aplauso
Camilo Vannuchi
Uma trama diabólica. É assim que Flávio Gikovate, 63 anos, define a divisão do Mundo entre egoístas e generosos no livro O mal, o bem e mais além (MG Editores, 160 págs.,R$ 29,70), com lançamento previsto para a terça-feira 14 em São Paulo. Sua experiência em consultório o fez perceber que quase todos os casais – e também as relações sociais e entre amigos – fundamentam sua relação nas trocas estabelecidas entre uma personalidade mais exigente, barulhenta e emocionalmente sensível e outra mais madura, compreensiva ao extremo. Divisão um tanto maniqueísta? Gikovate diz que não. “A culpa não é minha se existem apenas dois tipos de pessoas”, afirma. A novidade presente no livro é que, segundo ele, os generosos não formam o time do bem, como julga o senso comum, nem os egoístas são os vilões. Sua hipótese é de que as diferentes reações a sentimentos humanos, como vaidade, inveja, culpa e humilhação, acabam por determinar o perfil de cada indivíduo. A miséria dos egoístas está no fato de que eles dependem dos generosos, assim como os generosos precisam dos egoístas.
ISTOÉ – O que o levou a escrever sobre a velha dicotomia entre o bem e o mal?
Flávio Gikovate – O tema da moral está presente há algum tempo em meu trabalho, mas antes tratava o egoísmo como algo pior do que a generosidade. Em 1976, escrevi que havia dois tipos de amor, por diferença e por semelhança. A grande maioria dos casais se estabelecem entre pessoas antagônicas. Hoje, a moda é falar em alma gêmea, mas, na prática, as pessoas continuam se encantando por oposição e dizendo que os opostos se atraem. A atração por opostos tem muitas causas, desde a dificuldade de auto-estima (não gostar do seu jeito de ser e se encantar com o outro) até o medo da paixão, muito intensa, estabelecida entre semelhantes. A paixão, diferentemente da maioria das relações, se dá entre pessoas parecidas.
ISTOÉ – Por quê?
Gikovate – Paixão é amor em grande intensidade mais medo em grande intensidade. O coração não bate por amor, mas por medo. E muita gente acha que, quando a paixão vai passando, é como se o amor diminuísse também. Apenas o medo diminui. Mas muitas paixões terminam quando os amantes não suportam o que chamo de medo da felicidade. Ele está na raiz do pensamento supersticioso. O olho gordo tem cinco mil anos. O medo da felicidade surge quando estamos no meio de muita coisa boa e temos a impressão de que um raio vai cair na nossa cabeça. Muitos preferem se unir a uma pessoa diferente de si para garantir um pouco de irritação. Ligar-se a uma pessoa antagônica encanta e irrita ao mesmo tempo. Na paixão, as afinidades são enormes, os dois se encaixam maravilhosamente bem e o pânico se instala. As separações ocorrem por isso, e não por causa dos obstáculos.
ISTOÉ – Por isso a maioria dos casais é formada por um egoísta e um generoso?
Gikovate – Entre dois egoístas, a relação é impossível. Acontecem muitas brigas. Não dá problema psiquiátrico, mas ortopédico (risos). Quando o egoísta é casado com um generoso, pelo menos este coloca panos quentes. Quase sempre, apaixão ocorre entre dois generosos que acabam deixando de ser generosos.Seriam casais perfeitos se o generoso, tão atrapalhado psicologicamente quantoo egoísta, aprendesse a receber.
ISTOÉ – Como são, afinal, os generosos e os egoístas?
Gikovate – O egoísta é estourado, ciumento, gosta de fazer autopromoção, é extrovertido porque não consegue ficar sozinho e intolerante à frustração. Faz o diabo para não se frustrar, inclusive passar por cima dos direitos dos outros. A partir dos seis anos, a criança é capaz de abstrair e se colocar no lugar do outro. Se uma criança vê um menino em uma cadeira de rodas e se imagina em seu lugar, sofrerá com isso. E uma criança que não suporta essa dor interromperá esse processo. Fica com uma visão unilateral do mundo e perpetua um padrão egocêntrico. São pessoas invejosas, embora se mostrem sempre muito bem. Isso confunde até hoje os psicanalistas, que fundaram o conceito de narcisismo.
ISTOÉ – O narcisismo não existe?
Gikovate – É um conceito usado para descrever pessoas que têm a posturado “eu sou bacana”, como se elas tivessem realmente esse juízo de si,o que não é verdade. Elas sabem que são um blefe. Fingem superioridadepor se saberem invejosas e ciumentas. Elas precisam receber mais do que recebem. Matematicamente, são pessoas falidas. Podem botar a banca quefor, mas são fracas.
ISTOÉ – E quem são os generosos e por que não devem ser encarados como representantes do bem?
Gikovate – O generoso é o inverso do egoísta. Não reage nem quando deveria, não suporta provocar dor na outra pessoa, aceita dócil um monte de contrariedade. Fala um monte de sim quando deveria falar não. Quando você tem oito anos e é um menino bonzinho e seu irmão começa a chorar porque quer uma bola que é sua, você não agüenta o remorso que imagina que vai sentir e dá a bola para ele. Mas não era isso que você queria fazer. Aí a mãe vem e diz que você é legal. O elogio estimula a vaidade, que se acopla à generosidade. É mais uma vez um truque para se sentir superior à custa de uma fraqueza. O generoso também inveja o egoísta, que é capaz de dizer não e goza os prazeres da vida, enquanto o generoso é todo cheio de pudores e constrangimentos. Acabam ficando duas porcarias.
ISTOÉ – A culpa é da sociedade que valoriza a concessão como virtude?
Gikovate – Para ter um filho bonzinho, tem que ter um filho pestinha. A mãe poderia chegar para o filho que quer a bola e dizer “não enche o saco, a bola é do seu irmão”. Mas ao reforçar a generosidade de um dos filhos, ela reforça também o egoísmo do outro. Não existe generosidade sem egoísmo. De vez em quando eu assisto a esses programas evangélicos na televisão e penso no que seria deles sem o Satanás. Não haveria programa. Essa dualidade é patética, ridícula. Para poder ser o bonzinho, o bacana, ir para o céu e ser uma teta na qual todos mamam, precisa haver os parasitas que vão lá mamar. Há uma aliança no domínio das elites entre o generoso e o egoísta. Comparo com o sacerdote e o guerreiro. O sacerdote seria o bonzinho e o guerreiro, o mau. Os dois sempre se freqüentaram e compartilharam poder.
Fonte: Revista Isto É
Camilo Vannuchi
Uma trama diabólica. É assim que Flávio Gikovate, 63 anos, define a divisão do Mundo entre egoístas e generosos no livro O mal, o bem e mais além (MG Editores, 160 págs.,R$ 29,70), com lançamento previsto para a terça-feira 14 em São Paulo. Sua experiência em consultório o fez perceber que quase todos os casais – e também as relações sociais e entre amigos – fundamentam sua relação nas trocas estabelecidas entre uma personalidade mais exigente, barulhenta e emocionalmente sensível e outra mais madura, compreensiva ao extremo. Divisão um tanto maniqueísta? Gikovate diz que não. “A culpa não é minha se existem apenas dois tipos de pessoas”, afirma. A novidade presente no livro é que, segundo ele, os generosos não formam o time do bem, como julga o senso comum, nem os egoístas são os vilões. Sua hipótese é de que as diferentes reações a sentimentos humanos, como vaidade, inveja, culpa e humilhação, acabam por determinar o perfil de cada indivíduo. A miséria dos egoístas está no fato de que eles dependem dos generosos, assim como os generosos precisam dos egoístas.
ISTOÉ – O que o levou a escrever sobre a velha dicotomia entre o bem e o mal?
Flávio Gikovate – O tema da moral está presente há algum tempo em meu trabalho, mas antes tratava o egoísmo como algo pior do que a generosidade. Em 1976, escrevi que havia dois tipos de amor, por diferença e por semelhança. A grande maioria dos casais se estabelecem entre pessoas antagônicas. Hoje, a moda é falar em alma gêmea, mas, na prática, as pessoas continuam se encantando por oposição e dizendo que os opostos se atraem. A atração por opostos tem muitas causas, desde a dificuldade de auto-estima (não gostar do seu jeito de ser e se encantar com o outro) até o medo da paixão, muito intensa, estabelecida entre semelhantes. A paixão, diferentemente da maioria das relações, se dá entre pessoas parecidas.
ISTOÉ – Por quê?
Gikovate – Paixão é amor em grande intensidade mais medo em grande intensidade. O coração não bate por amor, mas por medo. E muita gente acha que, quando a paixão vai passando, é como se o amor diminuísse também. Apenas o medo diminui. Mas muitas paixões terminam quando os amantes não suportam o que chamo de medo da felicidade. Ele está na raiz do pensamento supersticioso. O olho gordo tem cinco mil anos. O medo da felicidade surge quando estamos no meio de muita coisa boa e temos a impressão de que um raio vai cair na nossa cabeça. Muitos preferem se unir a uma pessoa diferente de si para garantir um pouco de irritação. Ligar-se a uma pessoa antagônica encanta e irrita ao mesmo tempo. Na paixão, as afinidades são enormes, os dois se encaixam maravilhosamente bem e o pânico se instala. As separações ocorrem por isso, e não por causa dos obstáculos.
ISTOÉ – Por isso a maioria dos casais é formada por um egoísta e um generoso?
Gikovate – Entre dois egoístas, a relação é impossível. Acontecem muitas brigas. Não dá problema psiquiátrico, mas ortopédico (risos). Quando o egoísta é casado com um generoso, pelo menos este coloca panos quentes. Quase sempre, apaixão ocorre entre dois generosos que acabam deixando de ser generosos.Seriam casais perfeitos se o generoso, tão atrapalhado psicologicamente quantoo egoísta, aprendesse a receber.
ISTOÉ – Como são, afinal, os generosos e os egoístas?
Gikovate – O egoísta é estourado, ciumento, gosta de fazer autopromoção, é extrovertido porque não consegue ficar sozinho e intolerante à frustração. Faz o diabo para não se frustrar, inclusive passar por cima dos direitos dos outros. A partir dos seis anos, a criança é capaz de abstrair e se colocar no lugar do outro. Se uma criança vê um menino em uma cadeira de rodas e se imagina em seu lugar, sofrerá com isso. E uma criança que não suporta essa dor interromperá esse processo. Fica com uma visão unilateral do mundo e perpetua um padrão egocêntrico. São pessoas invejosas, embora se mostrem sempre muito bem. Isso confunde até hoje os psicanalistas, que fundaram o conceito de narcisismo.
ISTOÉ – O narcisismo não existe?
Gikovate – É um conceito usado para descrever pessoas que têm a posturado “eu sou bacana”, como se elas tivessem realmente esse juízo de si,o que não é verdade. Elas sabem que são um blefe. Fingem superioridadepor se saberem invejosas e ciumentas. Elas precisam receber mais do que recebem. Matematicamente, são pessoas falidas. Podem botar a banca quefor, mas são fracas.
ISTOÉ – E quem são os generosos e por que não devem ser encarados como representantes do bem?
Gikovate – O generoso é o inverso do egoísta. Não reage nem quando deveria, não suporta provocar dor na outra pessoa, aceita dócil um monte de contrariedade. Fala um monte de sim quando deveria falar não. Quando você tem oito anos e é um menino bonzinho e seu irmão começa a chorar porque quer uma bola que é sua, você não agüenta o remorso que imagina que vai sentir e dá a bola para ele. Mas não era isso que você queria fazer. Aí a mãe vem e diz que você é legal. O elogio estimula a vaidade, que se acopla à generosidade. É mais uma vez um truque para se sentir superior à custa de uma fraqueza. O generoso também inveja o egoísta, que é capaz de dizer não e goza os prazeres da vida, enquanto o generoso é todo cheio de pudores e constrangimentos. Acabam ficando duas porcarias.
ISTOÉ – A culpa é da sociedade que valoriza a concessão como virtude?
Gikovate – Para ter um filho bonzinho, tem que ter um filho pestinha. A mãe poderia chegar para o filho que quer a bola e dizer “não enche o saco, a bola é do seu irmão”. Mas ao reforçar a generosidade de um dos filhos, ela reforça também o egoísmo do outro. Não existe generosidade sem egoísmo. De vez em quando eu assisto a esses programas evangélicos na televisão e penso no que seria deles sem o Satanás. Não haveria programa. Essa dualidade é patética, ridícula. Para poder ser o bonzinho, o bacana, ir para o céu e ser uma teta na qual todos mamam, precisa haver os parasitas que vão lá mamar. Há uma aliança no domínio das elites entre o generoso e o egoísta. Comparo com o sacerdote e o guerreiro. O sacerdote seria o bonzinho e o guerreiro, o mau. Os dois sempre se freqüentaram e compartilharam poder.
Fonte: Revista Isto É
terça-feira, junho 07, 2005
O INVERNO CHEGANDO...
Vento no Litoral
Legião Urbana
De tarde eu quero descansar,chegar até a praia
Ver se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?
Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo
Quando vejo o mar
Existe algo que diz:- A vida continua e se entregar é uma bobagem
Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?-
Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora
sexta-feira, junho 03, 2005
ORIENTAÇÃO SEXUAL - Descoberta tira a preferência sexual do âmbito da moralidade e a coloca no âmbito da ciência.
MOSCAS HOMOSSEXUAIS
"Gene mestre" determina a preferência sexual
Estudo serve para tirar a sexualidade do campo moral, diz cientista
Elisabeth Rosenthal
Em Paris
Quando uma mosca de frutas (Drosophila) geneticamente modificada foi liberada em uma câmara de observação, fez o que fazem reprodutores por excelência: perseguiu uma fêmea virgem. Tocou gentilmente na moça com a perna, fez uma música para ela (usando as asas como instrumento) e, apenas então, ousou lamber sua genitália --tudo parte do padrão de sedução das moscas.
Descrentes, os cientistas observavam. Neste caso, o sedutor não era um macho, mas uma fêmea que os pesquisadores tinham dotado artificialmente com um único gene masculino.
O gene aparentemente é suficiente para criar padrões de comportamento sexual --um tipo de gene sexual mestre, que normalmente existe em duas variantes distintas, masculina e feminina, segundo explicam os pesquisadores na revista "Cell" desta sexta-feira (3/6).
Em uma série de experimentos, os pesquisadores descobriram que as fêmeas que recebiam a variante masculina do gene agiam exatamente como os machos, buscando outras fêmeas de forma ensandecida. Os machos que recebiam artificialmente a versão feminina do gene tornavam-se mais passivos e voltavam sua atenção sexual para outros machos."Mostramos que um único gene na mosca das frutas é suficiente para determinar todos os aspectos da orientação sexual e comportamento.
É surpreendente", disse o principal autor do estudo, Barry Dickson, pesquisador do Instituto de Biologia Molecular da Academia Austríaca de Ciências de Viena. "O que isso nos diz é que comportamentos instintivos podem ser especificados por programas genéticos, como o desenvolvimento morfológico de um órgão ou nariz."Os resultados certamente influenciarão os debates sobre o que determina quem nós somos, como agimos e, especialmente nossa orientação sexual, se são os genes ou o ambiente.
Os especialistas ficaram impressionados e chocados com as descobertas. "Os resultados são tão claros e convincentes que fizeram avançar tremendamente todo o campo de raízes genéticas do comportamento. Esperamos que isso tire a discussão sobre preferência sexual do âmbito da moralidade e a coloque no âmbito da ciência", disse o Dr. Michael Weiss, diretor do departamento de bioquímica da Universidade Case Western Reserve. Ele acrescentou: "Nunca escolhi ser heterossexual; aconteceu. Mas humanos são complicados. Com as moscas podemos ver, de uma forma simples e elegante, como um gene pode influenciar e determinar o comportamento."A descoberta confirma evidências científicas que vêm se acumulando na última década sobre a programação da orientação sexual nos cérebros de homens e mulheres desde o nascimento.
Igualmente intrigante, dizem os pesquisadores, é a possibilidade de vários comportamentos --da fuga diante do medo, do riso diante da diversão, da agressão diante da ameaça-- serem programados no cérebro humano, produtos da herança genética."Esta é a primeira e maravilhosa demonstração de que um único gene pode servir para ativar comportamentos complexos", disse o Dr. Gero Miesenboeck, professor de biologia celular de Yale. Disckson, disse que correu para o laboratório quando um assistente lhe telefonou em uma noite de domingo contando os resultados. "Isso realmente faz você pensar sobre qual proporção de nosso comportamento, talvez especialmente o comportamento sexual, tem um forte componente genético", disse ele.
Todos os pesquisadores advertiram que qualquer comportamento estabelecido geneticamente provavelmente poderia ser modificado pela experiência. Apesar de os machos das moscas serem programados para procurar as fêmeas, os que são rejeitados freqüentemente se tornam menos agressivos em seus comportamentos sexuais, disse Dickson. Quando uma mosca macho é apresentada a uma fêmea virgem, quase imediatamente começa a corte e copula por 20 minutos.
De fato, Dickson e seu co-autor, Ebru Demir do Instituto de Biotecnologia Molecular, escolheram procurar especificamente a base genética do comportamento sexual das moscas precisamente porque parecia ser tão forte e instintivo, portando, previsível. Os pesquisadores sabiam há muitos anos que o gene sexual mestre, conhecido como fru, era central no acasalamento, coordenando uma rede de neurônios envolvidos no ritual de corte da mosca. No ano passado, Bruce Baker da Universidade de Stanford descobriu que o circuito de acasalamento controlado pelo gene envolvia 60 células nervosas e que, se qualquer uma dessas fosse danificada ou destruída pelos pesquisadores, o animal não conseguia cruzar de forma adequada.Tanto machos quanto fêmeas têm o mesmo material genético e o circuito neural necessário para o ritual de acasalamento, mas diferentes partes dos genes são ativas nos dois sexos. Ninguém, entretanto, sonhava que o simples fato de ativar a porção dormente masculina do gene em uma mosca fêmea poderia levá-la a apresentar todo o comportamento elaborado da corte do macho.
Fonte: Herald Tribune
quinta-feira, junho 02, 2005
VOCÊ SE CONSIDERA SORTUDO?
A sorte em suas mãos
Nem destino, nem acaso. A sorte, segundo a psicologia moderna, é uma conquista racional que se obtém com esforço, disciplina e otimismo
TEXTO: EMILSE BENTSON
FOTOS: JOÃO DELBUCIO
As irmãs Márcia, de 35 anos, e Denise, de 32, foram criadas sob o mesmo teto e receberam dos pais as mesmas oportunidades, carinho e atenção. Mesmo assim, tiveram na vida o que se costuma chamar de sortes opostas. A mais velha, considerada por todos a mais sortuda, desde pequena se destacou pelo seu bom desempenho na escola, na relação com os amigos e a família. Hoje é uma arquiteta de sucesso, casada e feliz com dois filhos de dez e cinco anos - seus maiores orgulhos. Denise seguiu uma trajetória menos empolgante. Nunca se interessou pelos estudos, por isso não construiu uma carreira profissional, o que agora a obriga a aceitar qualquer trabalho para se sustentar. Como também não é de fazer amizades, dificilmente arranja namorado e vive muito sozinha, lamentando-se da sua falta de sorte. Ainda por cima sente ciúme da irmã, achando que a outra está melhor do que ela por ter recebido mais privilégios dos pais.
A história acima chama a atenção para uma questão polêmica: por que algumas pessoas são bem-aventuradas e outras não? Preste atenção à sua volta. Você já reparou no seu trabalho, entre seus amigos ou mesmo na sua família como alguém sempre se sobressai aos demais? É aquele indivíduo cuja vida parece mais leve, doce e fácil, pois para ele tudo tende a dar certo. Por outro lado, existem pessoas que passam a impressão de terem sido marcadas pelo chamado azar. Vão mal nos negócios, nos relacionamentos, vivem se queixando de doenças e insatisfações. O mundo está cheio de gente assim, mas a pergunta recorrente é até onde o que acontece a todas elas está relacionado com o fator sorte. Ela existe mesmo ou não passa de uma crença, alimentada ao longo dos tempos na tentativa de explicar situações que não conseguimos compreender? Outra dúvida: se pode ser conquistada, o que devemos fazer para nos tornamos merecedores?
A fim de responder a esses questionamentos, pesquisadores e curiosos de toda parte do mundo vivem estudando o assunto. Alguns desses trabalhos, transformados em livros, demonstram que sorte não é mera casualidade, como se imagina, muito menos uma dádiva do universo para poucos privilegiados. A promessa dos estudiosos é a de que qualquer pessoa pode tê-la, basta criar condições e ir atrás. "Os sortudos fazem a boa sorte por meio de comportamento e atitudes mentais", resume o psicólogo inglês Richard Wiseman, um dos mais respeitados profissionais do Reino Unido e especialista no tema.
"destino não é uma questão de sorte, mas de escolha; não é uma coisa que se espera, mas que se busca" WILLIAM JENNINGS BRYAN, POLÍTICO NORTE-AMERICANO
Durante anos, Wiseman analisou as diferenças de comportamento de pessoas "muito sortudas" e "muito azaradas". Descobriu que as primeiras eram otimistas, demonstravam iniciativa, atitude proativa e atenção às oportunidades. Já as ditas azaradas mostravam-se pessimistas ou conformadas, costumavam adotar atitudes defensivas diante dos problemas e não raro deixavam passar oportunidades visíveis. O pesquisador percebeu também que quando estas últimas assumiam posturas mais positivas, sua sorte melhorava.
As conclusões do estudo deram origem ao livro O Fator Sorte (ed. Record), no qual o psicólogo aponta que os vencedores seguem quatro princípios básicos: maximizam e otimizam as oportunidades; são criativos e abertos a novas experiências; confiam na própria intuição e procuram fortalecê-la; sabem extrair algo positivo dos maus momentos. Thereza Cheung, autora do livro Toda a Sorte do Mundo (ed. Fundamento) compartilha da opinião de Wiseman. Para ela, as pessoas afortunadas são como todas as outras, trabalham duro e desejam coisas boas. Mas se tornam especiais pelo que fazem para atraí-las.
"Elas se acreditam merecedoras, não permitem que pontos de vista equivocados mudem a visão que têm de si mesmas e transformam o acaso em oportunidade", sublinha Thereza. Dito de outra maneira, sorte seria o encontro da oportunidade com a preparação, como observa Paul Hanna, autor de Você Pode! Descubra o caminho para mudar e vencer (ed. Fundamento): "Quando você concentra todas as suas energias e pensamentos em um objetivo, as oportunidades começam a aparecer". Acompanhe a seguir os passos mais importantes, na visão dos estudiosos, para mudar a sua sorte - para melhor! - e ser mais feliz no amor, no trabalho, nas finanças e nos relacionamentos.
Metas e estratégias claras
Muitas vezes desejamos algo, mas não sabemos exatamente o quê, aí nada acontece e passamos a nos considerar sem sorte. No entanto, a falha pode estar na falta de objetividade. "Isso dificulta demais as realizações", afirma o psicólogo José Roberto Leite, coordenador da Unidade de Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele acredita que para se obter sucesso é preciso estabelecer metas e montar as estratégias adequadas.
Ou seja, descobrir o objetivo - ser promovido no trabalho, encontrar o par ideal - e buscar os meios de concretizá-lo. "Às vezes a pessoa até possui um norte, mas usa estratégias inadequadas", comenta. Por exemplo, um jovem quer arranjar uma namorada e se chateia porque os amigos conseguem e ele não. Mas quantas vezes ele tenta se aproximar de garotas interessantes? "A vida é como um jogo: quanto mais você investe, maior sua chance de acertar", compara Leite.
Senso de oportunidade
A maneira como lidamos com situações do dia-a-dia também podem determinar nossa sorte, para o bem ou para o mal. "Pessoas com sorte conseguem perceber quando as boas chances cruzam seu caminho porque estão atentas e olham o mundo de maneira mais tranqüila.
As sem sorte tendem a ser mais ansiosas. Estão ocupadas demais olhando fotografias no jornal que nem sequer notam num anúncio a possibilidade de ganhar um prêmio instantâneo", afirma Richard Wiseman, em O Fator Sorte. Segundo o psicólogo, um instrumento poderoso para identificar esses sinais é a intuição. Assim, vale a pena ouvir a voz interior antes de fazer qualquer julgamento ou tomar uma decisão.
Poder de realização
Gary Player, um dos maiores jogadores da história do golfe, tem uma frase célebre que resume o seguinte: "Quanto mais você trabalha, mais sortudo se torna". Portanto, além de definir metas, criar estratégias, perceber as oportunidades, devemos nos empenhar e nos dedicar com afinco para concretizar nossos sonhos. O coordenador da Unifesp, José Roberto Leite, diz que a psicologia atual se preocupa muito em trabalhar com as pessoas para que elas possam aumentar suas chances de realizações. E uma forma, segundo essa nova linha de pensamento, é valorizando todos os aspectos da vida: físico, mental, afetivo, profissional. "A pessoa é estimulada a pensar em sua vida como se fosse uma empresa com diferentes departamentos. A observar como se situa em cada setor e o que falta fazer para alcançar os resultados desejados. "
Visão objetiva e otimista
José Roberto Leite recorda uma frase do filósofo grego Epíteto - um dos pais da terapia cognitiva - que diz: "Não são as coisas que trazem desconforto para nossa vida, mas a forma como as enxergamos".
O psicólogo da Unifesp acha importante prestar atenção nisso porque nem sempre vemos as situações como elas realmente são, mas de acordo com nosso estado de espírito. "Uma pessoa deprimida pode achar que não faz nada de valor porque, naquele momento, está vendo a realidade de forma distorcida, sem otimismo", explica. Não que sejam azaradas, estão apenas se sentindo como tal. "Para encontrar a sorte e chegar aonde se quer às vezes é necessário mudar de ponto de vista", afirma a escritora Thereza Chueng, em Toda a Sorte do Mundo. Se algo não vai bem, em vez de nos lamuriarmos, devemos nos perguntar o que podemos fazer para melhorar.
Confiança, controle e determinação
Se acreditamos merecer mais do que a vida nos oferece, devemos investir nisso: confiar em nossa potencialidade, aprimorá-la com mais conhecimento, abrir espaço em nossa vida para as novas oportunidades e trabalhar com persistência até alcançar nossos propósitos. Isso porque a sensação de felicidade das pessoas está de certa forma associada ao sentimento de controle da própria vida. "Quem sabe administrar seus sentimentos consegue distinguir o real do imaginário ou equivocado e usa essas habilidades a seu favor, tem uma vida muito mais consciente e plena", conclui o psicólogo da Unifesp.
Fonte: Revista Estilo Natural
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