segunda-feira, setembro 05, 2005

MULTIDÃO IRRACIONAL


EUA embaixo da lama Posted by Picasa


Na semana passada, quase 1 000 iraquianos morreram pisoteados numa ponte em Bagdá ou afogados no Rio Tigre depois que o pânico tomou conta de uma multidão de peregrinos muçulmanos.
As tragédias de Bagdá e Nova Orleans têm em comum o grande número de vítimas e o sofrimento que causam. Em termos de comportamento humano, são opostas.
Na cidade americana, a destruição foi, em boa medida, resultado da racionalidade excessiva. Na obsessão de domar a natureza, os americanos recorreram à engenharia para construir em terreno alagadiço – obras que se mostraram incapazes de conter a força das águas. Em Bagdá, a causa foi o comportamento irracional das multidões. Estimados em mais de 1 milhão, os peregrinos que se dirigiam a um santuário xiita entraram em pânico quando o rumor de um homem-bomba se espalhou pela multidão.
O fato de os iraquianos enfrentarem atentados terroristas diários aumentou o nível de tensão e precipitou o pânico.

Atingida por um furacão e inundada,Nova Orleans é evacuada em meioa caos e desespero
...O que se viu nos dias seguintes mais parecia o cenário de uma catástrofe em um país subdesenvolvido do que na nação mais requisitada para ajudar em situações de emergência em outras partes do mundo. Saqueadores começaram a pilhar lojas em busca não apenas de itens essenciais de sobrevivência – água, alimentos e roupas – mas também bebidas alcoólicas, tênis de marca, eletrodomésticos e até armas. Alguns dos policiais designados para impor ordem no que restou da cidade acabaram entrando no jogo e foram vistos saindo das lojas carregando televisores. Enquanto isso, nas partes alagadas, a procura por sobreviventes durou dias. Nas buscas, as equipes de resgate ignoravam os corpos que boiavam em volta e dentro das casas. Enquanto houvesse pessoas vivas, era preciso deixar a identificação dos mortos para depois. Os resgatados foram levados de helicóptero ou de bote para o Superdome. O estádio esportivo virou uma terra de ninguém, cercada por 2 metros de água e lotada com 25.000 desabrigados, todos sobrevivendo em condições degradantes – à espera de um socorro que o governo só conseguiu coordenar dias depois.

Fonte: Revista Veja

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